"A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo." (BNCC, 2018, p. 58)

Podcast

Ouça o podcast sobre os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.


Do campo para escola: o caminho da alimentação saudável

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Área(s): Ciências da Natureza.

O objetivo desta prática foi que os alunos reconhecessem a importância de adquirir hábitos alimentares saudáveis para a promoção da saúde e a qualidade de vida. Além disso, disseminar hábitos alimentares saudáveis dentro e fora do espaço escolar envolvendo as famílias e a comunidade.

Componente(s): Ciências.
Quando: Durante o ano letivo, com a realização de atividades como saídas a campo e plantios para os meses mais quentes.
Materiais: Os materiais estão descritos no desenvolvimento do trabalho.
Habilidades trabalhadas: EF01CI01; EF01CI05; EF02CI04; EF02CI05; EF02CI06; EF03CI10; EF05CI08; EF05CI09; EF15LP01; EF15LP05; EF01LP17; EF02LP13
Escola: Mathias A Bohn E M Pref EI EF, Rio Negro (PR).
Professor(a) responsável: Graciele Cristiane Rambo.

O que é:

Neste projeto, os alunos foram levados a refletir sobre o que comem e de onde vêm os alimentos. Com base nisso, contribuíram na reorganização da horta da escola, divulgaram o que é a alimentação saudável e produziram livro e vídeo com a comunidade local.

Como fazer:

Na sala de aula:

Conteúdo "Alimentos Orgânicos" – Para que as crianças valorizassem o lanche servido na escola, o nosso trabalho foi iniciado com a atividade de observação das etapas percorridas até sua chegada ao prato na escola

Para tanto, foi de suma importância conhecermos a Lei municipal nº 4.904/2016, que dispõe sobre a obrigatoriedade de aquisição de alimentos orgânicos ou de base agroecológica na alimentação das escolas municipais. Assim, pudemos entender um pouco mais sobre o cuidado presente na aquisição da merenda escolar.

Realizamos uma parceria com a "Fazendinha", campo experimental do curso de Agronomia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Depois de realizarmos uma visita ao local, foi possível compreender como é feito o plantio dos alimentos, bem como esclarecer dúvidas técnicas de plantio para aplicação futura em nossa horta na escola.

Também recebemos dicas de um agrônomo, que nos explicou como saber a diferença entre horta orgânica e convencional, tipos de adubos, como plantar, cuidar, colher etc.

Durante o desenvolvimento do trabalho, foram feitas leituras diárias sobre alimentação saudável como estratégia para informar e orientar os alunos de forma lúdica e divertida e, assim, oferecer conhecimentos complementares.

Conteúdo “Importância da Atividade Física: gincana saudável" – Pensando na obesidade, levei para meus alunos o texto: “Medalha de o mais legal”, que fala sobre atividade física. Lancei a eles o desafio de, juntos, criarmos uma gincana envolvendo algumas atividades físicas voltadas aos conteúdos estudados em sala.

A gincana foi organizada e monitorada pelos alunos do 4º ano em parceria com a professora de Educação Física.

Com o conhecimento adquirido em sala, as crianças criaram atividades relacionadas ao excesso de sal, ao consumo de óleo, à importância da água, montaram um quebra-cabeça da "Pirâmide Alimentar" e brincaram de "Descubra se Puder!", atividade relacionada ao tato e ao paladar. Isso as levou a provar alimentos de forma lúdica e divertida. Todos os alunos da escola tiveram a oportunidade de participar.

Conteúdo “Reaproveitamento dos Alimentos” – Pensando no incentivo ao consumo de nosso lanche, criamos o programa culinário: “Comer Bem, que Mal Tem?”, em que os alunos foram divididos em apresentadores e auxiliares.

Para tanto, recebemos alunos de outras salas. A convidada especial do programa foi a nossa merendeira, que nos ensinou a fazer uma omelete com legumes reaproveitados, servida em nosso lanche.

A atividade foi filmada e editada, como se fosse um programa televisivo, para ser exibida aos demais alunos. O objetivo era instigar neles a vontade de também fazer parte da atividade, O programa foi um verdadeiro sucesso, e a omelete também!

Outra forma de incentivo ao consumo de alimentos saudáveis foi o lançamento do "Desafio da Sementinha Misteriosa". Confeccionamos em sala uma mini-horta de garrafa PET. Cada criança recebeu um saquinho com uma sementinha desconhecida, mas com as instruções de como deveria ser plantada e cuidada.

Foram distribuídas duas variedades de sementes (de alface e rabanete). O desafio foi: a criança deveria levar sua semente para casa e, a partir das instruções e junto com a família, teria de plantar, cuidar, tirar fotos e relatar suas descobertas.

No dia combinado, a "colheita" foi levada para escola, onde seria utilizada numa deliciosa salada para acompanhar o lanche.

