Baú dos avós: aprendendo na interdisciplinaridade

Área(s): Linguagens; Ciências Humanas.

O objetivo desta prática foi promover uma aproximação entre os membros da família, por meio de experiências e histórias e o conhecimento da história dos próprios alunos e da comunidade, suprindo um aspecto não contemplado pelo livro didático para o ensino de História.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Geografia, História e Língua Portuguesa.

Quando:

Em qualquer época do ano letivo.

Materiais:
  • objetos das famílias;
  • documentos dos alunos;
  • fotografias.
Habilidades trabalhadas:

EF01GE01; EF01GE02; EF01GE06; EF01GE07; EF02GE08; EF03GE03; EF02HI02; EF02HI03; EF03HI02; EF15LP01; EF15LP03; EF12LP04; EF01LP18; EF02LP15; EF02LP16

Professor(a) responsável:

Roselaine Xavier dos Santos Galo.

Escola:

Conrado Caldeira CEL Escola Municipal Ensino Fundamental, Bebedouro (SP).

O que é:

Este foi um projeto didático criado em 2012, com a intenção de trabalhar, de forma interdisciplinar, conteúdos das disciplinas História e Geografia em salas do 2º ano.

O que motivou sua criação foi a abordagem existente nos livros didáticos, que ignoravam a realidade individual e as histórias de cada criança.

Como fazer:

Este projeto vem sendo desenvolvido desde 2012. De lá para cá, tem alcançado a maioria dos seus objetivos, com boa aceitação dos alunos, familiares e da comunidade escolar.

O projeto foi aplicado por mim até 2017. Em 2018, uma colega deu continuidade à iniciativa, já que eu havia decidido acompanhar a minha turma do ano anterior – do 2º ano para o 3º ano.

Tal como planejei e com as alterações que a cada ano eu e a minha companheira de trabalho realizamos, o tempo necessário de execução deste projeto é de, no mínimo, três bimestres. Ou seja: praticamente um ano letivo.

Do seu início até o seu término, o projeto passou por várias etapas.

Inicialmente, apresentei-o aos meus alunos. Somente depois de terem conhecido, aprovado e aceitado o propósito é que levei a iniciativa ao conhecimento dos pais. Acertamos os detalhes e definimos o que deveríamos esperar das famílias, dos alunos e da professora.

Procurei iniciar pela história das crianças, com a procura dos dados de seu nascimento, como data, peso, médico que havia feito o parto, hospital e cidade em que ocorreu.

Esse trabalho de pesquisa abrangeu também outros períodos de vida, até os sete ou oito anos de idade.

Ao final dessas pesquisas, que consumiram oito semanas, iniciei a coleta de informações sobre os pais e os avós. Esses dados deram origem a registros diversos, como tabelas e gráficos, criados a partir de contagens feitas pelos alunos.

Cada criança registrava as informações ao seu modo, contando sempre com o meu auxílio.

Na condição de escriba, fiz várias tabelas e gráficos em folhas sulfite A3, que foram afixadas do lado de fora da minha sala.

Assim, quando os pais vinham buscar os filhos, no término das aulas, podiam ver as informações coletadas. Como complemento aos dados familiares, também confeccionamos as árvores genealógicas dos alunos, com nomes e fotos.

Toda semana, um novo estudo era apresentado como tema de pesquisa, como as brincadeiras e cantigas preferidas dos avós. Essas informações também foram utilizadas nas aulas de Educação Física e de Arte.

Propus ainda pesquisas sobre os animais de estimação, manuseio de certidões de nascimento e carteirinhas de vacinação do SUS, dentre outros documentos. Suas informações foram copiadas para uso nas aulas de Ciências.

Com foco também na alfabetização, as aulas foram utilizadas para a leitura de poemas, cantigas, verbetes e cruzadas, constituindo mais um momento de reflexão sobre o sistema de escrita.

As disciplinas de História e Geografia sempre estiveram vinculadas ao meu trabalho, como nos desenhos, feito pelas crianças, das fachadas de suas casas, das plantas baixas de seus quartos e da nossa sala de aula. Utilizamos também cópias do mapa do Brasil para localizar e registrar a origem das famílias.

Além das breves entrevistas feitas com os pais e avós, solicitei às crianças que procurassem e colassem fotos da infância dos pais, avós, irmãos, tios etc. Algumas mães não tinham fotos ou optaram por não anexar imagens no "Caderno de Memórias".

Nesses casos, as crianças deveriam observar alguma fotografia selecionada e, a partir dela, fazer um desenho. Podiam, ainda, fazer um desenho com base nas informações de memória de seus familiares.

No final do mês de setembro, solicitei às crianças que trouxessem uma foto de suas famílias para inclusão no mural “Retratos de Família”.

E, assim, o "Caderno de Memórias" foi se transformando numa espécie de livro manuscrito da história real de cada criança, com fotos ou desenhos que ilustravam cada etapa de suas vidas, além de dados, contagens, tabelas e gráficos sobre os familiares.

O caderno foi exposto no encerramento no projeto para que, além das próprias famílias outras pudessem ter acesso ao desenvolvimento dos coleguinhas de seus filhos.

Como gosto de trabalhar com projetos, desenvolvi outros para as demais disciplinas.

Em Língua Portuguesa, criamos um projeto de leitura e escrita sobre a "Dona Baratinha". Como produto final, fizemos a dramatização de sua história.

Em Ciências, por sua vez, trabalhei um projeto com informações sobre animais chamado "Bichonário". As pesquisas foram realizadas na sala de aula com o uso de um computador com acesso à internet

Os produtos finais também foram apresentados no evento de encerramento do projeto.

Convidados de honra, os avós adoraram a dramatização das histórias, aprenderam sobre animais em risco de extinção, ouviram poemas de Cecília Meireles e cantaram a cantiga mais apreciada por eles, segundo as pesquisas dos alunos.

Confeccionado pelos alunos, o convite com o local e o dia do evento, trouxe ainda um pedido especial aos avós: que trouxessem para a escola algum objeto de valor sentimental.

Todos que fizeram isso, depositaram seus objetos em nosso baú: uma caixa especialmente enfeitada para receber os tesouros.

No final, os avós que acharam que apenas veriam seus netos se apresentarem, vivenciaram uma surpresa especial. Cada um deles teve de pegar o seu tesouro e explicar para todos os presentes quando aquele objeto tinha entrado em sua vida, por qual motivo havia se tornado um tesouro e por que, em sua visão, tinha um valor inestimável.

Aquele foi o momento mais emocionante da minha vida como professora e, provavelmente, da vida dos meus alunos, pois muitos se emocionaram junto com os avós.

Após estarmos recompostos, apreciamos o mural “Retratos de Família”. Todos ficaram felizes ao se verem ali representados, O mesmo aconteceu quando as famílias folhearam os "Cadernos de Memórias" e examinaram outros trabalhos realizados no decorrer do ano.

Por se basear na pedagogia de projetos, o trabalho viabiliza a alfabetização paralelamente à ampliação dos letramentos dos alunos, respeitando o tempo de cada criança.

O trabalho com documentos possibilita a viabilização da escrita até os níveis mais avançados. Os nomes próprios, que aparecem nos documentos, são referências importantes para as crianças em processo de construção da escrita. 


Uma ferramenta pedagógica

Área(s): Linguagens.

Esta prática teve como objetivo desenvolver o raciocínio, a atenção, a concentração e o pensamento lógico nas aulas de Educação Física por meio do jogo de xadrez.

Componente(s): Educação Física.
Quando: Durante o ano letivo.
Materiais:
  • durex colorido;
  • papel cartão;
  • garrafas PET;
  • elástico;
  • cordão;
  • fita crepe;
  • tabuleiro de xadrez;
  • tabuleiro de xadrez pintado no chão;
  • cetim para túnicas;
  • lousa digital;
  • máquina fotográfica;
  • vídeos do YouTube.
Habilidades trabalhadas: EF35EF04; EF12EF02.
Escola: Escola Municipal Gabriel Andrade, Passa Tempo (MG).
Professor(a) responsável: Wilson Ribeiro.

O que é:

Propus o projeto "Oficina de Xadrez" aos alunos do 4º e 5º anos como parte do ciclo complementar do Ensino Fundamental da Escola Municipal Gabriel Andrade.

Como fazer:

Para iniciar o trabalho, exibi um vídeo do "Projeto Xadrez Solidário", do CREA Cultural de Minas Gerais, sobre a história e regras do xadrez.

Em seguida, fiz a apresentação das peças por meio de uma matriz. Por meio dela, os alunos nomearam e pintaram todas as peças.

Ainda nessa matriz, trabalhei o movimento das peças e as regras do jogo. Depois de tudo bem entendido e fixado, passamos para a iniciação do jogo no próprio tabuleiro. Pintamos um tabuleiro no pátio da escola para que as crianças pudessem jogar xadrez, utilizando peças recicláveis de garrafa PET. Elas gostaram tanto que, na hora do recreio, passaram a formar equipes para jogar, às vezes até abrindo mão do lanche.

Fizemos uma avaliação diagnóstica para averiguar o nível de aprendizagem. Quando era necessário, voltávamos à fase inicial do projeto. Na verdade, o que mais usei do material pesquisado foram as regras do jogo e a história do xadrez, de forma lúdica. O grande atrativo foram as peças de xadrez confeccionadas com garrafa PET.

Comecei meu trabalho dando aulas dialogadas e expositivas. Somente por meio das perguntas é que eu sabia se os alunos estavam entendendo ou não sobre o que era explicado. O uso do material concreto também foi espetacular. Tocar nas peças, desenhá-las, pintá-las, foi tudo de bom.

A utilização da lousa digital favoreceu muito a motivação dos alunos. Por intermédio dela, assistiram a vídeos instrutivos sobre as regras do xadrez. A cada aula, a curiosidade e o interesse das crianças aumentavam. Na etapa em que expliquei a história, a origem e a importância do xadrez, utilizei vídeos do YouTube para maior entendimento da turma.

Uma das etapas mais demoradas foi explicar os tipos de jogadas. Foram necessárias muitas aulas, pois, nessa etapa, os alunos precisam compreender raciocínio lógico, concentração e assimilação dos nomes das peças.

A partir daí, eles puderam tocar novamente nas peças, pois já conheciam seus nomes, e observar as diferenças (tamanho, cor etc.).

