Laboratório Vivo

Competência 2 | Competência 3
Área(s): Ciências da Natureza.

Os objetivos desta prática foram compreender a importância do replantio e do processo de arborização para diminuir os efeitos do superaquecimento global, promover o plantio de sementes, a produção de mudas e a produção da horta escolar, além de propiciar a doação de mudas à comunidade.

Quando: Sem período específico.
Materiais:
  • textos;
  • livros didáticos de biologia, geografia e química;
  • vídeos/documentários;
  • lixa e martelo (para escarificação das sementes);
  • solução de ácido sulfúrico (para a quebra de dormência);
  • saliva (para a quebra de dormência);
  • copos descartáveis;
  • adubo orgânico (esterco de gado);
  • saquinhos para mudas;
  • terra de barranco;
  • areia;
  • sementes;
  • material de horta (enxada, rastelo, enxadão, regador, pá).
Competências específicas:
CNT – Competência 2; Competência 3
Habilidades trabalhadas: EM13CNT202; EM13CNT203; EM13CNT206; EM13CNT301.
Escola: Colégio Estadual Oséas Borges Guimarães, Goiatuba (GO).
Professor(a) responsável: Paula Rosa de Sousa Prado.

O que é:

Minha escola se tornou Centro de Ensino em Período Integral em 2018. Dentre as diversas disciplinas, temos as eletivas, que consistem em projetos semestrais para aperfeiçoar o aprendizado em alguma disciplina do núcleo comum. Ao ser contemplada com uma disciplina eletiva, elaborei o projeto “Laboratório Vivo”, que envolveu conteúdos de Biologia, Química e Geografia, todos eles voltados para a educação ambiental, assunto que tem relação com vários problemas vividos pela população de Goiatuba. A abordagem do tema foi diferenciada, mesclando teoria e prática dentro de duas áreas da Biologia: a Ecologia e a Biotecnologia.

Nos últimos anos, vêm aumentando as áreas da cidade degradadas pelo desmatamento resultante do aumento das áreas destinadas à agricultura e à pecuária.

Penso que ações de educação ambiental nas escolas são fundamentais para sensibilizar os jovens sobre a importância da conservação dos recursos naturais, contribuindo para a sustentabilidade.

Acho importante que as pessoas conheçam o bioma onde vivem, saibam as características do solo e do clima, e como isso influencia a fauna e a flora.

Também acredito que todos devem saber como cuidar da vegetação, já que as plantas têm grande importância para a sobrevivência dos seres vivos, produzindo, juntamente com as algas, o oxigênio utilizado no processo de respiração dos seres aeróbios, sintetizando a energia que é a base da cadeia alimentar e retirando da atmosfera o dióxido de carbono.

Como fazer:

O projeto foi realizado com 24 alunos da 1ª, 2ª e 3ªséries do Ensino Médio. A maior dificuldade encontrada foi preparar conteúdos que promovessem um aprendizado igualitário para todos os alunos.

No início das aulas, realizamos um diagnóstico do tema que seria trabalhado durante as aulas. Fizemos isso numa roda de conversa, na qual todos os alunos falaram o que sabiam sobre o assunto e sobre o que esperavam aprender.

Os pontos citados pelos alunos foram anotados no quadro e discutidos com toda a turma. O primeiro diagnóstico foi feito em duas aulas, de 50 minutos cada uma.

A partir desse diagnóstico foi possível planejar a metodologia para as aulas seguintes. Sabendo que a educação ambiental já é um tema muito trabalhado nas escolas, procurei abordá-la de forma diferenciada, mesclando teoria, pesquisa científica e atividades práticas.

Sabendo que a educação ambiental já é um tema muito trabalhado nas escolas, procurei abordá-la de forma diferenciada, mesclando teoria, pesquisa científica e atividades práticas.

A definição dos conteúdos se deu a partir dos objetivos propostos. Em Biologia, os escolhidos foram: "Estudo das Algas e Plantas", Desequilíbrios Ambientais" e "Biotecnologia". Em Geografia, por sua vez, selecionamos "Biomas Brasileiros: cerrado", "Problemas Ambientais no Cerrado" e "Estudo dos Solos". Para Química reservamos "Fenômenos Físicos e Químicos" e "Ácidos e Bases".

Definidos os conteúdos, comecei a pesquisar formas de alcançar os objetivos propostos. Para isso, organizei um cronograma de atividades.

O trabalho foi dividido em nove etapas: aulas teóricas, escolha das espécies de plantas a serem cultivadas, pesquisa no laboratório de informática, experimentos para promover quebra de dormência das sementes, plantio das sementes, preparo do solo para o plantio da horta, plantio da horta, adubação e irrigação dos cultivares.

Durante o projeto foram abordados diversos temas, entre eles, biomas brasileiros (em especial o cerrado), problemas ambientais decorrentes do desmatamento, importância das plantas para os seres vivos, processo de quebra de dormência de sementes, germinação e produção de mudas, e importância do solo, da adubação e da irrigação. As aulas teóricas foram complementadas com pesquisas científicas e atividades práticas.

À medida que uma etapa era concluída, outra se iniciava. Como minha disciplina tinha apenas duas aulas por semana, alguns alunos aceitaram ir à escola aos sábados para irrigar os cultivos e continuar o planejamento.

Conseguimos, por exemplo, quebrar a dormência da espécie Ormosia arborea, e produzir mudas a partir das sementes, algo difícil até para pesquisadores.

Para garantir a participação dos alunos, dividi a turma em grupos. Cada um ficou responsável por uma pesquisa, por um cultivo e pela adubação ou irrigação. Semanalmente, fazíamos a rotação dos grupos, para que todos trabalhassem em todas as áreas do projeto. Dessa forma, obtive quase 100% de participação dos alunos e grande integração entre eles.

Numa semana, um grupo esqueceu de irrigar o cultivo de acerola e as mudas morreram. Na semana seguinte, o outro grupo que seria responsável por aquele cultivo teve de replantar as sementes, atrasando o trabalho. Aproveitei essa falha para trabalhar o conceito de responsabilidade e divisão de tarefas.

Alguns alunos demonstraram um conhecimento maior sobre determinada área. Nesses casos, eram selecionados como líderes dos grupos, com a missão de transmitir informações aos colegas, como numa monitoria.

Os líderes não eram fixos nos grupos, mudavam de acordo com o que fosse trabalhado em aula.

Conseguimos uma parceria com o Programa Nacional de Aceso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que ofereceu aos alunos o curso "Horticultor Orgânico".

Finalizamos o trabalho com uma visita à Feira AgroTecnoleite Complem, na cidade de Morrinhos. Na oportunidade, os alunos conheceram técnicas de cultivo e adubação.

Os momentos mais significativos do trabalho foram a germinação das sementes e, posteriormente, a utilização das hortaliças produzidas.

Outro marco foi quando alguns alunos relataram, durante as rodas de conversa, que as atividades desenvolvidas em sala de aula tinham ajudado no processo de escolha de suas profissões futuras.

As práticas experimentais associadas ao conhecimento teórico são ferramentas importantes para a construção do conhecimento. Em sala de aula, esse conhecimento pode ser medido de forma quantitativa ou qualitativa, dependendo dos objetivos propostos.

Meu projeto foi desenvolvido numa disciplina que mede o conhecimento dos alunos por meio de conceitos. Por isso, foram adotados métodos qualitativos de avaliação.

Nas aulas teóricas, a aprendizagem foi aferida pelas participações dos alunos nas discussões e nos debates. As aulas práticas, por sua vez, foram avaliadas pelos resultados obtidos com os experimentos e pelo envolvimento nas atividades propostas.

Por causa das atividades práticas, os alunos ficaram mais empenhados e participativos durante as aulas teóricas, pois precisavam de conhecimentos prévios para realizar seus experimentos.

Isso mostra que esse tipo de atividade pode ser um diferencial para a efetiva aprendizagem, tornando-se também uma oportunidade para que professor reveja a abordagem de temas que não foram compreendidos pelos alunos nas aulas teóricas.

De modo geral, eles tiveram um bom aprendizado, demonstrando capacidade para reconhecer as características do cerrado e as consequências do desmatamento. Conseguiram ainda produzir mudas a partir de sementes e cultivar plantas, garantindo a adubação e irrigação necessária.

Saiba mais

O professor poderá incluir discussões sobre o uso de agrotóxicos e as consequências do consumo de tais produtos, valorizando produtos orgânicos. Tais discussões podem ser provocadas a partir do documentário O Veneno está na Mesa, disponível no YouTube.