Também foram retomadas as dicas de cultivo recebidas do agrônomo do campo experimental da Unioeste. Nesse contexto e com o apoio da direção e da Coordenação, reativamos a horta da nossa escola.

Conteúdo “Análise dos Rótulos/Informação Nutricional” – Em parceria com o Espaço Sesc Saúde, recebemos uma nutricionista. Ela trabalhou o tema “Desvendando os Rótulos dos Alimentos e Alimentos Orgânicos: benefícios e vantagens”, o que reforçou a aprendizagem adquirida na visita à Associação Central dos Produtores Rurais Ecológicos (ACEMPRE). Naquele momento, a nutricionista explicou termos desconhecidos existente nos rótulos dos produtos e abordou seus malefícios para a saúde das pessoas.

Conteúdo “Produtos Naturais e Industrializados” – Foi realizada em nossa escola a "4ª Feira da Alimentação Saudável e Agroecológica", em parceria com a merenda escolar. Naquele dia, os produtores da agricultura familiar trouxeram seus produtos à escola. As famílias foram convidadas para conhecerem e adquirirem os alimentos orgânicos produzidos pelos alunos. Importante destacar que os produtores que participaram da feira eram os mesmos que forneciam alimentos para a merenda escolar do município.

Os alunos do 4º ano, por sua vez, realizaram uma pesquisa na semana que antecedeu a feira. Nela, cada aluno escolheu, com a família, um alimento industrializado de seu consumo diário para um levantamento da quantidade de açúcar, sal e óleo existente em seus componentes, os quais, muitas vezes, são invisíveis aos olhos do consumidor.

Assim, apresentaram o seminário temático: “Você Sabe o que Come?”, destacando a importância da leitura dos rótulos, a influência da cor na embalagem como forma de atrair o consumidor, a propaganda e os artifícios utilizados para venda dos produtos e os maleficio do consumo em excesso.

Os trabalhos foram expostos ao lado dos produtos da feira com o objetivo de estabelecer o contraponto entre o natural (orgânico) e o industrializado

Conteúdo “Alimentos Orgânicos/Informação Nutricional” – Os alunos também realizaram em grupos uma pesquisa sobre os alimentos vendidos na ACEMPRE, com a finalidade de confeccionar pequenos cartazes (rótulos) para doar, tendo em vista que, no dia da visita, eles haviam notado que não havia placas iguais às placas dos mercados. Nos cartazes (rótulos), foram destacados a imagem do alimento, o benefício para a saúde, os nutrientes, o selo orgânico, o espaço para o preço e a assinatura dos pesquisadores (alunos).

Com inspiração nas ideias do “Pense Nisso”, do nosso livro didático, que traz como proposta o desenvolvimento da atividade “Quem Planta Colhe”, passamos a colocar em prática todo o conhecimento adquirido durante nossas visitas técnicas, ou seja, criamos um berçário de alface para distribuir as mudas como forma de incentivo ao cultivo.

Após germinadas as sementes da alface, elas foram armazenadas numa pequena embalagem feita de rolinho de papel higiênico, que é biodegradável e poderia ser enterrado com a alface, tornando-se adubo.

Preparamos mais de 200 mudinhas, que foram entregues para os participantes da "Feira de Exposição Agropecuária" do nosso município e também como decoração nas mesas de um restaurante que serve pratos típicos da região.

O objetivo era estar num espaço de alimentação conscientizando as pessoas sobre a importância da alimentação saudável. A ornamentação das mesas podia ser levada para casa para o plantio.

Para finalizar nossos estudos, realizamos a confecção e a exposição de maquetes para apresentação na "1ª Mostra de Trabalhos Do Campo à Cidade: o caminho dos alimentos", que representaram o trajeto dos alimentos do campo até a cidade. Após a apresentação em nossa escola, os trabalhos foram expostos no saguão da "Biblioteca Pública Municipal Martinho Lutero" e no Paço Municipal.

Outras idéias

Na escola:

Concomitante aos estudos em sala, passamos a avaliar como poderíamos levar nosso conhecimento para além da sala de aula. Acordamos que, de início, seria importante darmos uma "cara" ao nosso projeto.

Surgiu, então, a ideia de criação de um concurso na escola: a escolha de um símbolo que identificasse os multiplicadores da alimentação saudável.

Lancei aos alunos um desafio: que pesquisassem histórias sobre alimentação para que trabalhássemos com as demais turmas. Das histórias trazidas, selecionamos: A Cesta de Dona Maricota.

Assim, trabalhamos com todas as turmas dos períodos matutino e vespertino, as quais, após o trabalho pedagógico, foram convidadas a criar e a desenhar algo que representasse a importância da alimentação saudável, sabendo que o desenho seria estampado numa camiseta com a mensagem proposta.