Confeccionamos um mural sobre o jogo de xadrez, que ficou exposto no pátio da escola. Depois desse processo, coloquei o tabuleiro na mão dos alunos. Foi um momento de exploração do material e de grandes descobertas. Assim começamos a usar o material e a jogar xadrez, de fato.

Nesta etapa, foram fundamentais o diálogo, a explicação, a observação e o acompanhamento para descobrir quem já havia fixado as regras do jogo e como estava o raciocínio lógico das crianças.

Um momento forte no desenvolvimento do projeto foi quando apresentei à turma o jogo de xadrez confeccionado com garrafa PET. Jogamos partidas num grande tabuleiro pintado no pátio da escola.

Tudo foi tão agradável e interessante que as crianças o usaram o ano inteiro para brincar no recreio, muitas vezes deixando de lanchar. Aproveitando o tabuleiro pintado no chão, fiz aulas com peças humanas (as próprias crianças), o que foi muito interessante e proveitoso para a aprendizagem. Depois de ter consolidado os objetivos, foi realizado o "Campeonato Escolar de Xadrez", no fim do ano letivo, com a participação de toda a comunidade escolar, autoridades municipais e equipe escolar.

A avaliação da aprendizagem foi realizada em todas as aulas, por meio da autoavaliação. Como prova escrita, apliquei uma avaliação diagnóstica. Foi utilizada também a monitoria. Realizamos aulas individuais (aluno x professor), jogos em equipes e questionamentos sobre o movimento de cada peça.

Como avaliação das etapas do trabalho, fui observando a necessidade de cada aluno, fazendo um processo de construção da aprendizagem junto com eles, uma vez que as crianças têm grande capacidade e interesse pelos assuntos.

SAIBA MAIS


A Mala Maluca da Vovó Zenilda: aprendizagem significativa e divertida

Área(s): Linguagens.

Esta prática teve como objetivo alfabetizar letrando os alunos do 2º ano, tendo como fio condutor a história “A Mala Maluca da Vovó Zenilda” e desenvolvendo as capacidades necessárias referentes ao ciclo inicial de alfabetização e resgatar os brinquedos e as brincadeiras de outros tempos.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Língua Portuguesa.

Quando:

Em qualquer momento do ano letivo.

Materiais:
  • história “A Mala Maluca da Vovó Zenilda”;
  • mala;
  • objetos constantes na história.
Habilidades trabalhadas:

EF15LP05; EF15LP07; EF15LP15; EF15LP18; EF12LP01; EF12LP02; EF12LP04; EF12LP06; EF01LP17; EF01LP20; EF02LP13; EF02LP26; EF01LP25

Professor(a) responsável:

Ellen de Paula Moreira.

Escola:

EM Santos Dumont, Juiz de Fora (MG).

O que é:

Na primeira reunião pedagógica de 2017, discutimos algumas ações que precisavam ser tomadas: resolver o problema do recreio ocioso, propondo brinquedos e brincadeiras para as crianças; e escolher o livro de literatura que utilizaríamos para sistematizar os direitos de aprendizagem do Sistema de Escrita Alfabética (SEA), relatados nos cadernos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).

Ao pensarmos na ludicidade como instrumento facilitador no processo de alfabetização e letramento, a atividade lúdica é um princípio fundamental para o desenvolvimento das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.

A história que dá nome ao projeto foi escrita por uma das professoras da escola. Tem como objetivo resgatar os brinquedos e as brincadeiras, trabalhar rimas e aliterações no âmbito da consciência fonológica e, como produto final, criar um livro com as ilustrações feitas pelos alunos e grafitadas no muro da escola.

Espera-se que as informações sobre este projeto didático contribuam para que os educadores repensem sua prática docente, contemplando a ludicidade como elemento importante no processo de alfabetização e letramento das crianças.

Como fazer:

Iniciamos o projeto didático já na primeira reunião pedagógica do ano, quando discutimos oportunidades de melhorias para o recreio dos alunos e o planejamento para 2017.

Normalmente, esse horário é agitado, com crianças correndo por todos os lados, gritos, brincadeiras de empurra-empurra, pique-pega.

O recreio, como destaca Neuenfeld (2003), pode ser negligenciado no contexto escolar e pode ser visto como um espaço improdutivo. Por isso, partimos do desafio de tornar aquele momento mais agradável, prazeroso e divertido, com brinquedos e brincadeiras que estimulassem a mediação de conflitos.

Queríamos também aproveitar a situação para delinear o conteúdo referente ao ano letivo.

A partir daí, surgiu a história “A Mala Maluca da Vovó Zenilda”, escrita por mim. O texto retrata uma viagem feita pela vovó para visitar os netos em Cabo Frio.

Ao chegar no destino, ela é recebida pela neta Gabriela. Seus netos, Victor Gabriel e Lucas, carregam a mala, que está muito pesada. A mala cai aberta no meio da sala, espalhando tudo pelo chão.

Todos ajudam a juntar os pertences da vovó e observam os objetos mais inusitados possíveis para uma mala de viagem. Ela trazia brinquedos, coisas engraçadas e pouquíssimas roupas.

Fizeram vários questionamentos acerca do conteúdo da mala, que tinha asa de borboleta, bolinha de gude, sapatilha de bailarina, cartola de mágico, cavalo de pau, nariz de palhaço, óculos de sol, pião de madeira, dentadura, pirulito, fantasias, camisola, sombrinha, pantufa, peruca, sanfona, apito, peteca, calçola, cachecol, boneca, biquíni, bola, maiô, chapéu e pipa.

Sabemos que a literatura infantil oferece uma grande variedade de livros que podem ser explorados em atividades de leitura e escrita na escola. Queríamos, porém, ressaltar situações construídas pelos nossos alunos, uma vez que partiria deles a ilustração das cenas da história, além de outras atividades.

No dia seguinte, antes de os alunos entrarem para sala, a "vovó" (imaginária, fictícia) espalhou todos os objetos da mala. Ela estava "procurando" por um brinquedo específico, deixando o recinto todo “bagunçado”. 

Foi um alvoroço. Todos os alunos puderam brincar, explorar e experimentar os brinquedos, as fantasias e os adereços.

Ao entrarem na classe, as crianças depararam com aqueles brinquedos e objetos espalhados. Foi um alvoroço. Todos os alunos puderam brincar, explorar e experimentar os brinquedos, as fantasias e os adereços.

Levantaram várias hipóteses acerca do paradeiro da vovó: alguns imaginaram que ela estaria escondida no buraco que ficava no teto da sala ou que ela morava pertinho da escola.

Em outro momento, as turmas escolheram quais palavras queriam aprender a escrever, tendo como referência os objetos da mala. As palavras estáveis escolhidas foram: asa de borboleta, sapatilha de bailarina, cavalo de pau, fantasia, pirulito, peteca, maiô.

Naquele momento, trabalhamos os gêneros "Entrevista", "Exposição Oral", "Instrucional" (receita, manual de construção de brinquedo), "Convite", "Cartão de Agradecimento".

Por meio do trabalho desenvolvido pelas professoras durante o projeto didático, os alunos tiveram a oportunidade de desenvolver vários direitos de aprendizagem de Língua Portuguesa, referentes aos variados eixos de ensino. 

Podemos citar os seguintes direitos que foram abordados:

  • Compreender textos lidos por outras pessoas, de diferentes gêneros e com diferentes propósitos.
  • Analisar a adequação de um texto (lido, escrito ou escutado) aos interlocutores e à formalidade do contexto ao qual se destina. 
  • Reconhecer gêneros textuais e seus contextos de produção.
  • Produzir textos de diferentes gêneros, atendendo a diferentes finalidades. 
  • Revisar os textos durante o processo de escrita, retomando as partes já escritas e planejando os trechos seguintes.
  • Participar de interações orais em sala de aula, questionando, sugerindo, argumentando e respeitando os turnos de fala.
  • Produzir textos orais de diferentes gêneros, com diferentes propósitos, principalmente os mais formais, comuns em instâncias públicas (debates, entrevistas, exposição, notícias, propaganda, relatos de experiências orais etc.).
  • Ativar conhecimentos prévios relativos ao texto através do preparo inicial para a contação da história e dramatização feita pela professora.
  • Após a contação, conversar com os alunos sobre a história:

- Quais são os personagens da história?

- Quantos e quais objetos a vovó Zenilda levou dentro da mala?

- Qual objeto você mais gostou e por quê?

- Você já teve algum brinquedo que a vovó Zenilda trouxe? Qual?

- Se você fosse viajar, o que levaria dentro da mala?

- “Eu vou viajar e na minha mala levarei Kiwi! (objeto que comece com a primeira letra do nome). E você, o que vai levar?”.

  • Explicar que as cenas da história serão ilustradas por eles. Posteriormente, o professor de grafite utilizaria os desenhos para compor as imagens do livro.
  • Pedir, a cada um, um desenho da capa do livro, em dupla, ilustrando as cenas da história.
  • Montar um cartaz da história já ilustrada e expor no corredor da escola.
  • Trabalhar as palavras estáveis escolhidas pelos alunos. 
  • Produzir o cartaz com as palavras estáveis; separação e contagem de sílabas; jogos: “Preguicinha”, “A palavra é”, “Eu tenho a letra... quem tem a letra...?”, alfabeto móvel, ambos feitos de material reciclado; gira-gira, jogos da caixa do CEEL.
  • Realizar uma produção textual: "A vovó Zenilda arrumou a mala para viajar e foi colocando tudo o que via. Conte o que você levaria na sua mala e para onde iria".
  • Escrever listas de brinquedos e brincadeiras de que a turma mais gosta.
  • Produzir frases dentro do contexto (brinquedos e brincadeiras). Usar o verbo "brincar".
  • Socializar no recreio, com as outras turmas, os brinquedos da mala, os brinquedos trazidos de casa e as brincadeiras de roda.
  • Dever de casa: pesquisar sobre “brinquedos e brincadeiras de ontem e de hoje: meus avós e meus pais brincavam de...”.
  • Exposição oral sobre os dados da pesquisa realizada: “Brinquedos e Brincadeiras de Ontem e de Hoje: meus avós e meus pais brincavam de...”.
  • Trabalhar gênero instrucional "Receita", para confecção da massinha de modelar e o brinquedo “Come Come”.
  • Trabalhar o gênero convite: convidar uma vovó ou vovô que queira ser entrevistado pela turma.
  • Gênero "Entrevista Formal": apresentar o vídeo “Entrevista com o Elenco Infantil do SBT”.
  • Trabalhar tipos de entrevistas.
  • Elaborar roteiro para a entrevista com a vovó, tendo o professor como escriba para anotar as possíveis perguntas.
  • Definir o papel de cada aluno na entrevista com a vovó: entrevistadores, fotógrafos, escribas (responsáveis por anotar as respostas), desenhistas, recepcionistas e plateia.
  • Ensaiar para o grande dia da entrevista.
  • Produzir cartão de agradecimento.
  • Entrevista com a vovó e, logo após, receita surpresa elaborada por ela e um “chá da tarde” com a presença de todos os vovôs e vovós das crianças.
  • Exposição: “Mostra de Brinquedos”, feitos de sucata e construídos com as famílias. e "Feira de Ciências", cujo tema “Meu Animal de Estimação” surgiu no decorrer do projeto.
  • Oficina de grafite, preparação para o dia do grafite na quadra.
  • "Dia D", em que os alunos grafitaram as páginas do livro “A Mala Maluca da Vovó Zenilda” no muro da quadra. Imagens idealizadas por eles e transpostas pela arte grafite.
  • Escrita coletiva e individual do convite e cartão de agradecimento para a vovó entrevistada.
  • Entrevista com a vovó Simone (avó do aluno João Pedro) realizada pelos alunos com as seguintes funções: entrevistadores, fotógrafos, escribas, desenhistas, recepcionistas e plateia.
  • Exposição de brinquedos de sucata.
  • Apresentação do animal de estimação na "Feira de Ciências".
  • Chá da tarde com todos os avós;
  • Pintura do livro na quadra da escola.

