"A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo." (BNCC, 2018, p. 58)

Podcast

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De pequeno passei a ser grande – Literatura e a formação de valores

Área(s): Linguagens.

Esta prática teve como objetivo promover a vivência de emoções e dos valores fundamentados nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos e aprender a ser, por meio da leitura.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Língua Portuguesa e Arte.

Quando:

O projeto pode ser realizado em qualquer momento do ano letivo.

Materiais:
  • livro "O Pequeno Príncipe";
  • filme "O Pequeno Príncipe";
  • materiais de artes visuais.
Habilidades trabalhadas:

EF15LP02; EF35LP26; EF04LP03; EF15AR05

Professor(a) responsável:

Francisca Claudia Domingos da Hora.

Escola:

EEF Francisco Mourão Lima, Ararendá (CE).

O que é:

Para alcançar o objetivo proposto, foram realizadas diversas atividades que foram determinantes para as atitudes em relação ao conhecimento adquirido a respeito dos valores e das descobertas propiciadas pelo livro.

Penso que, por meio da leitura, o ser humano consegue se transportar ao desconhecido, explorá-lo, decifrar os sentimentos e emoções que o cercam e acrescentar valores para a sua vida.

Pode, então, vivenciar experiências que solidifiquem os conhecimentos significativos de seu processo de aprendizagem.

Por meio do livro gigante que não cabia mais numa maleta, os alunos apresentaram os valores humanos, expressando suas atitudes em relação a eles. Também apresentaram certo domínio da oralidade e da expressividade, adquirido durante as atividades.

Como fazer:

Em 2016, desenvolvemos uma ação intitulada “Maleta Viajante”, cujo objetivo foi desenvolver nas crianças o gosto pela leitura. Mas o que deveria ser prazeroso se tornou um tédio.

Em 2017, iniciamos o ano letivo novamente com aquela ação. Mas havia uma questão: O que poderia ser diferente em relação ano anterior?

Dessa vez, decidimos usar duas maletas – e, dentro delas, haveria um livro e uma ficha de leitura.

No primeiro mês, tudo correu maravilhosamente bem. Ao verem as maletas todas decoradas, os alunos quiseram saber o que havia de diferente dentro delas.

Depois de algumas semanas, contudo, a ação começou a virar rotina. Começou uma rotina de sacrifício, com os alunos levando as maletas para casa por obrigação.

Eu me perguntava: Onde estava o prazer pela leitura?

As fichas estavam sendo preenchidas de qualquer jeito, sem que tivesse havido a leitura do livro.

Percebi na fala dos alunos a necessidade de resgatarmos valores conhecidos, mas que não eram postos em prática, como solidariedade, respeito, amizade, autoconfiança, disciplina, desapego, humildade e determinação.

Como trabalhar e divulgar todos aqueles valores para a comunidade escolar?

Comecei a pesquisar. Foi aí que, numa prática do ciclo de leitura, surgiu uma boa ideia. O primeiro passo foi escolher um livro. Selecionei "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry que narra uma longa viagem do personagem.

Tratava-se de um livro escrito por um ex-piloto de guerra, no qual ele expressava os desejos e os pensamentos do personagem – um principezinho. Achei que as crianças se interessariam pelo tema. 

Na escola, só tínhamos um exemplar do livro. Onde conseguir outro? Fui até a biblioteca pública e lá encontrei mais um.

Agora, era pôr em prática o projeto.

Imprimi, de forma ampliada, vários desenhos que estruturavam a obra. Daí, fiz uma atividade mostrando objetos e imagens do 1º capítulo, propondo aos alunos que fizessem uma antecipação sobre o livro que estaria dentro da maleta.

Ao entregar a maleta aos alunos, colocava a seguinte regra: eles só poderiam fazer a leitura do primeiro capítulo.

Os alunos passavam dois dias com os livros e, ao entregá-los para a próxima dupla, deveriam fazer uma exposição oral do que haviam descoberto sobre os objetos e as imagens apresentadas na atividade anterior, explorando o eixo da oralidade.

Em seguida, eram apresentadas as imagens do capítulo seguinte. Logo percebi que os alunos não haviam lido apenas o capítulo definido, mas, sim, o livro todo.

Após a leitura, foram desenvolvidas atividades de interpretação e produção escrita baseadas nos conceitos e nos valores explorados em cada capítulo. Fizemos desenhos, exploramos significados para os termos desconhecidos e realizamos dramatizações sobre as situações apresentadas. 

As atividades envolveram diversos tipos de linguagens. As principais foram:

  • Exploração da biografia do autor Antoine de Saint-Exupéry.
  • Pesquisa sobre os baobás. Os alunos desenharam um, da raiz até a copa, escreveram sobre sentimentos que deveriam ser cultivados e sobre o que precisamos para sermos seres humanos com mais virtudes.
  • Conversa sobre a rosa, personagem do livro. Ao falarmos sobre ela, abordamos a necessidade de cuidar das plantas.  
  • Audição, leitura e exploração do vocabulário da música Cativar, com o uso de dicionários e a construção de conceitos dos valores. Em seguida, cada aluno recebeu um doce para dar como presente a alguém da escola – com o doce, também seguia a frase inspiradora do livro O Pequeno Príncipe, sobre a responsabilidade do indivíduo por aquilo que ele cativa.
  • Leitura, dramatização e interpretação do texto sobre a raposa e o Pequeno Príncipe e, posteriormente, escrita dos ensinamentos.
  • Uso dos conhecimentos sobre origami para a confecção de um avião. Na asa, os alunos escreveram o que gostariam de espalhar pelo mundo.
  • Exibição do filme O Pequeno Príncipe, de Stanley Donen.

Após todas essas atividades, era a hora de produzir um texto escrito. Usando a metodologia “Fabricando Histórias”, os alunos fizeram suas produções. Foi um momento de muito prazer.

O grande desafio do projeto era apresentar à comunidade escolar todo o conhecimento adquirido pelos pequenos, motivando os outros alunos para que também fizessem a leitura.

Então, foi aí que surgiu a ideia de fazer um livro gigante, com a imagem do avião e dos personagens. Em nossa produção, o Pequeno Príncipe saía de dentro do livro para uma conversa com seu criador.

Nela, ela apresentava cada planeta por onde havia passado em sua viagem e o que tinha aprendido com cada personagem encontrado. Nesse diálogo, ele não revelava o final da história. O espectador teria de ler o livro para saber!