Finalizado o trabalho com as turmas, podemos dizer que teve início a etapa mais difícil da proposta: escolher o desenho que ilustraria a camiseta. Com mais de 120 desenhos, criamos na escola uma comissão formada pelas coordenadoras e por alguns professores, que tiveram a árdua tarefa de selecionar o vencedor, conforme a proposta do trabalho.

Dos vários trabalhos produzidos, escolhemos o desenho do "Supervitamina", feito por uma aluna do 5º ano B. Ela havia criado um super-herói rodeado de alimentos saudáveis (frutas, verduras e legumes).

Aproveitando que em 31 de março se comemoraria o Dia da Nutrição e Saúde, fizemos a entrega da premiação do "Concurso Ilustrador Mirim" e a apresentação da camiseta e do mascote do projeto.

Focando num dos principais objetivos do projeto, que consistia em multiplicar as atitudes e os exemplos bons voltados à alimentação saudável, criamos como sugestão das crianças uma página no Facebook exclusiva para o “Supervitamina”.

Falar da importância da alimentação saudável se torna muito mais significativo quando a escola proporciona às crianças a experiência de conhecer as etapas pelas quais uma plantinha passa até chegar ao prato.

Fazia alguns anos que a nossa escola não tinha a sua própria horta. Pensando na importância de uma horta não só para o projeto, mas também para as próprias crianças, passamos a idealizar e resgatar o espaço onde era nossa horta antiga.

Para tanto, com a ajuda de voluntários, passamos a arrumar nossa horta, que também serviu como laboratório experimental para as crianças.

Durante uma semana, o 4º ano realizou um trabalho individualizado (manhã e tarde). O cronograma incluiu todas as turmas. O objetivo foi oferecer orientação específica sobre a importância da alimentação saudável.

Para tanto, utilizamos a "Caixa da Alimentação Saudável", que contava com diversos jogos e atividades lúdicas. As atividades visavam trabalhar de forma prazerosa todos os aspectos relevantes da alimentação, de acordo com a faixa etária das crianças.

De início, os alunos assistiram a um pequeno desenho de Sid o cientista: alimentação saudável e, na sequência, organizaram-se em pequenos grupos para as atividades sob a supervisão e a orientação dos alunos multiplicadores da alimentação saudável do 4º ano.

Dentre as atividades desenvolvidas, podemos citar: "Painel", "Dominó", "Alinhavos", "Fantoches", "Jogo de Frações", "Jogo de Memória", "Pirâmide Alimentar", "Reloginho da Saúde" e "Carimbos Pedagógicos".

Importante ressaltar que todas as atividades propostas foram pensadas para permitir a participação e a interação de nossos alunos especiais (cego, com síndrome de Asperger e de Down).

Realizamos o "Concurso de Receita Culinária Saudável", que teve como objetivo estimular e despertar na comunidade escolar e rondonense a criatividade para o reaproveitamento de cascas, talos e folhas e, assim, dizer não ao desperdício de alimentos.

Na comunidade:

Cientes de que as dificuldades quanto à formação de hábitos alimentares saudáveis não se restringiam apenas à nossa escola, criamos uma companhia de teatro itinerante com a peça "Chapeuzinho Vermelho e o incrível Lobo Bom".

Seu principal objetivo foi apresentar, de forma lúdica e divertida, a mensagem sobre a importância da alimentação correta, destacando os malefícios do excesso de doces e a relevância do consumo de frutas diariamente.

Foram criados dois grupos de teatro para os alunos do 4º ano. Esses grupos se apresentaram em 12 escolas municipais, três Centros Municipais de Educação Infantil, num colégio da rede privada, numa escola de educação infantil da rede privada, no Centro de Apoio à Família, na APAE "Pequeno Líder" e na "Feira Agropecuária".

Cerca de 4 mil crianças assistiram à peça de teatro e conheceram o mascote do projeto. Para a realização de todas as apresentações, foi estabelecida parceria com as nutricionistas da Prefeitura.

Após cada apresentação teatral, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, cada criança recebia um fôlder com atividades pedagógicas voltadas à alimentação saudável criado pelos alunos do 4º ano.

Saiba mais

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) foram aliados importantes no desenvolvimento do projeto, contribuindo para a inovação educacional.

Um exemplo foi o Concurso de Receita Culinária Saudável, que premiou dez receitas e deu origem a um livro digital (e-book). A edição foi repassada à Secretaria de Educação para que fosse entregue às cozinheiras das escolas e dos Centros Municipais de Educação Infantil e divulgado nas redes sociais.

Para ampliar a disseminação de conhecimentos, foi criado um canal no YouTube. No canal, está disponível, por exemplo, o programa culinário Comer Bem, que Mal Tem?, que teve a participação ativa dos alunos.