Todas as etapas da entrevista formal foram elaboradas e treinadas juntamente com as crianças. Cada uma tinha uma função definida. Uma das alunas ficou emocionada ao fazer a pergunta para a vovó entrevistada. Em lágrimas, disse que estava muito emocionada e feliz por participar daquele evento.

Outro momento marcante durante o projeto foi a troca de experiências entre as gerações presentes no "Chá dos Avós".

Vovôs e vovós relataram a alegria da participação e do compartilhamento aprendizagens com os netos e com as outras crianças.

Conversaram sobre modos de brincar e brinquedos, bonecas feitas de palha de milho, latas de sardinha que viravam carrinhos, carrinhos de rolimã, petecas, cavalos de pau feitos com cabo de vassoura, entre outros.

A mala maluca da vovó Zenilda passou a fazer parte dos recreios. Carregada de diversos brinquedos e objetos inusitados, ela teve um papel fundamental para o resgate e o ensino de brincadeiras antigas.

Sabemos que a organização do trabalho pedagógico por projetos possibilita um planejamento articulado entre as áreas do conhecimento e o processo de alfabetização e letramento. Por isso, procuramos realizar a intervenção pedagógica no recreio e, assim, contextualizar todo o trabalho planejado.

Os alunos não apenas participaram da execução do projeto, mas também atuaram como autores em diversas etapas, por meio da confecção dos desenhos do livro e da capa, da grafitagem do livro na quadra da escola, da escolha e formulação de perguntas à vovó entrevistada, da confecção do convite e do cartão de agradecimento, dos ensaios para o dia da entrevista etc.

O objetivo de tudo foi a ampliação da competência comunicativa das crianças, visando a uma maior participação nas práticas letradas.


Sustentabilidade x Educação, preservar é nossa missão!

Área(s): Ciências da Natureza.

O objetivo desta prática foi o de conscientizar os alunos de que a sustentabilidade ambiental e social é condição de subsistência humana urgente, que deve reestruturar e restabelecer novos hábitos em nossa cultura diante das contaminações da água e do solo pelo lixo, tornando-nos responsáveis pela preservação de nossos ecossistemas.

Componente(s): Ciências.
Quando: Sem período específico.
Materiais:
  • recursos para saídas (ônibus);
  • sementes;
  • computadores com acesso à internet;
  • projetor.

Habilidades trabalhadas: EF05CI05; EF05CI04; EF05CI02.
Escola: UME Mário de Almeida Alcântara, Santos (SP).
Professor(a) responsável: Jessica Muniz Braga.

O que é:

Na intencionalidade de expandir o senso ético de responsabilidade quanto ao consumo sustentável dos recursos naturais (especialmente a água), o projeto buscou colaborar para a diminuição de impactos ambientais no entorno da escola e na comunidade, contextos abordados por alunos moradores dos morros e proximidades.

Falar sobre sustentabilidade nos faz refletir sobre os modismos midiáticos que desconsideram os princípios e as demandas ambientais.

Contudo, as abordagens sazonais de órgãos específicos ficam aquém das circunstâncias e das resoluções cabíveis para sanar os problemas ambientais.

Dessa forma, o projeto teve por intuito o resgate e a ampliação de bons hábitos visando ao estabelecimento de um novo paradigma social de consciência ambiental.

Neste caso, os protagonistas foram os alunos, que foram estimulados a difundir e a multiplicar boas práticas para a sustentabilidade – na escola, na família, na praia, pelas calçadas.

No primeiro momento, foi feita uma apresentação para os alunos sobre as principais temáticas correspondentes à sustentabilidade e à preservação ambiental, maiores incidências de contaminação/degradação ambiental relacionadas à água e ao solo no entorno escolar, medidas de reparação e historicidade (patrimônio histórico ambiental de nossa região).

Depois, falamos de políticas públicas e legislação. Abordarmos também o descarte correto do lixo doméstico/público e medidas para prevenção e destinação dos resíduos produzidos no município.

No que diz respeito à tecnologia cooperativa, a professora usou uma página de rede social para expandir as práticas pedagógicas e alcançar mais pessoas.

Como fazer:

As atividades abrangeram estudos, pesquisas, ações práticas e saídas técnicas para estudo do meio, bem como integração e socialização dos trabalhos com toda a comunidade escolar.

Pautando-nos sempre pela autonomia, buscamos potencializar as habilidades dos alunos, por meio de entrevistas com pautas elaboradas por eles com os parceiros e atores escolares envolvidos no projeto.

Ao longo das etapas, o processo de aprendizagem evoluiu com a participação de parceiros externos, que agregaram reflexões sobre o projeto e colaboraram propiciando vivências práticas.

Tivemos palestra na Secretaria Municipal de Educação, promovida pela parceira Santista Ambiental (empresa que gerencia resíduos sólidos) e recebemos a ONG Ecophalt, que promoveu a intervenção plantio de mudas X lixeira ecológica.

Esta ação possibilitou aos alunos do 5º ano A exercitarem seu protagonismo, com a turminha do 1° ano B para participação na oficina de plantio. Os mais velhos foram os mediadores, compartilhando as atividades com os menores.

Além disso, construímos um mapa da cidade de Santos, afixando-o no corredor da escola. Na biblioteca, foram organizadas sessões de leitura e de vídeos temáticos para rodas de conversa e reflexões das aprendizagens.

Também visitamos o Palácio Saturnino de Brito, que guarda as memórias da construção do sistema de canais (saneamento básico) do município.

Em cada etapa do projeto, revelou-se o engajamento dos envolvidos, que ainda criaram vídeos para socializar na escola e atrair parcerias internas para a reciclagem de materiais, como caixas de leite da merenda, usadas na produção de objetos de decoração e brinquedos.

Em nosso projeto, as dificuldades foram encaradas como desafios, o que fortaleceu o grupo e deu ainda mais representatividade às ações articuladas.

Uma iniciativa que deu orgulho a todos foi o "Jornal da Sustentabilidade", que, mesmo após o fim do projeto, seguiu sendo publicado semanalmente, com informações oriundas da Secretaria do Meio Ambiente e da imprensa, e com os devidos créditos.

Em junho de 2018, tivemos uma ação civil, na qual o Grêmio mirim estudantil acompanhou os alunos do 5° ano A em audiência pública municipal na Câmara Municipal.


Alúmen: uma proposta escolar de intervenção socioambiental

Área(s): Linguagens; Ciências da Natureza.

Esta prática teve como objetivo promover a intervenção socioambiental, com um mutirão contra a dengue para a coleta e latas de alumínio, evitando que elas se tornassem potenciais criadouros do mosquito da dengue, bem como a redução do impacto ambiental ocasionado pelas latinhas. Além disso, conscientizar a comunidade escolar sobre a importância da preservação e da conservação ambiental global, partindo de seu próprio meio social.

Componente(s): Ciências.
Quando: Sem período específico.
Materiais:
  • textos instrucionais;
  • computadores com acesso à internet.

Habilidades trabalhadas: EF05CI05; EF01CI01; EF15LP05; EF02LP24.
Escola: Escola Municipal Professora Izaltina Mendonca Meireles, Pará de Minas (MG).
Professor(a) responsável: Sérgio José Batista Gomes.

O que é:

Nossa escola sempre se preocupou com a transmissão de saberes vinculados à realidade social dos alunos.

Em 2017, a partir da constatação da existência de um grande número de casos de dengue no bairro, incluindo alunos, engajamos a escola num projeto de o combate à enfermidade.

Numa perspectiva interdisciplinar, desenvolvemos ações que geraram impactos positivos no ambiente escolar e na comunidade.

Numa delas, motivamos os alunos para que saíssem da escola e colocassem em prática o que haviam aprendido sobre o assunto nas aulas de Ciências. Com base em seus conhecimentos sobre gêneros textuais, propus que confeccionássemos panfletos educativos para distribuição pelo bairro.

Durante essa atividade, os alunos propuseram a organização de um mutirão de limpeza em áreas potenciais de proliferação do mosquito Aedes aegyptim, causador da dengue.

Em meio a essa ação, os alunos notaram a existência de um grande número de latas de alumínio (do latim alúmen) jogadas nas ruas, em lotes vagos e áreas próximas da escola.

A inquietação dos alunos me levou a criar o projeto “Alúmen: uma proposta escolar de intervenção socioambiental”. A iniciativa teve como objetivo coletar as latas de alumínio, que antes eram focos de dengue, para posterior venda, constituindo fonte de renda para a manutenção de outros projetos escolares.

Os conhecimentos adquiridos no projeto mudaram a forma de pensar e agir dos alunos, como parte do esforço escolar para a formação de cidadãos mais conscientes em relação à problemática ambiental e à necessidade de redução do consumo e de reaproveitamento de materiais, contribuindo para a redução do impacto ambiental e a ocorrência de doenças.

Com o projeto, percebi a importância de associar uma visão empreendedora e a temática ambiental à produção de conhecimentos pelos alunos. Ficou claro que a participação dos jovens na pesquisa e na descoberta de conceitos é fator importante para o alcance efetivo dos objetivos e a consolidação de mudanças comportamentais, não apenas nos alunos, que passam a agir como empreendedores, multiplicadores e mediadores, mas também em toda a comunidade.

Como fazer:

Por meio de sondagem (atividades semiestruturadas), investiguei os conhecimentos prévios dos alunos sobre a dengue e sobre a consciência ambiental, no que dizia respeito ao tempo de decomposição dos materiais e seus impactos na natureza.

O diagnóstico durou um mês e cumpriu seu propósito. Percebi a necessidade de mudanças no planejamento inicial do projeto, uma vez que meu público-alvo eram os 269 alunos do Ensino Fundamental Anos Iniciais e Anos Finais. Ou seja: tive de repensar as ações de acordo com a faixa etária dos alunos.

Registramos o diagnóstico num diário de bordo. Nele, foram anotadas as observações sobre os conhecimentos prévios.

Com a direção da escola e os demais envolvidos neste trabalho, realizamos encontros quinzenais para criar estratégias de aprimoramento dos conhecimentos e de descoberta de perspectivas para novas ações.

A estratégia conscientização visou modificar atitudes e práticas pessoais por meio da utilização do conhecimento sobre o meio ambiente, para a adoção de novas atitudes na escola, em casa e na comunidade.

De fevereiro a dezembro de 2017, os alunos receberam orientações sobre comportamento empreendedor, coleta seletiva e impactos da poluição no meio ambiente e na saúde. Foram instruídos também a respeito da importância de recolher, descartar e acondicionar adequadamente materiais recicláveis.

Nesse contexto, a escola desenvolveu com os alunos e a comunidade escolar as seguintes metas de natureza cognitiva, atitudinal e operacional:

  • estabelecimento de correlação entre cultura social e ecossustentabilidade;
  • posicionamento autônomo e criativo diante de situações que estimulem a consciência ambiental;
  • adoção de uma postura de convivência ética, cidadã e empreendedora com o ambiente e as pessoas ao seu redor;
  • predisposição para a adoção de práticas ecossustentáveis e empreendedoras.
  • tomada de decisões para alcançar os objetivos propostos;
  • planejamento de todas as etapas para o desenvolvimento do projeto;
  • monitoramento e avaliação do planejamento realizado, com foco na preservação e na conscientização socioambiental;
  • uso de diferentes estratégias para resolver situações-problema (capacidade de solucionar as adversidades, caso ocorressem).

O cumprimento das metas e o avanço das relações de parceria geraram nos alunos a percepção de que reciclar é sempre vantajoso: a natureza é preservada, postos de trabalho são criados, energia é economizada e o meio ambiente é conservado, além de se tornar fonte de renda para muitas pessoas.

A seguir, são descritas as etapas do trabalho encadeadas em nível de necessidade.

A primeira ação foi uma dinâmica de integração, acompanhada de debates, conversas, e apresentação de slides, vídeos temáticos, do documentário "Ilha das Flores" e de vídeos motivacionais.

Tivemos o apoio do Grupo Teatral Colibri, formado por alunos da rede municipal, que fez a apresentação da peça "Acabe com a Dengue, Antes que ela Acabe com Você". Essas ações tiveram como objetivos motivar os alunos para a temática do projeto escolar comunitário e estimular a cultura ambiental e sustentável, além de incentivar o planejamento para combater os focos locais de dengue.

Para não limitar o projeto ao ambiente escolar, buscamos parceria na comunidade. Elaboramos e distribuímos convites para o lançamento do projeto, na quadra da escola.

O projeto foi lançado para os pais e a comunidade escolar, com a presença de agentes de saúde do bairro e de um agente de combate a endemias, da Vigilância Sanitária do município.

No lançamento, tivemos também uma dinâmica de integração, debates e conversas. Houve ainda a apresentação de slides e vídeos e a realização de atividades reflexivas. Com essa ação, buscamos motivar os pais, formar redes de contatos, estimular a cultura ambiental e sustentável, alcançar parcerias e conquistar multiplicadores.

Essa ação destaca a importância de se tratar a questão ambiental no ambiente escolar já que as crianças se bem informadas sobre essas questões, se tornarão adultos mais conscientes e serão transmissores detes conhecimentos adquiridos na escola.

Em parceria com os professores de Ciências e palestrantes convidados (parceiros da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Pará de Minas e da Secretaria do Meio Ambiente), apresentamos slides, vídeos e textos instrucionais dissertativos e argumentativos sobre coleta seletiva, sustentabilidade e meio ambiente. Criamos ainda um festival de paródias sobre reciclagem.

Os alunos e os professores de Língua Portuguesa confeccionaram panfletos com a apresentação do projeto e dos locais de coletores de latas de alumínio, previamente criados e autorizados pelos moradores do bairro, em parceria com a Secretaria de Planejamento do município.

Os objetivos desta fase foram planejar ações sistemáticas para o envolvimento da comunidade e definir iniciativas de marketing de divulgação do projeto. Faixas foram confeccionadas e colocadas em várias ruas do bairro, chamando a atenção dos moradores para o projeto.

Diante da ideia de confecção de camisas e bonés, buscamos patrocinadores. Na aula de Arte, o professor propôs um concurso para a criação do logotipo do projeto. O vencedor teve sua arte estampada em todos os materiais de divulgação do projeto.

Apesar da dificuldade em encontrar parceiros a contribuir para a educação, a direção da escola conseguiu arrecadar R$ 1.650,00 para a confecção das camisas e dos bonés. No total, 15 parceiros contribuíram com o projeto.

Chegou o grande dia. O nervosismo e a ansiedade dos alunos eram visíveis em seus rostos. Torciam para que tudo desse certo porque queriam mudar a realidade pelo esforço. Sentiam-se como artistas ao se prepararem para um grande espetáculo.

No nosso caso, foi a passeata de conscientização, que teve a participação de todos os alunos e professores, da equipe diretiva e de parceiros.

Todos os envolvidos distribuíram panfletos pelas ruas do bairro e participaram de um mutirão para a eliminação de focos de dengue e da primeira coleta de latas de alumínio.

A iniciativa visou estimular a prática reciclável, sustentável e ambiental e o comprometimento comunitário, fortalecendo o trabalho em equipe.

Graças ao apoio de uma empresa local, a direção da escola adquiriu dois coletores internos e, também, dois coletores externos, que foram instalados nos pontos de definidos pela Prefeitura.

Com a ajuda da Prefeitura, os coletores foram instalados nos locais autorizados, num esforço para estimular a prática sustentável e ambiental e ampliar o comprometimento local.

Turmas de alunos alternadas e autorizadas por seus responsáveis passaram a realizar, semanalmente, um mutirão de eliminação de focos de dengue no caminho até os pontos de coleta de latas de alumínio. Nessa ação, os alunos usaram as camisas do projeto para aumentar a mobilização e a sensibilização local.

Depois da coleta, os alunos venderam as latinhas. Os recursos foram usados no apoio à manutenção dos outros projetos ambientais da escola, entre eles a horta escolar e os jardins escolares, na valorização da comunicação e na busca por novas oportunidades de empreendedorismo sustentável.

Em suas pesquisas de campo, os alunos nas aulas de Ciências levantaram dados comparativos da quantidade de latinhas encontradas nas ruas e nos coletores. Aprenderam também sobre a decomposição do alumínio, que leva de 200 anos a 500 anos. Souberam ainda que 67 latinhas de alumínio correspondem a um quilo, e que cada mil quilos de alumínio reciclados correspondem a 5 mil quilos de minério bruto (bauxita) poupados. Descobriram também que, para reciclar o alumínio, são gastos apenas 5% da energia utilizada na extração.

De posse desses dados, criaram com o professor de Matemática gráficos comparativos entre latas coletadas e latas jogadas nas ruas. Fizeram cálculos sobre a diminuição dos impactos ambientais graças à reciclagem.

O projeto se tornou uma ação permanente da escola. Mas, devido ao surgimento de outras necessidades, uma nova ação foi criada no âmbito do projeto. Usando os quatro coletores instalados, criamos uma gincana de desempenho para as turmas responsáveis pelos equipamentos. O coletor que apresentasse o maior número de latinhas agregaria pontos à equipe correspondente.

Como parte do processo ensino-aprendizagem, o projeto privilegiou a aquisição de um saber vinculado à realidade social dos alunos.

No desenvolvimento dos conteúdos, estimulamos estratégias que favorecessem os quatros pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Com isso, mobilizamos a comunidade escolar num importante processo de formação e conscientização ambiental.

O processo de avaliação do projeto abrangeu quatro vertentes. Foram elas: avaliação diagnóstica (averiguação dos conhecimentos prévios), avaliação formativa (conhecimento de informações para um possível replanejamento), avaliação somativa (identifição, ao final do processo, do conhecimento assimilado pelos alunos) e autoavaliação (análise crítica dos alunos e dos professores).

O monitoramento e as avaliações dos trabalhos foram realizados em reuniões mensais com professores, alunos, comunidade e parceiros, palestras com profissionais da área e entrevistas com especialistas ambientais.

Como avaliação positiva, segundo dados do posto de saúde, os casos de dengue no bairro caíram 75% após a implantação do projeto. Esse número foi alcançado também graças ao apoio da Prefeitura, que realizou mutirões de limpeza nos lotes vagos e locais ermos do bairro.

Os conhecimentos adquiridos com o projeto mudaram a forma de pensar e agir, ajudando a formar cidadãos mais conscientes com relação à problemática ambiental e à necessidade de reduzir o consumo, reciclar ou reaproveitar materiais.

Este projeto mostrou também a importância da prática da visão empreendedora na produção do conhecimento.

Saiba mais

A seguir, algumas orientações para que o projeto seja implementado em outras escolas:

  • mostrar aos alunos exemplos de bons trabalhos ambientais;
  • criar regras claras para cada ação e para a avaliação;
  • enfatizar como o trabalho contribuirá para o aprendizado interdisciplinar;
  • demonstrar empolgação com o trabalho para que os alunos percebam a convicção do professor.

Soletrando com as mãos

Área(s): Linguagens.

O objetivo desta prática foi promover a aquisição linguística da primeira língua para comunicação em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), realizando atividades para motivar os alunos a entenderem os contextos abordados, vivenciando experiências significativas. Além disso, aumentar a fluência dos professores em LIBRAS.

Componente(s): Língua Portuguesa.
Quando: O projeto pode ser executado por trimestre ou em qualquer época do ano letivo.
Materiais:
  • papéis;
  • canetas e lápis diversos.
Habilidades trabalhadas: EF12LP01; EF12LP02; EF01LP04; EF01LP05; EF15LP06; EF15LP07; EF02LP07; EF12LP10.
Escola: EMEF ESP Para Surdos Vitória, Canoas (RS).
Professor(a) responsável: Carmen Cristina Pereira da Silva.

O que é:

O projeto "Soletrando com as mãos" foi uma competição entre as turmas de alunos para a memorização da escrita de cinco palavras-conceitos de cada disciplina e dos sinais correspondentes em LIBRAS.

A cada trimestre, durante o projeto, foram acrescidas mais cinco palavras, totalizando 15 no final, mas com o sorteio, sempre, de apenas cinco.

A dinâmica desenvolvida para o projeto seguiu o seguinte modelo:

No dia marcado para a competição, os professores sortearam as palavras. As turmas tiveram três minutos para discutir entre elas e escolher um representante que seria o responsável pela resposta. Ela seria dada com o aluno fazendo a datilologia da palavra ou soletrando-a com as mãos.

Programada para dezembro, a grande final incluiu a soma das pontuações alcançadas durante o ano. Apenas as três turmas mais bem colocadas receberam destaque. Os alunos pequenos e os de Educação para Jovens e Adultos (EJA) ganharam medalhas de participação.

No decorrer do trimestre, os participantes deveriam sanar as dúvidas sobre os sinais mais utilizados, de acordo com os contextos.

Para tanto, usaram todos os recursos disponíveis (dicionários de LIBRAS, aplicativos de celular, tablets, vídeos, sites e, principalmente, a memória).

Desde que iniciamos a proposta, os alunos demonstraram motivação para memorizar palavras, que é uma habilidade que o surdo precisa desenvolver, já que a audição de fonemas não faz nenhum sentido para ele.

Assim como os alunos, os professores também tiveram a oportunidade de conhecer sinais de outras disciplinas.

A situação-problema, que causou inquietação entre professores e alunos, foi a diversidade de sinais para uma mesma palavra ou significado e a diversidade de palavras para o mesmo sinal ou significado.

Outra particularidade do projeto foi a diversidade de origem dos alunos – geográfica e escolar, com muitos deles vindos do ensino regular, no qual as experiências pedagógicas são sempre pensadas para ouvintes.

Todas essas questões nos fizeram pensar num projeto que motivasse alunos e professores para a aquisição da LIBRAS e da língua portuguesa escrita, envolvendo os vários níveis de conhecimento e de trocas de experiências.

Como fazer:

Uma das características da LIBRAS é a sua variação linguística. Cada estado pode usar sinais diferentes para os mesmos significados. Isso poderia causar dúvidas entre os professores, especialmente entre aqueles com pouca experiência na área da educação de surdos.

No contexto do projeto, os alunos tiveram a oportunidade de discutir sobre os sinais mais apropriados, esclarecendo dúvidas e trocando experiências com os colegas mais velhos. O fundamental era que se chegasse num consenso sobre os sinais mais utilizados pela comunidade surda da região Sul e da região metropolitana de Porto Alegre, onde está localizada Canoas.

Professores e alunos formalizaram suas escolhas. Alguns estudantes foram fotografados sinalizando palavras-conceitos. Tais registros compuseram a apostila que seria distribuída a cada um dos participantes.

Nela, estavam as fotos representando cinco sinais de cada disciplina e a escrita da palavra correspondente.

Nessa etapa do projeto, os professores foram incentivados a observar com cuidado os parâmetros da língua de sinais. Foram eles:

  • Ponto de articulação (onde é feito o sinal).
  • O Movimento (em que direção o sinal é feito).
  • As expressões não-manuais (pode ser feito com a bochecha ou expressões faciais que indicam o significado do sinal).
  • A orientação (os sinais podem ter uma direção ou até uma inversão, podendo indicar um contrário).

A etapa seguinte foi a de confecção de cartazes com as palavras-conceitos. As peças traziam gravuras simbolizando a ideia e os sinais dos alunos.

Passado o tempo de pesquisa, da confecção de materiais e dos estudos das apostilas, chegou o dia de início da competição. Para tanto, apresentamos as regras aos alunos, que foram agrupados por turmas (do 6º ao 9º ano).

A primeira experiência com o "Soletrando com as Mãos" saiu um pouco confusa, pois ainda não tínhamos pensado em escolher professores para controlar o tempo das respostas e fazer o registro das pontuações. Na segunda vez que realizamos a atividade, já tivemos o cuidado de delegar as tarefas a dois professores.

Uma das questões foi sobre a premiação dos participantes, depois da entrega do primeiro trimestre, quando homenageamos apenas as três turmas mais bem classificadas. Os professores das séries iniciais, que não concorriam, mas participavam das atividades, solicitaram que os seus alunos também recebessem uma medalha pela atuação, e isso foi aceito.

Outra questão nos preocupou: o tempo que os menores estavam levando para responder as perguntas. Pensamos em estratégias para amenizar, com os alunos maiores querendo a chance de pontuar.

A cada edição, percebemos o crescimento dos alunos e dos professores. Não posso negar que houve momentos em que outras demandas da escola prejudicaram etapas que precediam as competições. Mas, ainda assim, conseguimos respeitar as combinações e as datas, na expectativa de que essa atividade se torne cada vez mais enraizada no calendário de eventos da escola.

A participação do conjunto de professores e o apoio da equipe diretiva foram fundamentais para os bons resultados da proposta. Cada professor incentivou seus alunos, desafiando e motivando as equipes para obter uma boa pontuação.

O fato de o aluno poder pontuar individualmente e com o grupo colaborou para a aquisição da noção de responsabilidade coletiva.

A equipe diretiva da escola, além de apoiar o projeto, esteve sempre presente nos dias das competições, acompanhando e prestigiando os alunos.

As superações demonstradas pelos alunos da EJA, que não competiam, mas participavam e recebiam medalhas, também trouxe muita satisfação. Mesmo tendo aprendido LIBRAS mais tarde, pelo fato de terem ficado anos afastados da escola, esses alunos adultos percorreram o mesmo caminho dos demais colegas, obtendo avanços significativos a cada edição.

Um destaque especial deve ser dado à participação dos alunos das séries iniciais. Tem sido muito instigante ver suas mãozinhas articulando os sinais e soletrando as palavras devagarinho, com atenção, olhando para seus professores para saberem se haviam acertado; e sua felicidade ao serem aplaudidos com as duas palmas balançando no ar (a forma como aplaudimos em LIBRAS).

Aos poucos, as discussões sobre as configurações de mãos foram se tornando mais comuns na escola. Vimos alunos treinando no refeitório, nos corredores da escola, querendo mostrar o que já haviam aprendido.

Foi interessante observar que os professores também estavam conhecendo novos sinais e aprimorando seus conhecimentos, principalmente se considerarmos que a pesquisa sobre os sinais envolve habilidades como conhecer aplicativos, sites e grupos de estudos; trocar experiências com os alunos e colegas de outras disciplinas; observar os parâmetros da língua de sinais; refletir sobre o real entendimento dos alunos em relação ao significado das palavras.

Ao confrontarmos os diferentes sinais encontrados para o mesmo significado, aprofundamos nossos conhecimentos em discussões sobre os contextos de aplicação.

O exercício de soletrar as palavras com as mãos parece ser uma estratégia muito eficaz de aprendizagem para a aquisição da Língua Portuguesa pelo aluno surdo. Percebemos que depois que iniciamos o projeto na escola, os jovens se preocupam mais em memorizar as palavras-chaves das disciplinas.

Nas próximas edições, realizaremos uma experiência nova, agregando mais um desafio. O aluno terá de soletrar as palavras com as mãos e, depois, explicar o seu significado.

Embora os professores tenham ficado receosos quanto às respostas dos alunos, acreditamos que só faz sentido memorizar uma palavra se compreendermos o seu significado e se compreendermos sua importância na comunicação, ou seja, se ela faz sentido no contexto educativo.

Ideias novas têm surgido e novas experiências poderão ser executadas em breve. Pensamos em promover edições voltadas a um tema gerador, como a "Copa do Mundo" ou o aniversário da escola.

Os professores, em suas disciplinas, já têm autonomia para fazer a escolha das palavras-conceitos por temáticas ou unidades de ensino.

Sabemos que estão sempre procurando realizar atividades diferenciadas para envolver os alunos e motivá-los a estudar mais. Acreditamos que o projeto pode ajudar nessas expectativas.

Estamos pensando ainda em convidar uma ou mais escolas para participar do "Soletrando com as mãos".

Um momento ideal seria em setembro, mês das comemorações do Dia do Surdo. Outra forma para divulgar nosso trabalho seria a participação em seminários de educação bilíngue para surdos e movimentos surdos.

Quem sabe, no futuro, essa atividade possa evoluir para níveis mais altos de exigência, como a comunicação de ideias, mensagens ou frases?

Quem sabe possamos realizar uma competição entre as escolas de surdos? Quem sabe possamos divulgar o projeto para a Secretaria de Educação de nossa cidade?

Pensamos nessas possibilidades porque acreditamos que, além de se tratar de uma prática que estimula crianças e adolescentes à escrita da palavra, o projeto é mais uma ferramenta para a pedagogia bilíngue de surdos.

SAIBA MAIS

Veja informações interessantes em:
  • A Surdez, Um Olhar sobre as Diferenças
  • Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos

Rádio RM: a hora da revolução!

Área(s): Linguagens; Ciências Humanas.

Esta prática teve como objetivo criar uma web rádio para trabalhar o tema “200 anos da Revolução Pernambucana, Recife em cena da cultura popular”. Além disso, exercitar a oralidade e proporcionar a fluência na leitura, construir a própria identidade por intermédio do conhecimento da própria história e transmitir a Rádio RM (nome escolhido pelos alunos), colaborando para que as outras turmas conheçam a Revolução Pernambucana. 

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Língua Portuguesa e História.

Quando:

No decorrer do Ano Letivo

Materiais:
  • livros;
  • textos;
  • plataformas de edição;
  • notebook;
  • caixa amplificadora.
Habilidades trabalhadas:

EF35LP20; EF35LP17; EF35LP10; EF35LP15; EF04HI01; EF05HI01; EF05HI10

Professor(a) responsável:

Sandra de Amorim Silva Cavalcanti.

Escola:

Escola Municipal Rozemar de Macedo Lima, Recife (PE).

O que é:

O desafio era tornar um tema histórico, pouco conhecido, atraente para uma turma de 5º ano. A primeira ação, neste sentido, foi a criação de um jornal impresso. Propus aos alunos a criação de uma web rádio, a partir do jornal escrito, com a proposta de apresentar a Revolução Pernambucana à Escola Municipal Rozemar de Macedo Lima.

Como fazer:

A implementação da web rádio seguiu as seguintes etapas:

  • Apresentação da proposta à turma: na ocasião, foram levantados os conhecimentos dos estudantes sobre rádio: escutam? O que é? O que tem na programação de uma rádio? Quais rádios conheciam? E foi discutido o que seria uma web rádio.
  • Ouvir web rádios.
  • Definição do nome e do símbolo: no momento anterior, havia sido solicitado aos estudantes que pensassem num nome e criassem um símbolo para a rádio. Solicitei a votação para a escolha dos dois elementos.
  • Criação dos roteiros: a elaboração do primeiro roteiro dos programas aconteceu de forma coletiva. A partir dessa elaboração, dividi a turma em grupos de trabalho, cada um com um tema que deveria ser explorado. Assim, cada equipe criou o seu roteiro, que foi avaliado por mim. Quando necessário, realizei intervenções.
  • Coleta de dados: nesta etapa, cada equipe foi em busca da sua reportagem, entrevista ou notícia. Os alunos realizaram pesquisa em internet, pesquisa bibliográfica na biblioteca da escola, leitura dos livros coletados e assistiram a um vídeo.
  • Escrita final dos roteiros: após a etapa de coleta de dados, os grupos sistematizaram suas informações e escreveram o roteiro final do programa. Mais uma vez, os textos passaram pela minha avaliação.
  • Gravação: com a ajuda de uma multiplicadora, as equipes gravaram os programas e a vinheta.
  • Seleção de músicas: além do 5º ano B, outras turmas da escola sugeriram músicas. As selecionadas comporiam os programas.
  • Edição: as gravações foram editadas com o programa Audacity.
  • Publicação: após edição, os programas foram publicados no site Mixcloud.
  • Divulgação: elaborou-se, coletivamente, um fôlder de divulgação da web rádio. Alguns estudantes foram selecionados para visitar as turmas e os demais espaços da escola (direção, cozinha, portaria, biblioteca...). Para realizar a divulgação da web rádio e entregar os fôlderes. O mesmo material impresso foi entregue, posteriormente, por mim, aos pais, durante o Conselho Pedagógico.
  • Inauguração: após a publicação, a escola se reuniu para ouvir no pátio a "Rádio RM" (nome escolhido).
  • A rádio em ação: após a inauguração, a rádio ficou disponível para acessos. E semanalmente, passou a haver a transmissão de um programa no pátio da escola, sempre às quintas-feiras, às 14h30.
  • Culminância: aconteceu durante "Mostra Artístico Literária", em novembro de 2017, com uma transmissão ao vivo. A rádio continuou a veicular novos programas após este momento de culminância do tema anual.

Dica!

A criação de uma web rádio pode ser feita por qualquer professor, pois a plataforma "Mixcloud" é gratuita e ilimitada para a hospedagem de material de web rádios e podcasts, entre outros trabalhos de áudios. Para hospedar seu trabalho na plataforma, basta realizar um cadastro.

O acesso para ouvir os programas postados é livre.

Para criar a web rádio, é preciso dominar alguns conhecimentos, como gravar áudios, usar algum programa de edição e criar vinhetas.

A web rádio contribui diretamente no trabalho de escrita e leitura, pois realiza constantes produções escritas e revisões destas.


Empreender, aprender, tecer e ser: por um mundo mais justo e melhor!

Área(s): Matemática e Ciências Humanas.

Esta prática pretendeu focar na interpretação de problemas matemáticos e na produção de textos, envolvendo a ação no contexto da realidade do bairro da escola. Além disso, trabalhar com o tema “Empreendedorismo”, partindo de um olhar sobre a periferia, onde está localizada a escola, considerando a grande quantidade de famílias afetadas pelo desemprego.

Componente(s): Matemática e Geografia.
Quando: Em qualquer momento do ano letivo.
Materiais:
  • televisão;
  • acesso à internet (no laboratório de informática, se possível);
  • caixas de papelão;
  • material para maquete sustentável, como sucata e material reaproveitado.
Habilidades trabalhadas: EF04MA26; EF04MA27; EF04MA28; EF05MA22; EF05MA23; EF05MA24; EF05MA25; EF04GE04; EF04GE07; EF04GE08; EF04GE09; EF04GE10; EF05GE03; EF05GE04; EF05GE05.
Escola: EMEF Maria Guilhermina de Castro, Cariacica (ES).
Professor(a) responsável: Antonieta Schimith Manhaes.

O que é:

A turma do 4º ano B da Escola Maria Guilhermina de Castro, em Cariacica (ES), é composta de vários alunos de periferia, cuja base econômica são os pequenos comércios e prestadores de serviço. Por isso, foi de extrema importância pensarmos num trabalho pedagógico baseado no tema “Empreendedorismo".

O planejamento foi dividido em quatro etapas. Tivemos, por exemplo, a apresentação de vídeos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequena Empresas (SEBRAE), pesquisas, texto coletivo, confecção de maquete sustentável e exposição dos trabalhos.

Dando continuidade ao estudo do livro didático de Geografia, cujo assunto era o comércio nas cidades, foi proposto à turma o planejamento de um negócio próprio (comércio ou serviço).

Para esse desenvolvimento, utilizamos a galeria de vídeos do SEBRAE e os conteúdos do nosso livro didático.

No início do trabalho, usei estratégias de incentivo ao empoderamento dos alunos, por meio de conversas e explicações dos conteúdos. Procurei também estimular esses jovens para que se tornassem protagonistas de suas vidas.

Para reforçar essa ação, apresentei histórias de pessoas conhecidas ou por eles desconhecidas.

Ao longo do tempo, os professores de Arte e Educação Física foram convidados a participar do projeto.

A partir de relatos dos próprios alunos, coletamos, na sala de aula, informações sobre produtos e serviços existentes nas comunidade. Um aluno, por exemplo, comentou sobre os pães caseiros feitos pela mãe – ingredientes, tempo de preparo etc.

Outro estudante mencionou uma tia, que prestava serviços como cuidadora.

Como fazer:

As etapas do trabalho foram estruturadas com auxílio da pedagoga da escola. Considerando que os diagnósticos já haviam sido realizados no primeiro mês letivo, a primeira etapa do projeto aconteceu em apenas duas semanas, no espaço de tempo entre a apresentação da proposta, com base nos vídeos, e a formação de duplas de trabalho.

A segunda etapa consumiu uma semana. Seu foco foi o desenvolvimento do projeto de empreendedorismo de cada dupla.

Em casa, os alunos pesquisaram sobre as potencialidades de cada família. Na sala de aula, discutimos como essas potencialidades poderiam ser canalizadas.

Os alunos construíram um texto coletivo sobre empreendedorismo. Como complemento, um gráfico do tipo "pizza" foi elaborado para mostrar a divisão entre os alunos que, como tema, optaram pelo comércio e pela prestação de serviços.

Texto e gráfico construídos, foi proposto um levantamento entre os moradores da comunidade sobre os comércios e prestadores de serviços mais conhecidos no bairro escolar.

Com esses dados, trabalhamos numa maquete plana, construída com uma caixa de sapatos. Nela, representamos o bairro, com seus comércios e serviços.

Os demais alunos da escola foram convidados a visitar a maquete, exposta num corredor. Tendo como referência a miniatura construída, os estudantes foram convidados a pensar, novamente, sobre suas ideias originais de empreendedorismo. Os alunos deveriam confirmar ou mudar as escolhas. Também foram incentivados a formar novas duplas de trabalho. Essa parte do projeto durou duas semanas.

Os alunos que tiveram seus planos de negócio (comércio ou serviço) eleitos preencheram um novo documento, mais minucioso, sobre como seria desenvolvimento de suas ações até formarem o próprio “empreendimento”.

Tal simulação, que buscou entender e agir sobre uma carência real identificada, foi a terceira etapa. Durante três semanas, os alunos tiveram a incumbência de elaborar as propostas de marketing e expor as ideias de seus planos de negócio.

A avaliação dos resultados aconteceu durante três dias. Foram produzidos fanzines sobre empreendedorismo. Numa determinada data, as famílias foram à escola para conhecer as produções.

SAIBA MAIS

Veja informações interessantes em:
  • Novas tecnologias e mediação pedagógica
  • Ligados.com: Geografia
  • MEI
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Pequenos autores: navegando entre mitos e lendas das ilhas que bailam

Área(s): Língua Portuguesa.

O objetivo desta prática foi incentivar o hábito da leitura crítica e reflexiva entre os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental e prepará-los para os desafios do próximo ciclo de estudos em outra instituição.

Componente(s): Língua Portuguesa .
Quando: Em qualquer momento do ano letivo.
Materiais:
  • lápis;
  • papel;
  • celular;
  • scanner.

Habilidades trabalhadas: EF35LP07; EF35LP09; EF35LP12; EF04LP03; EF15LP08; EF15LP09; EF15LP16.
Escola: Escola Municipal Vila Progresso, Macapá (AP).
Professor(a) responsável: Paulino Rocha Barbosa.

O que é:

O projeto teve como objetivo contribuir com os alunos do 5º ano em sua preparação para ingresso no 6º ano, em outra escola. Em sintonia com os objetivos da escola, procuramos colaborar na missão escolar de incentivar a leitura crítica e reflexiva desses jovens, num contexto de alfabetização já consolidada.

Para alcançar as metas de produção escrita de histórias e posterior socialização dos conteúdos pela leitura, busquei temáticas relacionadas ao contexto local dos alunos. O objetivo final era a elaboração de cartilha com os textos dos alunos.

Também surgiu a ideia de os alunos produzirem radionovelas, cujos roteiros seriam as próprias histórias narradas. Para desenvolver o hábito da leitura, começamos pela escrita de histórias que circulavam na comunidade, valorizando o conhecimento prévio dos alunos, os saberes tradicionais e a cultura local.

Tudo isso foi baseado na teoria desenvolvida por Piaget e Ferreiro, que é a de construção de conhecimento tendo o aluno como sujeito ativo e o professor como mediador do processo ensino-aprendizagem.

No desenvolvimento do projeto, planejei coisas bem simples, para que não trouxessem custos à escola, que sobrevive com um orçamento reduzido.

Por isso, parte do projeto foi desenvolvido basicamente com lápis, papel e vontade de aprender.

Apesar de sua simplicidade, o projeto foi uma oportunidade para aprender vários conteúdos nas diferentes áreas do conhecimento, e de forma interdisciplinar e contextualizada.

Ele possibilitou o desenvolvimento da escrita por meio do estudo da coesão textual, da ortografia e da gramática. Utilizou também recursos da História, na concretização do objetivo de retratar o povo ribeirinho, com, por exemplo, seus meios de transporte, seu modo de ser e de viver.

Geografia, por sua vez, contribuiu com informações sobre aquele meio, formado por ilhas e rios.

O suporte de Ciências se deu com explicações sobre fenômenos naturais que assolam a região, como a erosão e o desmatamento, e sobre plantas medicinais e extração de óleos naturais.

Já a disciplina Matemática colaborou com conhecimentos para a medição do tempo, das grandezas e dos espaços. Todos esses conteúdos presentes nas histórias narradas foram aprofundados em sala de aula.

O projeto foi desenvolvido para ser realizado na sala de leitura, no contraturno escolar. Porém, a recorrente falta de energia elétrica na escola nos levou para outros espaços: corredores, o refeitório, embaixo de árvores, nas pontes perto do rio e até nas arquibancadas do campo de futebol.

Como fazer:

Os alunos do 5º ano formavam uma clientela já alfabetizada, mas com dificuldades no desenvolvimento da leitura (interpretativa e reflexiva). Além disso, muitos demonstravam não gostar de ler. A preocupação da escola era garantir uma alfabetização consolidada a esses alunos, para que pudessem prosseguir seus estudos em outras escolas sem maiores dificuldades.

Para isso, foi preciso ouvir os “gritos” dos alunos, seus desejos e suas repulsas. “Gritos” que, muitas vezes, não estão explícitos num pedido de socorro, mas escondidos nas ações ou atrás de um discurso informal.

Dessa forma, a observação e o diálogo foram instrumentos importantes para a confirmação do diagnóstico inicial oferecido pela escola e para o planejamento das ações. Seguindo os ensinamentos de Paulo Freire, com sua pedagogia dialógica, parti para a ação.

Os alunos me deram muito mais elementos do que eu procurava ou necessitava para escrever um bom projeto de leitura.

Durante o processo de observação e conversas informais, os alunos foram se mostrando apaixonados por histórias sobre a cultura e o folclore locais, ou seja, sobre seus contextos de vivência.

E esse foi o nosso ponto de partida. Nesse contato inicial, os alunos me deram muito mais elementos do que eu procurava ou necessitava para escrever um bom projeto de leitura.

De início, fiz um levantamento do acervo da sala de leitura da escola e descobri uma grande variedade de livros literários infantis e infanto-juvenis, a maioria deles ainda guardada em caixas, sem nunca ter sido usada.

Marquei algumas aulas na sala de leitura. Deixei os alunos livres para que escolhessem os livros que quisessem ler.

No início, foi aquele alvoroço. Houve até briga para pegar este ou aquele exemplar. Depois do fogo inicial, os livros foram sendo esquecidos nas mesas. Quando eu percebi que ninguém mais estava lendo, reuni todos para que contassem as histórias que haviam lido.

Para minha surpresa, eles não souberam contar quase nada. Alguns tentaram até inventar histórias. Outros sequer lembravam o título do livro que haviam folheado.

Concluí, então, que o diagnóstico inicial apresentado pela escola procedia. Embora eu não concordasse com a afirmativa de que os alunos não gostavam de ler, uma coisa parecia evidente: aquele tipo de leitura não os atraía.

Estava lançado um grande desafio: descobrir o tipo de leitura de que eles gostavam para, assim, propor atividades voltadas àquele interesse.

Tudo começou a ganhar rumo quando um aluno me perguntou se eu sabia contar histórias. Disse que sim. Então, me desafiou a contar uma. Comecei a contar a história que acabara de ler num dos livros da sala.

Imediatamente fui interrompido pelos alunos dizendo que não queriam essas pois eram "muito chatas”. Perguntei, então, que histórias eles gostariam de ouvir. Os alunos falaram em histórias de fantasmas, da "mãe do mato", de assombração etc., daquelas que seus pais contavam, segundo eles. Só que aquelas histórias não estavam em nenhum livro. Eu não saberia contá-las.

Foi aí que devolvi o desafio para a turma: como atividade, os alunos contariam as histórias da comunidade – de pescadores, agricultores, da floresta, dos rios.

O acervo era interminável. Estávamos diante de um imenso patrimônio imaterial que poderia ser retirado da memória das pessoas mais velhas, um patrimônio repassado oralmente de geração em geração por anos.

Era preciso fazer algo para que outras pessoas também pudessem ter acesso àquele conhecimento tradicional, muitas vezes ignorado pelas escolas, mas que deve ser um importante ponto de partida para gerar novos conhecimentos.


Na primeira aula, apresentei o projeto aos alunos. Em seguida, listamos todas as histórias que conheciam. Esse foi um ponto importante, uma vez que o professor precisa saber dessas histórias previamente para pesquisar sobre elas e contribuir com a turma.

Feito isso, foi escolhida uma história para ser trabalhada na oficina da semana seguinte. Todos os alunos ficaram encarregados de pesquisar sobre aquela história em suas famílias.

Na semana seguinte, a aula começou com uma roda de diálogo. Cada aluno expôs o que havia descoberto. Foi um momento da troca de conhecimentos. No quadro, fui registrando as principais contribuições.

O primeiro contato dos alunos com a produção dos textos foi um desastre, pois essa prática quase não havia sido trabalhada na sala de aula regular. Ficou claro que os alunos tinham muita facilidade para contar as histórias oralmente, mas não conseguiam reproduzir o conteúdo pela escrita.

Os alunos escreviam direto, sem pontuação ou parágrafos, e com muitos erros ortográficos. Os textos, geralmente, não tinham unidade e coesão textual.

Mas, ainda assim, saiu. Eles sabiam que tinham de escrever, mas não sabiam como fazer isso.

Durante o processo, os alunos perguntavam para mim e para os colegas sobre a correta grafia. A classe se tornou um grande espaço de aprendizagem de gramática e ortografia. O professor ajuda, o colega ajuda, e todos vão construindo seus conhecimentos juntos.

A contribuição do dicionário foi fundamental. Os alunos também gostaram de escrever no quadro as palavras das quais tinham dúvidas sobre a correta grafia. Assim, ficou mais fácil a explicação das regras. A dúvida de um poderia ser a dúvida do outro.

Depois do texto pronto, era hora de voltar para casa. Na mochila, os alunos levaram um novo texto para ser corrigido e lido com a ajuda da família. Infelizmente, nem todos os alunos receberam essa ajuda em casa, pois havia pais que não eram alfabetizados. Mas o simples fato de eles escutarem a leitura dos textos dos filhos ajudou muito.

No encontro seguinte, sentei com cada aluno para verificar seus textos. Os erros gramaticais e ortográficos foram pontuados para correção pelos próprios alunos. Pela leitura, foi possível fazer com que os alunos percebessem, por exemplo, a necessidade de colocação ou retirada de pontuação e acentuação.

Naquele momento, fizemos uma organização dos textos. Os parágrafos foram sendo redefinidos para que houvesse coesão no conteúdo.

Fiz anotações sobre as principais dificuldades para que fossem trabalhadas posteriormente.

Até aquele momento, os textos eram feitos em folhas de rascunho, muitas delas reaproveitadas de cadernos do ano anterior. Com as correções feitas, os alunos deveriam reescrever a história na sua cartilha e, em seguida, fazer uma ilustração e dar um título à produção.

A etapa seguinte foi a da leitura dos textos em sala de aula, para que as histórias fossem socializadas. Cada aluno escreveu de acordo com a sua visão de mundo.

No início do projeto, os alunos ainda sentiam muita vergonha de ler em público. Não forcei alguma situação. A superação do medo deveria acontecer naturalmente. Meu papel foi incentivá-los para que não desistissem

Depois que cada um fez a sua leitura, abri um momento para comentários dos colegas. Esse foi também um momento para a proposição de algumas situações de aprendizagem.

Um dos maiores incentivos ao projeto veio de um aluno, mas não de forma intencional. Certo dia, cheguei cedo na escola e percebi algo incomum. Não ouvi algazarra, como sempre ocorria.

Todos estavam juntos, como se estivessem vendo ou ouvindo algo muito interessante. Logo reconheci um garoto no meio dos alunos, com sua cartilha na mão. Eles estavam saboreando a história produzida e contada por aquele aluno. Fiquei emocionado. Foi um daqueles momentos em que todo o esforço para promover a educação é compensado.

A partir daquele dia, propus a socialização das histórias com a turma da Educação Infantil. Semanalmente, os alunos foram até a sala das crianças para contar suas histórias, vencendo a timidez inicial.

Segundo o planejamento, para que a cartilha fosse produzida, cada aluno teria de digitar sua produção nos computadores da escola. Para tanto, os estudantes teriam aulas de edição de textos.

Outro objeto de sistematização do conhecimento pensado pelo projeto foi a produção de radionovelas, tendo como enredo as histórias narradas pelos alunos. As gravações foram feitas em aparelhos celulares para posterior edição pelo professor.

Prontas, as radionovelas foram apresentadas aos alunos e, depois, disponibilizadas para outros professores usarem em salas de aula.

A radionovela é um importante instrumento de educação, pois contribui para desenvolver a imaginação e a fantasia da criança.

A cartilha e a radionovela foram lançadas para a comunidade no final de 2018.

Após o cumprimento das metas iniciais, novos objetivos foram acrescentados ao projeto, que prossegue em seu andamento na escola.

Os resultados obtidos até agora dão ideia de seu sucesso no aprendizado dos alunos. Isso porque o projeto ofereceu à escola a oportunidade de trabalhar diversos conteúdos nascidos das necessidades dos alunos.

Paralelamente a isso, estamos resgatando o folclore local, muitas vezes esquecido no imaginário das pessoas mais velhas, e, acima de tudo, estamos ensinando, aprendendo e socializando este saber com outras pessoas.

O projeto foi pensado para a sala de leitura, mas pode facilmente ser trabalhado em sala de aula regular, pela possibilidade de exploração das diversas áreas do conhecimento.

Ponto importante a destacar foi o envolvimento dos pais nas atividades e na evolução dos filhos na escrita e na leitura.

Por não exigir participação obrigatória das crianças, o projeto poderia ter enfrentado problemas de aceitação, mas a frequência dos alunos mostrou exatamente o contrário. Quase a totalidade da turma participou ativamente do projeto de forma espontânea. Outro ponto importante a destacar foi o envolvimento dos pais nas atividades e na evolução dos filhos na escrita e na leitura.

Mesmo não sendo uma atividade da grade curricular, os alunos tiveram sua frequência controlada. Ao final de cada de cada oficina, receberam pontuação pelas etapas executadas. O objetivo não foi medir o quanto o aluno já tinha aprendido, mas, sim, valorizar a participação nas atividades. A pontuação fez parte do certificado que cada um recebeu no final do ano.

O projeto deu tão certo que, em 2018, foi incluído no Projeto Político-Pedagógico da escola.

Vale destacar que as “ilhas que bailam”, que aparecem no título do projeto, referem-se ao nome do lugar “Bailique”, que na linguagem indígena significa “o doce bailado dos pássaros”.


Quem não tem dinheiro conta história! E quem tem, conta também!

Área(s): Matemática.

Esta prática teve como objetivo desenvolver nas crianças o pensamento e a capacidade crítica de resolver e elaborar problemas envolvendo cálculos. Além disso, estimular a produção de texto, a leitura e o espírito empreendedor.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Matemática.

Quando:

No decorrer do ano letivo.

Materiais:
  • cédulas impressas;
  • materiais diversos provenientes de doações;
  • filmes;
  • livros.
Habilidades trabalhadas:

EF04MA03; EF04MA04; EF04MA05; EF04MA06; EF04MA07; EF04MA08

Professor(a) responsável:

Gleidiston Wallen Moura da Silva.

Escola:

EMEIF Valdemar Pinheiro da Silva, Tracuateua (PA).

O que é:

Tratou-se de um projeto diferenciado de ensino-aprendizagem de Matemática. Envolvente e contagiante, a iniciativa se deu por meio de ações desafiadoras que favoreceram o desenvolvimento do senso crítico, a cidadania e a autonomia para a construção e o desempenho de atividades cotidianas dentro e fora da escola.

Como fazer:

Nessa primeira etapa, começamos a estudar o dinheiro – sua história, como surgiu e como é fabricado. Fizemos isso de forma interdisciplinar, trabalhando as disciplinas de História, Língua Portuguesa e Matemática.

Levei para a sala de aula vídeos sobre a história do dinheiro e como são fabricadas as cédulas na Casa da Moeda. Essa parte introdutória do projeto foi de suma importância, pois gerou o interesse das crianças pelo mundo dos números e, consequentemente, pelo cálculo.

Continuando com os conteúdos de História, apresentei um livro com as moedas do Brasil até os dias atuais.

Solicitei aos alunos que trouxessem de casa moedas ou cédulas antigas para que pudéssemos identificar quais eram as mais antigas e comparar com as moedas e cédulas que circulam hoje.

Para que todos se empenhassem na tarefa, resolvi dar uma pequena premiação a quem trouxesse a moeda ou a cédula mais antiga. Essa atividade proporcionou às crianças conhecerem e manipularem verdadeiras relíquias históricas do Brasil. 

Após trabalharmos as moedas nacionais, foi hora de conhecermos as moedas e cédulas de outros países. As crianças ficaram encantadas com a quantidade diversificada de dinheiro existente no mundo.

Posteriormente, pedi a elas que descrevessem as cédulas de que mais tinham gostado. Comparamos as cores, os desenhos, os nomes. Sugeri que desenhassem uma nova cédula, com um novo nome, usando um novo animal da nossa fauna e um rosto de alguém que considerassem importante para o país.

Essa atividade se tornou uma das mais interessantes. Nela, pude observar o conhecimento das crianças sobre Ciências (animais de nossa fauna), História (personalidades importantes do Brasil) e Artes (desenho e criatividade).

O estudo do dinheiro despertou ainda mais o interesse dos alunos pelo mundo dos números. Para sustentar esse interesse ao longo do projeto, propus a criação de um dinheiro que eles utilizassem para pequenas compras dentro da classe. Para tanto, seriam "comercializados" alguns produtos doados por mim.

Antes disso, tínhamos de dar um nome à nossa moeda. Fizemos uma pequena eleição, e o nome mais votado foi o quants.

Para que os alunos recebessem o quants, foi planejada a criação de um banco que funcionaria dentro de nossa turma.

Como eu precisaria de ajudantes para lidar com o pagamento e mais da metade da turma se candidatou para o trabalho, veio a ideia de um processo seletivo, uma espécie de concurso público para que selecionássemos os "funcionários" do banco.

Tendo em vista que concursos públicos são realizados por meio de provas, aproveitei para realizar mais um teste diagnóstico, a fim de saber como a turma estava caminhando.

Por meio dele, selecionei os seis alunos que demonstraram ter melhor domínio sobre cálculos para me ajudar no Banco Quants.

No decorrer do ano letivo, reconfigurei o projeto, expandindo-o para outras turmas da escola. Em vez de receber o dinheirinho em troca das presenças, os alunos precisariam trabalhar para consegui-lo.

Foi, então, que surgiu a ideia da "Feirinha Cidadã", uma espécie de comércio beneficente em que as crianças precisariam arrecadar doações para colocá-las à venda na escola, dando oportunidade à prática cidadã e à solidariedade, ampliando os conhecimentos dos alunos sobre empreendedorismo.

Após as noções de como trabalhar com dinheiro, iniciamos a etapa seguinte, que consistiu no planejamento da feirinha.

As crianças fizeram campanha em casa e na escola para arrecadar doações de artigos usados, como brinquedos, roupas e sapatos, que seriam colocados à venda na feirinha. Com as doações chegando, as equipes foram orientadas a selecioná-las, fazer uma lista dos produtos e atribuir a eles um "valor de mercado" para a venda.

Deixei que fizessem da forma que achassem melhor. Contudo, notei que algumas equipes colocavam preços muito altos, enquanto outras, preços muito baixos.

Tive de intervir e orientá-las quanto ao retorno dos investimentos. Caso seus preços fossem muito baixos, teriam prejuízo. Se estivessem muito altos, correriam o risco de não vender.

Ao longo do planejamento da feirinha, as equipes propuseram que fizéssemos também promoções. 

Como havia seis equipes, cada uma delas foi orientada a criar uma lojinha que funcionaria na "Feirinha Cidadã".

Para isso, os comércios precisariam de nomes de identificação. Cada um deles recebeu uma espécie de empréstimo/financiamento para que começasse suas atividades.

A quantia emprestada foi de 300 quants por equipe. Com esse valor, seria possível alugar espaços na escola, alugar mesas para expor produtos e investir em mercadorias.

Cada lugar na escola foi identificado como um ponto de aluguel. O valor atribuído aos negócios teve relação com seu tamanho e sua localização.

Dessa forma, as equipes poderiam escolher o melhor lugar de acordo com suas necessidades. Ao final da feirinha, o valor emprestado precisaria ser devolvido. Dessa forma, as equipes teriam de aprender a se planejar.

Os grupos foram orientados a criar placas de identificação para suas lojas. Disponibilizei uma aula para a confecção do que seriam as fachadas de suas lojinhas. O trabalho em equipe me ajudou bastante, por conta da diversidade de conhecimentos existente na turma. As equipes trocaram experiências, conversaram e, acima de tudo, foram respeitosas em relação aos colegas.

Com as lojinhas já identificadas, promovi uma espécie de comércio varejista dentro da nossa turma. Como eu também havia arrecadado algumas doações, resolvi colocá-las à venda para as crianças.

Da mesma forma, pedi a cada equipe que colocasse seus itens à venda. O que eu não havia previsto é que a minha oferta seria menor do que a demanda. Isso gerou confusão, pois havia vários compradores para o mesmo produto.

Assim, o que era para ser um comércio varejista acabou se tornando um leilão. Levava o produto a equipe que pagasse o melhor preço.

Resolvido esse imprevisto, começou a comercialização interna das lojas. As equipes poderiam comprar, trocar e negociar seus produtos com os de outras equipes.

As crianças podiam conversar entre si, trocar e comercializar mercadorias, praticar a solidariedade, doando mercadorias para os colegas com poucas doações. Terminado o comércio interno, foi hora de organizar os produtos, colocá-los em caixas, identificá-los e guardá-los para o dia seguinte, quando seria realizada a feirinha.

As equipes começaram a montar suas lojinhas antes mesmo de eu chegar na escola. Observar as vendas foi uma experiência educacional indescritível.

Na última etapa do trabalho, as equipes precisaram se juntar para calcular quanto tinham vendido, quanto estavam devendo para o banco e qual havia sido o lucro, que seria dividido entre elas.

Feito isso, cada aluno escreveu uma espécie de relatório individual, destacando os pontos positivos e negativos da feirinha.

Logo após, as equipes elaboraram um relatório de vendas, também destacando o que havia dado certo e o que havia dado errado.

Saiba mais

Usar o dinheirinho nas aulas me possibilitou observar e avaliar a habilidade dos alunos na realização de cálculos com autonomia. Isso possibilitou uma aprendizagem mais significativa e efetiva do ponto de vista social e financeiro, aproximando os conteúdos da sala de aula da realidade vivida pelas crianças.

Para delimitar o campo de aplicação do projeto, escolhi trabalhar com os números (1a unidade temática da Base Nacional Comum Curricular de Matemática do 5º ano).

Usei o dinheirinho de brinquedo como base, o que possibilitou ver a presença da matemática no cotidiano dos alunos, por meio de situações reais.

Trabalhamos, por exemplo, a habilidade de associar as representações 10%, 25%, 50%, 75% e 100%, respectivamente, à décima parte, à quarta parte, à metade, a três quartos e a um inteiro, no cálculo de porcentagens. Utilizamos, para isso, estratégias pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação financeira, entre outros. Também resolvemos e elaboramos problemas de adição, subtração, multiplicação e divisão com números naturais e com números racionais, cuja representação decimal seja finita, utilizando estratégias como o cálculo por estimativa, o cálculo mental e algoritmos.


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