"A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo." (BNCC, 2018, p. 58)

Podcast

Ouça o podcast sobre os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.


João Curitibinha, a saga continua: cidadania se faz todo dia

Área(s): Linguagens; Matemática.

O objetivo desta prática foi sensibilizar alunos e a comunidade escolar sobre o respeito que devemos ter com as pessoas com necessidades especiais, bem como sobre respeito mútuo, ambos pautados na diversidade, sem preconceitos.

Componente(s): Língua Portuguesa e Matemática.
Quando: Durante o ano letivo.
Materiais:
  • o boneco cadeirante João Curitibinha;
  • sala de informática conectada;
  • projetor multimídia;
  • materiais usuais de sala de aula (caderno, lápis, cartolina, papel quadriculado, dicionário etc.).
Habilidades trabalhadas: EF04MA01; EF04MA27; EF04MA28; EF05MA17; EF05MA24; EF05MA25; EF35LP10; EF04LP14; EF05LP15; EF05LP19; EF04LP20; EF05LP23; EF35LP20.
Escola: Escola Municipal João Macedo Filho – Educação Infantil e Ensino Fundamental, Curitiba (PR).
Professor(a) responsável: Virginia Claudia de Jesus Monteiro Matias.

O que é:

Com o projeto “João Curitibinha, a saga continua: cidadania se faz todo dia”, eu trouxe para sala de aula uma forma inovadora de trabalhar atitudes e valores fundamentais nas relações humanas, promovendo não apenas a raciocínio e a cognição, mas também o desenvolvimento de aspectos sociais e afetivos.

Em consonância com a Base Nacional Comum Curricular, o projeto alinhavou as competências socioemocionais necessárias aos componentes curriculares de Língua Portuguesa e de Matemática, promovendo a aproximação das disciplinas e considerando suas dimensões científica, acadêmica, ética e humana.

Como fazer:

Na primeira semana, busquei estimular, nos alunos, a reflexão sobre os temas que seriam desenvolvidos no projeto.

Foram definidos sete eixos interligados ao tema gerador "Cidadania", como respeito, direito e deveres, preservação ambiental, solidariedade, ética, consciência e inclusão. Esses eixos permearam todas as atividades.

A dinâmica dos "monstrinhos", atividade na qual os alunos criaram seus personagens, visou estimular a percepção sobre diferenças.

Obviamente, os “monstros” não precisariam ficar iguais, apesar de as instruções terem sido as mesmas para todos. Isso fez com que os jovens compreendessem que cada um tem uma forma de entender o mundo.

Dividi os alunos em equipes para que pudessem criar coletivamente os “monstros” que representariam cada eixo estabelecido.

Assim, direcionei os trabalhos de Língua Portuguesa para questões relativas às diferenças e ao respeito que devemos ter uns pelos outros. Na Matemática, foi possível envolver os alunos para que fossem "monstros" ou “feras” na interpretação e na resolução de situações-problemas.

Para introduzir o mascote João Curitibinha, um boneco cadeirante, abordei temas relativos à inclusão.

O primeiro tema tratou da importância do "ouvir para aprender".

Naquele momento, realizei rodas de conversa que possibilitaram aos alunos expressar opiniões e desenvolver a escuta atenta e crítica, fazerleitura com compreensão de texto informativo, identificando a finalidade e as características do texto, e produzir textos escritos.

A problematização “Como os alunos que não ouvem podem aprender?” possibilitou pesquisa em meio digital sobre a linguagem LIBRAS.

Na Matemática apresentamos o vídeo da professora Zanúbia Dada sobre alguns sinais matemáticos em LIBRAS. Fizemos, então, uma atividade lúdica: "pirâmides mágicas" (somatória/cálculo mental).

Apresentei também a problematização: “Todo o surdo é mudo?”, a fim de levar os alunos a pensar sobre o assunto.

Para mostrar que pessoas com esse tipo de necessidade são pessoas comuns e merecem todo o nosso respeito, "viajamos" pelo mapa-múndi.

Na Alemanha, descobrimos uma pessoa famosa que, apesar de sua deficiência, tornou-se um gênio da música erudita: Ludwig van Beethoven.

Isso possibilitou trabalharmos com a biografia do autor, pesquisar suas obras na internet e ouvir parte de uma de suas obras, a "Nona Sinfonia".

Naquele momento, perguntei se algum aluno tocava um instrumento musical, e uma menina que tocava flauta fez uma apresentação para a classe.

Dos problemas auditivos, passei para a deficiência intelectual ao tratar de um dos pintores mais famosos do mundo, Vincent van Gogh, e de sua obra "Doze Girassóis numa Jarra".

Em Matemática, utilizamos a malha quadriculada para o desenho de um girassol, de acordo com uma matriz apresentada. O jogo lúdico proposto foi "Leitor de Mentes".

Para sensibilizar os alunos sobre a síndrome de Down, apresentei um vídeo. Após a apresentação, as crianças puderam expressar suas opiniões.

Muitas APAEs têm projetos de coleta de notas fiscais, que são revertidas em auxílio financeiro à instituição. Buscamos informações sobre essas ações e fechamos uma parceria com a APAE local para que os alunos sentissem o que é ajudar o próximo.

Por vontade própria, as crianças iniciaram uma campanha na escola toda, passando de sala em sala, motivando outros alunos para a arrecadação de notas fiscais.

Também fizemos uma campanha de coleta de lacres de latinhas de refrigerantes para instituições sociais, que fazem a venda desse material e a a posterior doação de cadeiras de rodas a quem precisa.

Na sequência, apresentamoso boneco cadeirante João Curitibinha. O objetivo foi fazer com que os alunos se revezassem nos cuidados ao novo "amiguinho" em meio às atividades da classe.

Com a chegada do boneco, as aulas se tornaram cada vez mais desafiadoras.

Inicialmente as crianças dialogaram sobre o que havia ocorrido com a mascote. Um acidente de bicicleta causado por falta de uso de equipamentos de segurança foi a sugestão da maioria dos alunos. Sistematizamos a história dele e produzimos notícias para o nosso jornal eletrônico escolar.

Aproveitando a proximidade do “Maio Amarelo”, realizamos pesquisas, no laboratório de informática, sobre acidentes de trânsito. No site Criança Segura Brasil, visualizamos gráficos e interpretamos suas informações.

Em sala de aula, fizemos alterações no texto impresso, mudando frases e legendas do singular para o plural.

Em Matemática, fizemos uma "linha do tempo" utilizando contagens de centena em centena, com os dados dos gráficos.

Para ilustrar como deficiências não são empecilho para o sucesso das pessoas, apresentei aos alunos várias leituras inspiradoras sobre respeito a pessoas portadoras de necessidades especiais.

Um exemplo foi o texto jornalístico sobre a morte do físico Stephen Hawking, um estudioso que, apesar de todas as suas limitações, mostrou ao mundo grandes feitos em sua área.

As produções dos alunos foram apresentadas em nossa “Feira de Matemática”. Nessa atividade, as crianças se organizaram em equipes. Cada uma delas se responsabilizou por um estande. Ao final, chamamos a escola toda para compartilhar os nossos conhecimentos.

SAIBA MAIS

A criação de um boneco cadeirante pode se tornar um desafio para projetos similares. Seria interessante se a comunidade escolar e as famílias dos alunos participassem de sua confecção. De qualquer forma, o boneco não precisa estar presente já no início das atividades do projeto.

Os sites indicados a seguir podem contribuir para a reflexão sobre o tema proposto e para a elaboração do projeto: