Cidadania no Trânsito: formando valores para o futuro

Área(s): Linguagens.

O objetivo desta prática foi trabalhar o tema “Trânsito” de forma contextualizada para a compreensão dos alunos sobre a necessidade de organização e ética dos motoristas na frente da escola nos horários de entrada e saída das turmas.

Componente(s):

Educação Física


Quando:

Durante o ano letivo.


Materiais:

Livros e materiais de pesquisa em geral.

Habilidades trabalhadas:

EF35EF04; EF35EF08.

Escola:

Escola Municipal Martinha Thury Vieira, Boa Vista (RR).

Professor(a) responsável:

Daniele Maquine Rodrigues.

O que é:

Trabalhei com a realidade dos alunos para conscientizar a comunidade escolar sobre a necessidade de um trânsito seguro e baseado no respeito a partir de uma eficiente educação sobre o assunto.

Como fazer:

As ações executadas seguiram os objetivos das Diretrizes Nacionais no Ensino Fundamental, sendo trabalhadas em etapas, conforme especificadas a seguir:

Realizada em março de 2017, a apresentação para os alunos foi feita em visita às salas de aula e em conversas na disciplina de Educação Física. Os familiares conheceram os objetivos e aprovaram a proposta em reunião de pais e mestres.

Nesta etapa, os alunos do 5o ano realizaram pesquisas sobre o trânsito em Roraima (índices de acidentes, quantitativo de veículos, motoristas, multas etc.).

Por se tratar de atividade complexa, dividimos os assuntos por grupos, num sorteio. A divisão da turma, por sua vez, foi realizada numa brincadeira. Ao som de música agitada, os alunos se movimentaram pela sala à vontade, mexendo os braços rapidamente. Quando a música parava, os alunos tinham de fazer pares, depois trios e, por fim, quartetos. No entanto, não poderia haver grupos só de meninos ou só de meninas. Usei essa divisão como metodologia alternativa para possibilitar a participação de todos os estudantes.

Tomei cuidado para que os grupos ficassem equilibrados quanto à diversidade de conhecimentos. No decorrer das atividades, fiz algumas alterações nos grupos iniciais.

Essa fase de pesquisa foi gratificante, pois os alunos se empenharam bastante, trazendo de casa informações pesquisadas com as famílias. Revistas em quadrinhos e manuais de trânsito serviram de suporte para a execução dessa etapa.

As pesquisas foram transmitidas às demais turmas em palestras realizadas pelos próprios alunos, que apresentaram também curiosidades sobre o trânsito e deveres dos motoristas e passageiros, entre outros assuntos.

No início notei timidez nos alunos, pois nunca haviam participado antes daquele tipo de apresentação. Mesmo trabalhando juntos, continuavam nervosos com a tarefa. Então, para incentivar a independência, disponibilizei uma caixa de som e microfones para os pequenos palestrantes.

Todos ficaram contentes e mais confiantes. O interessante foi que aqueles que estavam tímidos, a partir daquele momento quiseram usar o microfone e falar. Oralmente, os alunos foram se apropriando de novas aprendizagens. A atividade diferenciada possibilitou aos maiores (5o ano) mostrar aos menores (4º ano) o que haviam aprendido.

Após as apresentações, foi a vez dos alunos das turmas do 4o ano mostrarem seus talentos na produção de placas de sinalização. Como base, produzi uma placa de sinalização mostrando o passo a passo do trabalho.

Os alunos utilizaram materiais alternativos, como papelão, cabos de vassoura, latas de leite, emborrachados e papel contact. Assim como nas turmas de 5o anos, houve formação de grupos. Fiquei contente, pois percebi que eles conversaram e compartilharam materiais, demonstrando envolvimento com a atividade.

As maquetes foram produzidas pelos alunos do 4o ano com o auxilio da professora de Arte. Com isso, puderam expressar criatividade e capacidade.

Cada peça do circuito foi produzida separadamente. Para essa etapa, houve a colaboração dos alunos do 5o ano. Enquanto uma turma produzia a faixa de pedestres, o semáforo e a lombada, a outra confeccionava os carrinhos, a faixa de ciclistas e a rua de passeio.

Ao final, todos perceberam que poderiam cooperar e vivenciar a uma prática cidadã para a melhoria do trânsito, enfatizando o direito de ir e vir dos indivíduos.

Busquei o desenvolvimento da turma por meio da expressão, da coordenação motora e da representação de ideias. Fiz isso estimulando a criatividade, o compartilhamento de materiais e a troca de informações na produção de desenhos e pinturas relacionadas ao trânsito. A turma também criou desenhos com frases.

Aos alunos do 5º ano, foi proposta a criação de esquetes teatrais sobre o trânsito para apresentação na frente da escola nos horários de saída e entrada de alunos. O objetivo era o de contribuir para uma reflexão e uma possível melhoria do trânsito local, principalmente nos horários de pico. Procuramos também enfatizar o direito de ir e vir das pessoas.

Ao final solicitei aos alunos que pensassem numa forma de compartilhamento da produção. Surgiu ali a ideia de apresentação dos esquetes também à comunidade escolar, valorizando a independência dos movimentos e a utilização da linguagem expressiva. Ficaram evidentes o empenho, o companheirismo, a dedicação, a reponsabilidade e a habilidade corporal da turma.

Nas aulas de Educação Física, os alunos foram incentivados a trabalhar o corpo e a mente. Inicialmente, houve certa resistência dos alunos para a execução das atividades propostas. Apresentei vídeos com paródias para facilitar a compreensão e incentivar a produção da turma. Os familiares dos alunos também deram sua contribuição, já que os alunos precisaram concluir a tarefa em casa.

Para trabalhar a interação em casa e a expressão corporal da turma, os alunos realizaram entrevistas com os pais e familiares. Esse trabalho foi executado em três etapas. Foram elas:

Etapa 1:

As turmas do 4o ano elaboraram, em sala de aula, as perguntas para a entrevista com a família. Foram selecionadas sete questões (objetivas e subjetivas).

O objetivo principal da entrevista foi alertar os pais e/ou responsáveis sobre a importância de seus atos na frente da escola na chegada e na saída das crianças. Buscou-se também obter deles sugestões para minimizar e/ou solucionar o problema encontrado, fortalecendo a reflexão familiar sobre mudança de atitudes

Etapa 2:

Os alunos registraram as entrevistas como fotos e relataram suas experiências durante o diálogo em casa. Os resultados foram apresentados pelos próprios alunos durante a reunião de pais e mestres.

Etapa 3:

As entrevistas foram realizadas com 65 pessoas. Dos entrevistados 58% tinham Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os demais não tinham habilitação ou eram ciclistas e pedestres.

As entrevistas mostraram também que 66% tinham algum tipo de transporte e o utilizavam para deixar e/ou buscar alunos na escola. Dos participantes da pesquisa, 15% admitiram que já haviam recebido multas de trânsito e 37% já havia participado de algum acidente. Nenhum entrevistado, porém, admitiu ter causado qualquer acidente de trânsito. 

Os entrevistados também avaliaram as condições de trânsito em frente à escola: "ruim" para 35%, "péssimo" 28%, "bom" para 29% e "ótimo" para apenas 8%. Entre as justificativas para a insatisfação, destacaram-se a falta de sinalização e de bom senso dos motoristas.

Para evitar contratempos, a maioria informou, por exemplo, que procurava chegar à escola bem antes dos horários de entrada e saída de alunos.  Apenas um dos entrevistados confessou que ficava estressado nessas ocasiões, chegando a buzinar algumas vezes por causa do desrespeito dos demais condutores, que paravam seus carros em lugares inadequados.

As entrevistas com os pais serviram também para a coleta de sugestões para melhorias no trânsito nas imediações da escola e na comunidade. Ficou clara, por exemplo, a necessidade de haver a devida sinalização de trânsito na frente do prédio. A sugestão foi encaminhada à Superintendência Municipal de Trânsito.

Aquecimento dos Ciclistas:

Para essa atividade, formei duplas com alunos do mesmo biotipo. Forneci colchonetes para que os alunos deitassem de barriga pra cima unindo os pés. Ao meu sinal, os executavam movimentos (pedaladas) como se estivessem em bicicletas. Ao som do apito, os alunos paravam e, então, reiniciavam os movimentos.

Sinaleiro:

Organizados em fileiras, os alunos atuaram como se fossem veículos. Com o auxílio de cartões nas cores amarelo, verde e vermelho, eles deveriam seguir os comandos de andar, correr e parar. O objetivo foi trabalhar o respeito aos sinais de trânsito.

Álcool e Direção não Combinam:

Desenhei uma linha reta no chão da quadra, e os alunos formaram três filas. Para cada uma delas, foi fornecido um cabo de vassoura. Ao sinal de um apito, os jovens deveriam girar, rapidamente, o cabo de vassoura que estava fixo no chão. Num segundo apito tinham de caminhar sobre a linha até chegar, pegar uma bola e voltar à posição original.

O objetivo dessa brincadeira foi trabalhar os reflexos e explicar as consequências do uso de bebidas alcoólicas no trânsito. Alguns alunos não conseguiram finalizar a atividade por causa do desequilíbrio do corpo. Ao final, conversamos sobre as sensações de cada um.

Faixa de pedestre:

Nesta atividade, aproveitamos a faixa de pedestres e os carrinhos produzidos anteriormente. Três alunos representaram os carros e os demais, os pedestres. Ao meu sinal os alunos pedestres deveriam atravessar a rua. Os que não atravessassem a rua corretamente seriam "atropelados" e iriam para o hospital, ou seja, sairiam da atividade.

Reboque de Carros:

Após a formação de duplas, forneci aos alunos sacos de fibra. Um de cada dupla deveria sentar no saco, para que o colega o puxasse pela ponta do saco até uma distância determinada. Na volta, deveriam trocar de lugar.

Respeito às Placas:

Com a ajuda dos alunos, montei um percurso com placas de sinalização. Ao meu sinal, cada aluno poderia entrar num dos carrinhos produzidos anteriormente e passar pelo percurso, obedecendo às sinalizações.

Respeito ao Trânsito:

Um aluno foi escolhido para representar a figura do guarda de trânsito, dois alunos usaram os carros de caixa de papelão já produzidos e os demais formaram filas paralelas. O guarda de trânsito dava os comandos (direita ou esquerda) e os alunos, nas filas, atendiam às orientações. Os carros só poderiam transitar pelas vias livres.

Essa fase do projeto teve por objetivo sensibilizar os pais e os responsáveis a pensarem sobre suas ações no trânsito, compreenderem a importância dos resultados dos questionários e observarem o que os filhos haviam aprendido.

Nessa etapa, voltada à comunidade escolar, os alunos apresentaram suas pesquisas, utilizando, para tal, slides e um circuito com carros e bicicletas. As paródias e a minipeça teatral foram apresentadas durante a culminância do projeto. Todos os alunos puderam passear no circuito com os carrinhos e as bicicletas, respeitando as placas de sinalização, o semáforo e os guardas de trânsito, representados por dois alunos.

Saiba mais

Na disciplina Educação Física, a avaliação é a oportunidade para constatar a aprendizagem e o conhecimento dos alunos em relação ao próprio corpo. É também um espaço para a valorização do movimento corporal como fator de qualidade de vida. Na Educação Física não há uma fórmula pronta de avaliação. Mas é essencial detectar as dificuldades e os progressos dos alunos.

Compreendo que a avaliação serve para melhorar, apoiar, auxiliar e conhecer as particularidades, os limites e as dificuldades dos alunos e não para medir e classificar seu desempenho.


A água de nosso bairro, um aprendizado além da sala de aula

Área(s): Linguagens; Ciências da Natureza.

O objetivo desta prática foi, de modo interdisciplinar, fazer com que os alunos conhecessem melhor seu local de vivência e refletissem sobre como ajudar na construção de um ambiente melhor.

Componente(s): Língua Portuguesa e Ciências.
Quando: No período mais úmido e quente do ano.
Materiais: Não há descrição detalhada.
Habilidades trabalhadas: EF15LP01; EF15LP05; EF15LP07; EF15LP10; EF15LP11; EF12LP04; EF02LP13; EF12LP05; EF35LP23; EF05CI04; EF05CI05
Escola: EEF Prof Ana Lira, Gaspare (SC).
Professor(a) responsável: Sandra Maria Buchmann.

O que é:

O projeto foi desenvolvido visando garantir aprendizado e prazer no aprendizado. Suas atividades aconteceram dentro e fora da sala de aula. Tudo o que foi aprendido teve real significado para os alunos, graças às vivências práticas.

Além dos avanços observados em todas as disciplinas, o projeto despertou nos alunos o gosto pelos estudos e pelo aprendizado de coisas novas, tornando-os mais motivados e interessados. Houve cooperação e todos caminharam juntos, crescendo em todos os sentidos.

Como fazer?

Na primeira etapa, fiz uma roda de conversa, sugerindo aos alunos que falassem sobre seus bairros. Em seguida, pedi que desenhassem o que mais gostavam no lugar.

Deixei, então, que pesquisassem sobre seus bairros no Google, utilizando o computador escola. A turma não encontrou nenhuma informação. Então, instiguei-os a pensarem: como as pessoas faziam para saber das coisas antes da chegada do computador e da internet?

Em seguida, perguntei se conheciam alguma pessoa "de idade" e que sempre tivesse na comunidade. Todos sugeriram alguém. Selecionamos o avô de um aluno e resolvemos convidá-lo para participação no projeto. Para tê-lo conosco, trabalhei com a turma o gênero textual "Convite".

Nos dias que antecederam à conversa com o avô do aluno, trabalhamos o gênero textual "Entrevista". Em conjunto, os alunos do 4º e 5º anos elaboraram perguntas sobre a água do bairro. Na data agendada, arrumaram a sala e tiveram a ideia de gravar a entrevista no celular.

No dia seguinte à atividade, os alunos fizeram a escrita da entrevista.

Na sequência, propus às crianças que, em duplas, pesquisassem os temas abordados.

Também pedi a outros alunos da escola que resgatássemos fotos antigas do nosso ribeirão. Trabalhei o gênero textual "Bilhete" e distribuímos a mensagem para todos na escola. Escaneadas, as fotos trazidas serviram para a criação de um banner.

A problemática do projeto surgiu durante a entrevista, com a pergunta:

“Sempre houve borrachudo em nosso bairro, em nosso ribeirão?”

Fomos averiguar quem eram os responsáveis pela questão do borrachudo na Secretaria do Meio Ambiente do município. Também reunimos agrônomos da unidade local da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) para uma palestra sobre o borrachudo. Os convidados se ofereceram para levar os alunos até o ribeirão.

De volta à escola, os estudantes pesquisaram sobre o assunto. As informações foram impressas e colocadas em seus portfólios. No dia seguinte, numa roda de conversa, relembramos o que aprendemos com a palestra e com a visita ao ribeirão. Então, perguntei: “Agora que sabemos o que causa o aumento do borrachudo, o que podemos fazer? O que vocês, como alunos, podem fazer?”

Várias ideias surgiram das reflexões.

Um aluno disse que temos que avisar todo mundo do bairro para cuidar do ribeirão.

E eu perguntei: “Como podemos fazer isto?”.

Os jovens apresentaram várias ideias. Listei todas elas. A solução escolhida foi a criação de um panfleto. Antes da elaboração, trabalhamos esse gênero textual, coletando, inclusive, vários exemplares – em casa, na rua etc.

Sugeri ainda que fosse criado um mascote para simbolizar o nosso projeto.

A professora de Artes apoiou a ideia e pediu aos alunos que trouxessem materiais recicláveis para a criação do mascote e a posterior inclusão de sua imagem em nosso panfleto.

Após a impressão, os alunos levaram os panfletos para casa e os distribuíram pelo bairro. Uma versão maior do panfleto, colorida, ficou no mural da escola.

Após essa etapa, lancei outro desafio: "O que mais podemos fazer?".

Os agrônomos da EPAGRI voltaram à escola para acompanhar a evolução do projeto. Ouviram os alunos e sugeriram a eles que vendessem mudas de árvores frutíferas na comunidade.

Foi o que fizemos. Vendemos cerca de 200 mudas de árvores frutíferas e flores. Pedimos aos compradores que plantassem as mudas nas proximidades dos ribeirões, para que as árvores, no futuro, servissem de sombra e de alimento aos peixes e outros animais.

Sugeri ainda que plantássemos sementes e produzíssemos mudas na escola para distribuição à comunidade. Pedimos a colaboração de todos os alunos da escola e dos professores. Todos trouxeram caixinhas de leite limpas e furadas.

O avô de um aluno forneceu esterco e barro. As frutas escolhidas para plantio foram a nona e fruta do conde. Os agrônomos nos orientaram sobre o preparo das sementes. Plantamos cerca de 100 caixas com sementes de nona.

Eles também ensinaram os alunos a fazer a quebra de dormência das sementes e a técnica de mergulhia e alporquia.

O crescimento das mudas passou a ser acompanhado diariamente pelos alunos. Surgiu como proposta para o futuro a criação de um mutirão para que alunos, pais e pessoas da comunidade, num sábado, fizessem o plantio das árvores ao redor do ribeirão, compondo uma mata ciliar.

Dando sequência ao projeto, perguntei aos alunos se os esgotos de suas casas iam para um sumidouro ou para o ribeirão. Eles disseram que não sabiam. Mostrei um texto sobre como deveriam ser feitas as fossas na área rural, que não conta com rede de esgoto instalada.

Elaboramos um questionário para as famílias. Queríamos que nos dissessem para onde ia o esgoto de suas casas e se, de alguma forma, ele chegava até o ribeirão.

Também perguntamos de onde vinha a água usada em casa – se era da cachoeira ou do poço artesiano. Nessa etapa, aproveitei para trabalhar o manuseio de tabelas e gráficos.

Os alunos perceberam que deveríamos orientar a comunidade sobre o problema. Para isso, pensamos em buscar orientações com funcionários da Secretaria do Meio Ambiente sobre como fazer fossa com sumidouro, para que o esgoto não fosse despejado no ribeirão. Para esse fim, uma palestra foi agendada.

Os alunos tiveram várias ideias para atrair pessoas à escola. Sugeriram atrações e uma mostra de seus trabalhos. Nessa etapa, trabalhei o gênero textual "Paródia", usando a música Planeta Azul, de Chitãozinho e Xororó. Sugeri que mudássemos a letra da música, incluindo informações obtidas durante o projeto. A paródia ganhou o nome "Nosso Ribeirão" e foi apresentada no dia da mostra dos trabalhos. Na atividade, tivemos a ajuda do professor de Ensino Religioso, que montou um DVD com a paródia, a música original e fotos do projeto. Ficou muito bom.

Nessa época, apresentei aos alunos o gênero textual "Poesia". Todos disseram que detestavam poesia, que era algo muito meloso, sem graça. Mostrei a eles que a poesia poderia ser interpretada de várias formas.

Apresentei vários poemas que falavam de água e propus a criação de um jogral.

Os alunos declamaram e, entre uma estrofe e outra, fizeram, com o uso de garrafas, ritmos inspirados no som da música Terra, Planeta Água, de Guilherme Arantes. No início e no fim do jogral, eles cantaram um refrão da música. A poesia falava da importância da água para nossas vidas e pedia às pessoas que cuidassem dela, diminuindo seu consumo. Ao final, os alunos disseram que já estavam gostando de poesia.

O jogral também foi apresentado no dia da mostra de trabalhos para a comunidade. Foi mais uma forma de os alunos divulgarem as informações obtidas durante o projeto. Com isso, demonstraram estar no caminho para se tornarem cidadãos dinâmicos, capazes de pensar, agir e transformar a realidade.

Nós devemos ser agentes de mudanças sempre.

A troca de ideias com profissionais saídos das universidades traz uma nova visão de educação, aliada à prática.

O celular e a internet são ferramentas riquíssimas.

O professor, mesmo o que está quase se aposentando, como eu, não pode deixar de se atualizar, de se informar, de se desafiar e de proporcionar aos alunos acesso às informações. Mas, isso, no tempo dos alunos e não no tempo do professor.


João Curitibinha, a saga continua: cidadania se faz todo dia

Área(s): Linguagens; Matemática.

O objetivo desta prática foi sensibilizar alunos e a comunidade escolar sobre o respeito que devemos ter com as pessoas com necessidades especiais, bem como sobre respeito mútuo, ambos pautados na diversidade, sem preconceitos.

Componente(s): Língua Portuguesa e Matemática.
Quando: Durante o ano letivo.
Materiais:
  • o boneco cadeirante João Curitibinha;
  • sala de informática conectada;
  • projetor multimídia;
  • materiais usuais de sala de aula (caderno, lápis, cartolina, papel quadriculado, dicionário etc.).
Habilidades trabalhadas: EF04MA01; EF04MA27; EF04MA28; EF05MA17; EF05MA24; EF05MA25; EF35LP10; EF04LP14; EF05LP15; EF05LP19; EF04LP20; EF05LP23; EF35LP20.
Escola: Escola Municipal João Macedo Filho – Educação Infantil e Ensino Fundamental, Curitiba (PR).
Professor(a) responsável: Virginia Claudia de Jesus Monteiro Matias.

O que é:

Com o projeto “João Curitibinha, a saga continua: cidadania se faz todo dia”, eu trouxe para sala de aula uma forma inovadora de trabalhar atitudes e valores fundamentais nas relações humanas, promovendo não apenas a raciocínio e a cognição, mas também o desenvolvimento de aspectos sociais e afetivos.

Em consonância com a Base Nacional Comum Curricular, o projeto alinhavou as competências socioemocionais necessárias aos componentes curriculares de Língua Portuguesa e de Matemática, promovendo a aproximação das disciplinas e considerando suas dimensões científica, acadêmica, ética e humana.

Como fazer:

Na primeira semana, busquei estimular, nos alunos, a reflexão sobre os temas que seriam desenvolvidos no projeto.

Foram definidos sete eixos interligados ao tema gerador "Cidadania", como respeito, direito e deveres, preservação ambiental, solidariedade, ética, consciência e inclusão. Esses eixos permearam todas as atividades.

A dinâmica dos "monstrinhos", atividade na qual os alunos criaram seus personagens, visou estimular a percepção sobre diferenças.

Obviamente, os “monstros” não precisariam ficar iguais, apesar de as instruções terem sido as mesmas para todos. Isso fez com que os jovens compreendessem que cada um tem uma forma de entender o mundo.

Dividi os alunos em equipes para que pudessem criar coletivamente os “monstros” que representariam cada eixo estabelecido.

Assim, direcionei os trabalhos de Língua Portuguesa para questões relativas às diferenças e ao respeito que devemos ter uns pelos outros. Na Matemática, foi possível envolver os alunos para que fossem "monstros" ou “feras” na interpretação e na resolução de situações-problemas.

Para introduzir o mascote João Curitibinha, um boneco cadeirante, abordei temas relativos à inclusão.

O primeiro tema tratou da importância do "ouvir para aprender".

Naquele momento, realizei rodas de conversa que possibilitaram aos alunos expressar opiniões e desenvolver a escuta atenta e crítica, fazerleitura com compreensão de texto informativo, identificando a finalidade e as características do texto, e produzir textos escritos.

A problematização “Como os alunos que não ouvem podem aprender?” possibilitou pesquisa em meio digital sobre a linguagem LIBRAS.

Na Matemática apresentamos o vídeo da professora Zanúbia Dada sobre alguns sinais matemáticos em LIBRAS. Fizemos, então, uma atividade lúdica: "pirâmides mágicas" (somatória/cálculo mental).

Apresentei também a problematização: “Todo o surdo é mudo?”, a fim de levar os alunos a pensar sobre o assunto.

Para mostrar que pessoas com esse tipo de necessidade são pessoas comuns e merecem todo o nosso respeito, "viajamos" pelo mapa-múndi.

Na Alemanha, descobrimos uma pessoa famosa que, apesar de sua deficiência, tornou-se um gênio da música erudita: Ludwig van Beethoven.

Isso possibilitou trabalharmos com a biografia do autor, pesquisar suas obras na internet e ouvir parte de uma de suas obras, a "Nona Sinfonia".

Naquele momento, perguntei se algum aluno tocava um instrumento musical, e uma menina que tocava flauta fez uma apresentação para a classe.

Dos problemas auditivos, passei para a deficiência intelectual ao tratar de um dos pintores mais famosos do mundo, Vincent van Gogh, e de sua obra "Doze Girassóis numa Jarra".

Em Matemática, utilizamos a malha quadriculada para o desenho de um girassol, de acordo com uma matriz apresentada. O jogo lúdico proposto foi "Leitor de Mentes".

Para sensibilizar os alunos sobre a síndrome de Down, apresentei um vídeo. Após a apresentação, as crianças puderam expressar suas opiniões.

Muitas APAEs têm projetos de coleta de notas fiscais, que são revertidas em auxílio financeiro à instituição. Buscamos informações sobre essas ações e fechamos uma parceria com a APAE local para que os alunos sentissem o que é ajudar o próximo.

Por vontade própria, as crianças iniciaram uma campanha na escola toda, passando de sala em sala, motivando outros alunos para a arrecadação de notas fiscais.

Também fizemos uma campanha de coleta de lacres de latinhas de refrigerantes para instituições sociais, que fazem a venda desse material e a a posterior doação de cadeiras de rodas a quem precisa.

Na sequência, apresentamoso boneco cadeirante João Curitibinha. O objetivo foi fazer com que os alunos se revezassem nos cuidados ao novo "amiguinho" em meio às atividades da classe.

Com a chegada do boneco, as aulas se tornaram cada vez mais desafiadoras.

Inicialmente as crianças dialogaram sobre o que havia ocorrido com a mascote. Um acidente de bicicleta causado por falta de uso de equipamentos de segurança foi a sugestão da maioria dos alunos. Sistematizamos a história dele e produzimos notícias para o nosso jornal eletrônico escolar.

Aproveitando a proximidade do “Maio Amarelo”, realizamos pesquisas, no laboratório de informática, sobre acidentes de trânsito. No site Criança Segura Brasil, visualizamos gráficos e interpretamos suas informações.

Em sala de aula, fizemos alterações no texto impresso, mudando frases e legendas do singular para o plural.

Em Matemática, fizemos uma "linha do tempo" utilizando contagens de centena em centena, com os dados dos gráficos.

Para ilustrar como deficiências não são empecilho para o sucesso das pessoas, apresentei aos alunos várias leituras inspiradoras sobre respeito a pessoas portadoras de necessidades especiais.

Um exemplo foi o texto jornalístico sobre a morte do físico Stephen Hawking, um estudioso que, apesar de todas as suas limitações, mostrou ao mundo grandes feitos em sua área.

As produções dos alunos foram apresentadas em nossa “Feira de Matemática”. Nessa atividade, as crianças se organizaram em equipes. Cada uma delas se responsabilizou por um estande. Ao final, chamamos a escola toda para compartilhar os nossos conhecimentos.

SAIBA MAIS

A criação de um boneco cadeirante pode se tornar um desafio para projetos similares. Seria interessante se a comunidade escolar e as famílias dos alunos participassem de sua confecção. De qualquer forma, o boneco não precisa estar presente já no início das atividades do projeto.

Os sites indicados a seguir podem contribuir para a reflexão sobre o tema proposto e para a elaboração do projeto:


Pequenos contadores de histórias

Área(s): Linguagens.

Esta prática se propôs a recuperar a prática de contação de história nas famílias. Além disso, formar leitores literários e contadores de histórias.

Componente(s): Língua Portuguesa.
Quando: Em qualquer momento do ano letivo
Materiais:
  • livros de literatura infantil;
  • maleta ou pasta para enviar o material à casa de um aluno.

Habilidades trabalhadas: EF02LP26; EF35LP01; EF35LP02; EF35LP21; EF35LP26.
Escola: EE. Coronel João Pessoa de Ensino Fundamental e EJA Doutor Severiano (RN).
Professor(a) responsável: Sonia Maria de Oliveira.

O que é:

O projeto foi fundamentado nas proposições do processo de formação leitora. Teve como propósito despertar a paixão por livros impressos e resgatar a contação de histórias para dormir. Atendeu a crianças do 1º ano, com idades entre 6 e 7 anos.

O diagnóstico inicial apontou que a maioria das crianças não tinha contato com livros em casa, que os pais não tinham tempo de ler para os filhos e que a tradição de contar histórias pra dormir havia sido substituída por vídeos e jogos no celular.

Eu desejava que as crianças se apaixonassem pelos livros. Acredito que a mágica de ouvir histórias, tocar no livro, sentir seu cheiro, ver as imagens e as cores e viajar na imaginação é o começo para o desejo de querer ler.

Para isso, utilizei o celular como ferramenta e ponte de diálogo para motivar pais e filhos. As crianças foram além das expectativas do projeto. Não só se apaixonaram pelos livros, como resolveram ser contadoras de histórias para apaixonar outras crianças.

Elas desenvolveram a expressão oral e as técnicas de contação de histórias. E, com ajuda da professora, deram visibilidade ao projeto pelas mídias. Uma página foi criada no Facebook para o compartilhamento de dicas de livros com outras crianças, bem como para a contação de histórias para crianças sem livros.

O trabalho contagiou todo o turno matutino, com o surgimento de 165 alunos contadores de histórias.

A intervenção se fez à luz das contribuições de Maria Helena Martins, autora do livro O que é Leitura.

Foi uma experiência relevante, na qual interagiram as famílias e a escola visando ao resgate da contação de histórias para as crianças dormirem e à leitura em família, como oportunidade para a formação de leitores apaixonados por livros.

Como fazer:

Novamente, mostrei o título e as páginas para que as crianças imaginassem. Depois, perguntei: “Para que serve um livro?”. Algumas crianças diziam que era para ler, para contar histórias e para aprender.

Deixei que todas se expressassem. Depois, li o livro e conversamos: chegamos à conclusão de que ele serve para divertir, encantar, emocionar e apaixonar.

Então, buscando um diagnóstico sobre o contato com livros em casa, indaguei: “Onde vocês costumam ler livros?”. Eles responderam que na escola e na creche.

Os alunos diziam que jogavam e assistiam a filmesno celular e no tablet, e que viam desenhos animados nos celulares dos pais.

Cinco alunos levantaram a mão e disseram que liam com os pais, quando eles não estavam cansados do trabalho. Três crianças relataram que os pais liam no celular. E os demais disseram não ter livros, e que os pais também não contavam histórias para dormir.

Então, perguntei: “E o que vocês fazem antes de dormir?”. Recebi diversas respostas. Os alunos diziam que jogavam e assistiam a filmes no celular e no tablete, e que viam desenhos animados nos celulares dos pais.  

Perguntei às crianças se os pais acompanhavam o que elas assistiam. Algumas responderam que pegavam o celular escondido. E outras disseram que dormiam com o celular.

Após a conversa, mandei para casa uma ficha para que fosse preenchida com informações sobre as crianças, inclusive sobre livros, histórias preferidas e contação de histórias para dormir.

Algumas mães disseram que as crianças adoravam livros, mas não souberam dizer quais as obras e as histórias preferidas. E algumas mães pediram: “Faça uma atividade que tire minha filha do celular”.

Entendi aquilo como um pedido de socorro, mas fiquei preocupada com a transferência de ações, que deveriam ser dos pais.

Então, pensei num projeto que estabelecesse uma ponte entre família e escola para a formação de alunos apaixonados por livros e contação de histórias.

O celular seria a ferramenta de diálogo da professora com os pais, por meio de um grupo de WhatsApp. Serviria também para gravação de vídeos de contação de histórias feita pelos pais. Queria que as crianças compreendessem a função comunicativa do celular, mas que o objeto de desejo fosse o livro impresso.

Comecei definindo atividades permanentes de leitura, trabalhando a leitura sensorial. Lia com os cinco sentidos, buscando todos os elementos possíveis propostos pelos textos para que as crianças imaginassem e sentissem a história.

Li, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho, querendo que as crianças imaginassem a floresta, o cheiro das flores, sentissem água na boca dos doces suculentos da cesta da vovó e o arrepio do medo por causa do lobo.

Claro que, depois, eu defendia o lobo da floresta como um ser indefeso e em perigo de extinção. Explicava também que o autor havia usado o lobo para alertar as crianças do perigo das pessoas estranhas.

Li também Chapeuzinho Amarelo, para compará-lo com o outro livro e mostrar como a personagem havia perdido o medo. E as crianças amaram. Queriam levar os livros para casa.

O objetivo de causar encantamento nas crianças para que desenvolvessem paixão por livros e tivessem prazer ao ouvir histórias foi alcançado com essa atividade. Para alunos não acostumados com a participação em atos de leitura “[...] ver alguém seduzido pelo que faz pode despertar o desejo de fazer também”. (PCN de Língua Portuguesa).

Defini também a roda de leitura como atividade permanente. Colocava à disposição das crianças livros do universo infantil para que folheassem, sentissem, lessem as imagens e contassem a história à sua maneira.

Depois que cada criança escolhia um livro, eu colocava a caixa musical e passava um saquinho de balas, como na brincadeira da "batata quente". Quando a música parava, a criança ia até a caixa, pegava a figura de um dos personagens das cantigas de tradição oral e cantava, com o uso do microfone de brinquedo. Nessa atividade, tinha a ajuda dos colegas. Em seguida, contava a história à sua maneira.

O objetivo dessa roda de leitura foi melhorar a expressão oral e a habilidade de contar histórias lidas. E isso foi alcançado. No início, algumas crianças não queriam participar. Ficavam tímidas ou jogavam o saquinho de balinhas querendo se livrar dele, mas, depois, queriam participar.

Para estabelecer uma ponte entre a casa e a escola, criei uma mala de leitura para toda a família. Ela continha três livros de literatura: um para a criança ler para os pais, outro para o pai ler para a criança e outro para a mãe.

Como havia criança órfã de mãe, tive o cuidado de falar que a leitura em família poderia ser com qualquer pessoa: avôs, madrinha, pai, tia.

As crianças amaram a ideia e queriam logo começar a atividade.

Antes de começar, porém, eu precisava conversar com as famílias.

Apresentei o projeto aos pais numa reunião bem aconchegante, com livros e mala de leitura. Conversei sobre a importância de cada um ser um modelo e incentivador da leitura. Também falei sobre a importância de os pais comprarem livros para as crianças e sobre o cuidado no uso do celular.

Abordei ainda a ideia de criação de um grupo de WhatsApp para troca de informações, postagens de vídeos e fotos daqueles momentos mágicos em família.

Mostrei o livro de registo da atividade com espaço para avaliação dos pais sobre a leitura em família e recolhi a assinatura do termo de uso gratuito de imagem das crianças.

O objetivo de integrar família e escola para despertar a paixão pelos livros também foi alcançado. O próximo passo, tão esperado, seria o primeiro sorteio da mala de leitura. As crianças torciam para serem sorteadas.

Foi feito o sorteio e a criança escolhida vibrou de alegria. Imediatamente, registrei a cena e enviei a imagem da sorteada no grupo de WhatsApp.

A volta, no outro dia, foi uma emoção. A criança mostrou os livros lidos pelos pais e contou, à sua maneira, a história da obra escolhida. Depois, apresentou a atividade para os colegas e mostrou, toda orgulhosa, o registro escrito pela mãe, que foi lido por mim para toda a turma.

Fotografei o momento na sala, a avaliação escrita pela mãe e postei tudo no grupo. A mãe retribuiu com emojis de coração. Os demais pais sinalizaram com muitas palmas e, na sequência da semana, cada família teve o cuidado de, ao participar da leitura, também postar no grupo.

Assim, cada postagem feita era um convite para uma outra família participar. O objetivo de motivar e sensibilizar os outros pais na formação de leitores e resgatar a contação de história em família havia sido alcançado.

Aquelas crianças que contavam histórias na sala, agora, desejavam fazer isso "fora da caixinha", para mais gente.

Dia após dia, os pais foram cumprindo a parceria e as crianças se tornaram cada vez mais motivadas. Então, elas decidiram que seriam contadoras de histórias. Aquelas crianças que contavam histórias na sala, agora, desejavam fazer isso "fora da caixinha", para mais gente. Elas queriam fazer uma apresentação para sensibilizar mais crianças e os professores das outras turmas.

Elas mesmas escolheram histórias contadas pelos pais: Chapeuzinho Vermelho, A Pequena Sereia, e João e o Pé de Feijão. Também selecionaram livros de poesia, entre eles, As Borboletas e O Pato, de Vinicius de Moraes; de cantigas, como Ciranda Cirandinha, Alecrim Dourado e Atirei o Pau no Gato.

A apresentação foi gravada e fotografada para postagem no grupo dos pais, que ficaram orgulhosos. De sua parte, a escola ficou encantada.

As professoras e os alunos das outras três turmas convidadas ficaram motivados e expressaram o desejo de participar das apresentações, já na sexta-feira seguinte.

Para uma avaliação do projeto com as crianças, preparei os vídeos e imagens da apresentação. Foi um momento mágico. Seus olhos brilhavam. Na avaliação dos pequenos, o projeto estava sendo maravilhoso. As crianças perceberam que a mágica estava acontecendo.

As crianças ficaram tão felizes quando se viram na tela, que pediram para colocar as imagens no Facebook. Então, decidimos criar a página "Quer ouvir uma história?" Ela serviria para postar as apresentações, dar dicas de títulos de livros para outras crianças e contar as histórias preferidas para aquelas que não tinham livros.

Como a avaliação inicial apontou que os pais não contavam histórias para as crianças dormirem, lancei o desafio para os pais postarem, pelo WhatsApp, vídeos contando histórias para os filhos e incentivarem outras famílias a fazerem o mesmo.

No início, disseram estar envergonhados, mas, depois, começaram a enviar imagens e vídeos de momentos de leitura, bem como de acervo de livros que haviam comprado para os filhos.

Resgatar esse momento tão prazeroso da história para dormir encantou também os pais. Um deles relatou: “Minha filha gosta tanto dos livros que quer contar histórias para eu dormir”.

Como de costume, preparamos mais uma apresentação dos pequenos contadores de histórias que, agora, tinham se multiplicado: antes, era uma turma, agora, eram quatro.

Dessa vez, apresentamos uma aluna como cerimonialista. Ela dirigiu toda a apresentação.

Em seguida, convidou um aluno leitor para que recitasse o poema Caixa Mágica de Surpresa. A apresentação teve a participação de todas as crianças, caracterizadas com elementos típicos dos livros: bruxas, fadas, princesas, borboletas, passarinhos, piratas, bichinhos de jardim.

Em seguida, a aluna convidou algumas crianças para apresentarem os livros preferidos da semana: Beijo de Bicho; Pipoca, um Carneirinho e um Tambor; A Pequena Sereia; A Bela e a Fera e Que bicho fez esse buraco?.

A contação de histórias foi encantadora e todos riram da forma como as crianças contavam, usando todos os recursos de que o texto dispunha.

Após a apresentação, as crianças sentavam e ficavam, como espectadoras atentas, à espera de ouvirem os contadores de histórias das demais turmas.

Outras três turmas aderiram à ideia. Agora, já tínhamos sete classes participando.

O projeto se estendeu para além dos objetivos propostos. Não só a turminha desenvolveu a paixão pelos livros, como apaixonou todo o turno. Inspiradas, outras professoras prepararam malas de leituras para suas crianças.

Com a continuidade do projeto, os pais desenvolveram o hábito de contar histórias. Também já estavam apaixonados pelos livros.

A mala continuava sendo objeto de desejo das crianças. Uma mãe, inclusive, relatou que seria necessária uma maleta para cada criança. As apresentações continuaram de duas a três vezes por semana, porque eram muitas turmas interessadas.

Em resumo, as crianças trocaram o celular pelos livros, estavam a cada dia mais apaixonadas e passaram a usar aquela ferramenta, antes viciante, para assistir aos seus próprios vídeos, ver imagens da turma e fazer a divulgação do projeto, com sugestões de livros, contação de histórias.

E os pais, antes tímidos, agora contam histórias para dormir e pedem para postar nas redes sociais e incentivar outros pais.

Os objetivos de despertar a paixão por livros e resgatar a cultura da contação de histórias para a criança dormir foram alcançados. Porém, algumas atividades continuarão, pois, como disseram as crianças: “A gente não pode mais parar!”

O projeto teve um impacto muito grande na comunidade porque foi contagiando todas as crianças. E os pais, agora, contam, espontaneamente, histórias para seus filhos e para outras crianças, que adoram a experiência e pedem aos pais para fazerem o mesmo, num ciclo virtuoso contagiante.

Acredito que essa experiência pode ser desenvolvida com alunos de outros lugares, já que é função da escola criar uma rotina para o trabalho com a leitura pelo simples fato de que a atividade diverte, encanta e desenvolve a imaginação.

As contações em classe favoreceram o uso de recursos expressivos, que foram se refinando ao longo do projeto, a ponto de as crianças desejarem ser contadoras de histórias.

O projeto aumentou o contato das crianças com a literatura na escola e em casa e reduziu as horas de contato com o celular sem a supervisão de adultos.

Para enriquecer os recursos, pode-se apresentar vídeos de contadores profissionais, observando os recursos sonoros, visuais e gestuais que eles utilizam para enriquecimento do momento literário.

Há programas televisivos brasileiros atuais e mais antigos, disponíveis na internet, que trazem bons modelos de contação de histórias.


Educação Física inclusiva: despertando novas habilidades

Área(s): Linguagens.

Esta prática teve como objetivo auxiliar o desenvolvimento e o aprimoramento psicomotor de alunos com deficiência, transtornos ou síndromes globais de desenvolvimento, potencializando a evolução, por meio de atividades físicas voltadas especificamente a deficiências individuais, de acordo com a necessidade singular de cada aluno.

Componente(s): Educação Física.
Quando: No decorrer do ano letivo.
Materiais: Os utilizados habitualmente nas aulas de Educação Física.
Habilidades trabalhadas: EF12EF07; EF12EF08; EF35EF05; EF35EF07; EF35EF12.
Escola: Escola Municipal Maria Rufina de Almeida, Manaus (AM).
Professor(a) responsável: Ana Rita Lima de Castro.

O que é:

A prática deste projeto propiciou benefícios concretos para o desenvolvimento motor, cognitivo e socioafetivo dos alunos com deficiência, tendo sido possível realizar sua real inclusão.

Como fazer:

Primeiramente, verifiquei quais eram os alunos com deficiência matriculados entre o 1º e o 3º anos do Ensino Fundamental. O contingente era formado por 19 estudantes, entre sete anos e dez anos de idade. Depois, solicitei à Secretaria da escola os respectivos laudos médicos disponíveis.

Os responsáveis dos alunos foram chamados pela diretora da escola para uma reunião. O encontro possibilitou conhecermos um pouco mais o desenvolvimento dos alunos fora do ambiente escolar, seu comportamento, sua alimentação, o relacionamento com os demais familiares e que tratamentos ou acompanhamentos eram feitos para assisti-los.

Posteriormente, observei como era a participação desses alunos durante as aulas de Educação Física, quais dificuldades apresentavam e quais eram seus interesses.

Só após reunir todas essas informações é que comecei a elaborar o planejamento das atividades. É importante salientar que os alunos não deixaram de fazer as aulas regulares de Educação Física. Realizadas individualmente, as aulas do projeto fucionaram como complemento às atividades habituais da disciplina.

O cronograma da Educação Física individualizada incluiu uma aula semanal de 40 minutos, num total de dez aulas para cada um.

O conteúdo escolhido foi o mesmo aplicado às aulas regulares de Educação Física no 1º bimestre: a psicomotricidade (lateralidade, coordenação motora, orientação tempo e espaço e esquema corporal).

As aulas de lateralidade tiveram atividades para os dois lados do corpo, com movimentos em diferentes direções: com a mão direita e esquerda, com o pé direito e esquerdo, e para a direita e para a esquerda, com o intuito de identificar a lateralidade dominante.

Nas aulas de coordenação motora foram realizados transportes de objetos com a cabeça, mãos, pés e tronco, explorando as diferentes partes do corpo.

Também foram feitos exercícios de receber, arremessar, rolar, manusear, chutar e lançar bolas ou objetos, propiciando coordenação motora seletiva.

Nas aulas de orientação tempo e espaço, as atividades propiciaram localização (à frente, atrás, do lado, à direita, à esquerda, embaixo, em cima, acima), percepção de movimentos sucessivos no tempo (primeiro, seguinte e último).

Houve também atividades de andar, correr e saltar em diferentes direções e planos (para frente, para trás, para o lado, para cima e para baixo, para dentro e para fora, para perto e para longe).

Nas aulas de esquema corporal foram feitos alongamentos, atividades rítmicas para explorar as possibilidades dos movimentos globais e segmentares, e jogos que propiciaram a assunção de posições globais e de partes do corpo.

Os recursos utilizados foram variados: bolas de diferentes tamanhos e pesos, arcos, cones grandes e pequenos, colchonetes, cordas individuais e elásticas, barbante, balões, túnel lúdico (minhocão), material psicomotor de madeira, caixa de som e pen-drive.

Para fazer que os alunos realizassem as atividades, tive de respeitar suas limitações, variações de comportamento e humor, e a disposição para a prática da atividade física.

Os alunos com autismo, Síndrome de Down e deficit de atenção, algumas vezes, não queriam fazer o que era proposto, não conseguiam se concentrar ou cansavam rápido. Então, era necessário parar com a atividade, fazer algo lúdico, propor um jogo ou apenas deixá-los descansar, para depois estimulá-los a se concentrarem e retomarem a atividade.

Os alunos com deficiência física, deficiência intelectual e paralisia cerebral apresentaram maior disposição para participar das aulas, maior concentração na execução de movimentos e atividades e maior determinação em realizar corretamente os movimentos solicitados.

Durante as observações sobre esses alunos nas aulas regulares de Educação Física percebi que eles tinham, algumas vezes, receio em realizar as atividades, dizendo que não conseguiam ou que não queriam fazê-las.

Depois que iniciaram as aulas individuais, notei que eles passaram a se recusar menos a realizar as atividades. Começaram a ter mais segurança nos movimentos e a se divertir mais com os outros alunos.

Avaliação:

Neste projeto, a avaliação foi realizada por meio da participação, da colaboração, do interesse e da assiduidade dos alunos durante as aulas e as atividades propostas. Fizemos também um teste psicomotor.

A inclusão é uma realidade em todas as escolas da rede municipal. Por isso, acredito que este projeto possa ser replicado em outras escolas sem nenhuma dificuldade – suas etapas, seu desenvolvimento, os recursos e as avaliações são os mesmos das aulas de Educação Física. A única diferença está na organização e no estabelecimento de um horário determinado para o atendimento individual ao aluno.

O processo de ensino e aprendizagem dos estudantes selecionados apresentou dificuldades relacionadas às suas deficiências. Sendo assim, é preciso estudá-las e conhecer a personalidade de cada um, modificando o pensamento de que esses alunos são limitados e que, por isso, não conseguirão realizar as atividades, dependendo sempre de ajuda de outras pessoas para fazê-las.

É necessário mudar o olhar. Deixar de encarar esses alunos como “indivíduos incapazes”, passando a vê-los como “indivíduos independentes”, dentro de suas capacidades e das possibilidades que lhes são oferecidas.

Outras ideias:

O professor, sensível ao atendimento de alunos com necessidades especiais, poderá propor a formação de um comitê escolar que pense em melhorias e adequações no espaço físico, como também em outras práticas que possam colaborar para a real inclusão dos alunos com necessidades especiais.


Sala especial: conhecer, compreender e multiplicar

Área(s): Ciências da Natureza; Ciências Humanas; Linguagens.

O objetivo desta prática foi promover a compreensão das deficiências existentes em nossa escola, como a Síndrome de Down, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a surdez, a fim de sensibilizar os alunos e a comunidade escolar sobre a importância da inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais.

Componente(s): Língua Portuguesa.
Quando: Em qualquer momento do ano letivo.
Materiais: Não indicados.
Habilidades trabalhadas: EF03LP24; EF04LP19; EF35LP17; EF05LP24; EF35LP18; EF35LP19.
Escola: Escola Municipal Aquilino da Mota Duarte, Boa Vista (RR).
Professor(a) responsável: Angélica Maria Sampaio Fredo.

O que é:

Este projeto foi desenvolvido com alunos do 4º ano B pela professora da sala de recursos multifuncionais em parceria com a professora de sala de aula regular no turno matutino. A escolha da turma para o desenvolvimento do projeto se deu pela relação cultural existente entre os alunos brasileiros, venezuelanos e indígenas.

O projeto surgiu após uma visita às salas de aula, no início do bimestre. Após um comentário sobre inclusão e deficiência, uma aluna do 3º ano me perguntou sobre um colega com deficiência, questionando o que ele tinha.

A resposta lógica seria dizer que o colega tinha Síndrome de Down. Mas isso não iria satisfazer a curiosidade dela. Seria preciso começar do início, falando sobre o corpo humano,

Porém, para que as explicações gerassem conhecimento, seria necessário desenvolver uma linguagem dinâmica, criativa e cientifica, envolvendo todos os alunos – do 1º ano ao 5º ano. Assim, a partir da compreensão do tema de uma maneira significativa, os alunos teriam condições de multiplicar as informações na comunidade escolar.

Ao longo da execução, porém, os objetivos foram ampliados, transformando o projeto num trabalho interdisciplinar, envolvendo Ciências, História e Geografia.

Em Ciências, abordamos o corpo humano e suas funções. Em História, as datas do descobrimento das deficiências e, em Geografia, os países onde foram descobertas as deficiências.

Com o projeto, os alunos se perceberam mais cidadãos e mais reflexivos, conseguindo ampliar sua visão de mundo de forma transdisciplinar.

Como fazer:

O projeto foi desenvolvido em três etapas ao longo do primeiro semestre de 2018. Abordamos Síndrome de Down, Transtorno do Espectro Autista e surdez.

O estudo com os alunos foi realizado às sextas-feiras, com uma hora de duração.

Para sua execução, foram formados dois grupos de dez alunos e um de nove alunos. Cada grupo trabalhou uma deficiência e, ao final, realizou uma apresentação para a comunidade escolar.

As aulas aconteceram na sala de recursos multifuncionais. Além de apresentar os vídeos, conversamos, tiramos dúvidas e confeccionamos os materiais para apresentação.

Queria fazer algo dinâmico e criativo para que os alunos do 1º ao 5º anos mobilizassem a escola para o projeto.

Então, adquiri, com meus recursos, camisetas azul-escuro, pintadas com a inscrição "Multiplicadores da Inclusão", para uso nas apresentações.

No dia 6 de fevereiro de 2018, fizemos a apresentação do projeto à equipe gestora e aos professores. Escolhemos também a turma do turno matutino que participaria do projeto (4º ano B). Era a classe de maior diversidade.

Dias depois, o projeto foi apresentado à turma. Na sequência, formamos os grupos. Ainda em fevereiro, foi realizado o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos.

O primeiro contato com a turma foi tranquilo. Apresentei-me e expliquei o que era feito na sala de recursos multifuncionais e falei sobre o desenvolvimento do projeto.

Deixei claro que precisava de alunos estudiosos, que gostassem de aprender. Uma aluna perguntou se todos iriam participar.

Expliquei que sim, mas que, para participar do grupo "Multiplicadores da Inclusão", o aluno teria de ser um exemplo de comportamento e realizar as atividades propostas para a sala de aula. O uso da sala de recursos multifuncionais tinha como objetivo fazer que os estudantes tivessem contato com os materiais utilizados pelos colegas com necessidades educativas especiais. Um garoto perguntou para que tantos brinquedos.

Expliquei que, na verdade, eram recursos e não brinquedos, usados para ajudar os alunos que tinham alguma deficiência.

A terceira etapa, ocorrida em março, começou com o grupo sobre Síndrome de Down, formado por dez alunos. Os alunos falaram sobre o que é uma célula. A turma tinha conhecimento do assunto, pois a professora da sala regular já havia trabalhado esse conceito em classe. Um deles definiu que a célula “é a menor parte de um ser vivo”.

Eu fiquei muito contente e entusiasmada com as respostas. Inspirada pela apresentação mostrei a todos os vídeos sobre células, cromossomo 21 e sobre o que é e como ocorre a Síndrome de Down.

Os alunos fizeram perguntas interessantes como por quê a síndrome tem esse nome, quantos cromossomos existem e como uma mãe sabe se a criança tem síndrome de Down, se ainda durante a gravidez ou depois, etc.

Foi uma aula recheada de descobertas. Dias depois, aprofundamos os conhecimentos e organizamos os materiais para uma nova apresentação, por ocasião do Dia Internacional da Síndrome de Down, em 21 de março.

A apresentação ocorreu no pátio da escola para alunos, pais, professores e funcionários. Eles estavam muito nervosos, porém confiantes. O desempenho foi muito elogiado. Uma arte-educadora parabenizou, dizendo que havia então entendido o que, de fato, é a Síndrome de Down. O projeto não alcançou só os alunos, mas todos da comunidade escolar.

Mas o melhor veio depois, com a repercussão da apresentação dos “Multiplicadores da Inclusão”. Alunos me encontravam na escola e diziam que queriam ser multiplicadores, dizendo que também ajudavam sempre os colegas.

Os pequenos do 1º ano foram os melhores. Deles, recebi muitos abraços e ouvi que agora sabiam o que é um cromossomo.

Muito lindo! Trabalho realizado com sucesso com o grupo da Síndrome de Down.

O segundo grupo abordou o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em nosso primeiro estudo, em março, falamos sobre o corpo humano e, mais especificamente, sobre o cérebro e os neurônios.

Os alunos fizeram perguntas como: “Professora, é igual à Síndrome de Down? São os cromossomos?”

Ou seja: o estudo sobre os cromossomos foi uma aprendizagem significativa, pois possibilitou aos alunos que fizessem ligações mentais entre um assunto e o outro.

As perguntas foram muito criativas. Quando falei das ligações dos neurônios, as crianças ficaram admiradas. O vídeo apresentado mostrou as sinapses feitas entre os neurônios e como o nosso cérebro processa as informações.

Mais adiante nos estudos sobre TEA, assistimos aos vídeos Coisas Fantásticas Acontecem e Meu Filho era Autista.

Quando falei que as causas do autismo ainda estavam sendo pesquisadas, uma das alunas falou que não havia como não saber, só poderia vir do pai ou da mãe, igual aos cromossomos 21. Outro aluno perguntou o porquê do nome autismo.

Os alunos foram bem criativos nas perguntas. Quando eu não sabia responder, pesquisávamos na internet. Organizamos os materiais para uma apresentação no Dia Internacional do Autismo, em 2 de abril. No evento, entregamos um fôlder sobre TEA.

A tarefa do terceiro grupo, de nove alunos, foi o estudo sobre a surdez, em abril. De início, assistimos ao vídeo O Corpo Humano: os cinco sentidos.

A maioria já conhecia o assunto, por ter sido a surdez um conteúdo trabalhado desde o 1º ano do Ensino Fundamental, em Ciências. Segundo um aluno, todos sabiam o que era visão, audição, tato, olfato e paladar, e isso era muito fácil.

Na apresentação de um vídeo sobre o sistema auditivo, alguns termos soaram engraçados para os alunos: bigorna, martelo, caracol, partes que formam o ouvido. Um aluno questionou se temos um caracol dentro do nosso ouvido!

Aproveitei o momento para tratar de vários assuntos, entre eles, como fazer a limpeza do ouvido sem machucá-lo.

Após a exibição de um vídeo sobre como funciona a audição, uma das alunas fez um relato sobre uma pedrinha que havia entrado em seu ouvido. Ela teve de ir ao hospital porque quase não conseguia ouvir.

Em maio, falamos sobre a história dos surdos, a luta para serem reconhecidos e sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Fizemos o alfabeto completo e pedi que cada um fizesse o seu nome naquela língua.

Visualizamos a história dos três ursos em LIBRAS. Alguns alunos já conheciam a linguagem dos sinais.

Um pouco mais adiante, ainda em maio, estudamos as causas e a prevenção da surdez. Quando falei sobre meningite, que afeta crianças e pode levá-las a perdas auditivas, alguns perguntaram: “Tia, eu ainda posso ter essa doença?”.

Foi preciso acalmar as crianças, dizendo que já existe vacina para a doença.

Na aula, montamos os materiais para apresentação do grupo sobre surdez. Todos estavam entusiasmados, querendo participar, mesmo aqueles de outros grupos. Ao final, a apresentação para a comunidade escolar foi um sucesso.

Durante o desenvolvimento do projeto, alguns obstáculos surgiram, como a falta de tempo, pois os professores de sala regular seguiam um ensino estruturado e um planejamento programado.

Às vezes, quando eu ia pegar o grupo de alunos na sala, a professora pedia para que agendássemos o encontro para outro dia ou outra hora.

O processo inclusivo é difícil, pois temos os que acreditam no processo e os que não acreditam. O profissional que está na sala de recursos multifuncionais precisa organizar ações que dêem visibilidade ao processo inclusivo dos alunos com necessidades educativas especiais, o que não é fácil, pelos obstáculos atitudinais.

É preciso pensar numa abordagem sobre inclusão que inclua respeito, amizade e empatia, e não por que a lei exige que a aula aconteça.

A participação direta dos alunos na disseminação dessas práticas é fundamental. E para que isso ocorra, precisam conhecer e compreender para, aí, sim multiplicar os conhecimentos.

Nós tivemos momentos que serão inesquecíveis, tenho certeza. Um dos mais gratificantes foi quando pais vieram pedir para que seus filhos participassem do grupo "Multiplicadores da Inclusão".

Outro momento importante foi o estudo dos cromossomos. Eu achava que, pelo fato de o tema trazer termos científicos, os alunos não conseguiriam aprender. Mas eles me surpreenderam, deram um show!

Dicas

O projeto é uma boa oportunidade para o trabalho com procedimentos de pesquisa e anotações, já que explora bastante os vídeos como fontes de informação. Isso é algo pouco comum nas escolas, que, geralmente, privilegiam a pesquisa bibliográfica. Paralelamente, é possível a "exploração" de verbetes sobre alguns termos e sobre sua relevância nos textos de divulgação científica.

A proposta cumpre também a função social de estimular a conscientização das crianças. Esse trabalho pode ter como produto textual cartazes sobre os temas pesquisados.


Do campo para escola: o caminho da alimentação saudável

Competência 1 | Competência 2 | Competência 3
Área(s): Ciências da Natureza.

O objetivo desta prática foi que os alunos reconhecessem a importância de adquirir hábitos alimentares saudáveis para a promoção da saúde e a qualidade de vida. Além disso, disseminar hábitos alimentares saudáveis dentro e fora do espaço escolar envolvendo as famílias e a comunidade.

Componente(s): Ciências.
Quando: Durante o ano letivo, com a realização de atividades como saídas a campo e plantios para os meses mais quentes.
Materiais: Os materiais estão descritos no desenvolvimento do trabalho.
Habilidades trabalhadas: EF01CI01; EF01CI05; EF02CI04; EF02CI05; EF02CI06; EF03CI10; EF05CI08; EF05CI09; EF15LP01; EF15LP05; EF01LP17; EF02LP13
Escola: Mathias A Bohn E M Pref EI EF, Rio Negro (PR).
Professor(a) responsável: Graciele Cristiane Rambo.

O que é:

Neste projeto, os alunos foram levados a refletir sobre o que comem e de onde vêm os alimentos. Com base nisso, contribuíram na reorganização da horta da escola, divulgaram o que é a alimentação saudável e produziram livro e vídeo com a comunidade local.

Como fazer:

Na sala de aula:

Conteúdo "Alimentos Orgânicos" – Para que as crianças valorizassem o lanche servido na escola, o nosso trabalho foi iniciado com a atividade de observação das etapas percorridas até sua chegada ao prato na escola

Para tanto, foi de suma importância conhecermos a Lei municipal nº 4.904/2016, que dispõe sobre a obrigatoriedade de aquisição de alimentos orgânicos ou de base agroecológica na alimentação das escolas municipais. Assim, pudemos entender um pouco mais sobre o cuidado presente na aquisição da merenda escolar.

Realizamos uma parceria com a "Fazendinha", campo experimental do curso de Agronomia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Depois de realizarmos uma visita ao local, foi possível compreender como é feito o plantio dos alimentos, bem como esclarecer dúvidas técnicas de plantio para aplicação futura em nossa horta na escola.

Também recebemos dicas de um agrônomo, que nos explicou como saber a diferença entre horta orgânica e convencional, tipos de adubos, como plantar, cuidar, colher etc.

Durante o desenvolvimento do trabalho, foram feitas leituras diárias sobre alimentação saudável como estratégia para informar e orientar os alunos de forma lúdica e divertida e, assim, oferecer conhecimentos complementares.

Conteúdo “Importância da Atividade Física: gincana saudável" – Pensando na obesidade, levei para meus alunos o texto: “Medalha de o mais legal”, que fala sobre atividade física. Lancei a eles o desafio de, juntos, criarmos uma gincana envolvendo algumas atividades físicas voltadas aos conteúdos estudados em sala.

A gincana foi organizada e monitorada pelos alunos do 4º ano em parceria com a professora de Educação Física.

Com o conhecimento adquirido em sala, as crianças criaram atividades relacionadas ao excesso de sal, ao consumo de óleo, à importância da água, montaram um quebra-cabeça da "Pirâmide Alimentar" e brincaram de "Descubra se Puder!", atividade relacionada ao tato e ao paladar. Isso as levou a provar alimentos de forma lúdica e divertida. Todos os alunos da escola tiveram a oportunidade de participar.

Conteúdo “Reaproveitamento dos Alimentos” – Pensando no incentivo ao consumo de nosso lanche, criamos o programa culinário: “Comer Bem, que Mal Tem?”, em que os alunos foram divididos em apresentadores e auxiliares.

Para tanto, recebemos alunos de outras salas. A convidada especial do programa foi a nossa merendeira, que nos ensinou a fazer uma omelete com legumes reaproveitados, servida em nosso lanche.

A atividade foi filmada e editada, como se fosse um programa televisivo, para ser exibida aos demais alunos. O objetivo era instigar neles a vontade de também fazer parte da atividade, O programa foi um verdadeiro sucesso, e a omelete também!

Outra forma de incentivo ao consumo de alimentos saudáveis foi o lançamento do "Desafio da Sementinha Misteriosa". Confeccionamos em sala uma mini-horta de garrafa PET. Cada criança recebeu um saquinho com uma sementinha desconhecida, mas com as instruções de como deveria ser plantada e cuidada.

Foram distribuídas duas variedades de sementes (de alface e rabanete). O desafio foi: a criança deveria levar sua semente para casa e, a partir das instruções e junto com a família, teria de plantar, cuidar, tirar fotos e relatar suas descobertas.

No dia combinado, a "colheita" foi levada para escola, onde seria utilizada numa deliciosa salada para acompanhar o lanche.

Também foram retomadas as dicas de cultivo recebidas do agrônomo do campo experimental da Unioeste. Nesse contexto e com o apoio da direção e da Coordenação, reativamos a horta da nossa escola.

Conteúdo “Análise dos Rótulos/Informação Nutricional” – Em parceria com o Espaço Sesc Saúde, recebemos uma nutricionista. Ela trabalhou o tema “Desvendando os Rótulos dos Alimentos e Alimentos Orgânicos: benefícios e vantagens”, o que reforçou a aprendizagem adquirida na visita à Associação Central dos Produtores Rurais Ecológicos (ACEMPRE). Naquele momento, a nutricionista explicou termos desconhecidos existente nos rótulos dos produtos e abordou seus malefícios para a saúde das pessoas.

Conteúdo “Produtos Naturais e Industrializados” – Foi realizada em nossa escola a "4ª Feira da Alimentação Saudável e Agroecológica", em parceria com a merenda escolar. Naquele dia, os produtores da agricultura familiar trouxeram seus produtos à escola. As famílias foram convidadas para conhecerem e adquirirem os alimentos orgânicos produzidos pelos alunos. Importante destacar que os produtores que participaram da feira eram os mesmos que forneciam alimentos para a merenda escolar do município.

Os alunos do 4º ano, por sua vez, realizaram uma pesquisa na semana que antecedeu a feira. Nela, cada aluno escolheu, com a família, um alimento industrializado de seu consumo diário para um levantamento da quantidade de açúcar, sal e óleo existente em seus componentes, os quais, muitas vezes, são invisíveis aos olhos do consumidor.

Assim, apresentaram o seminário temático: “Você Sabe o que Come?”, destacando a importância da leitura dos rótulos, a influência da cor na embalagem como forma de atrair o consumidor, a propaganda e os artifícios utilizados para venda dos produtos e os maleficio do consumo em excesso.

Os trabalhos foram expostos ao lado dos produtos da feira com o objetivo de estabelecer o contraponto entre o natural (orgânico) e o industrializado

Conteúdo “Alimentos Orgânicos/Informação Nutricional” – Os alunos também realizaram em grupos uma pesquisa sobre os alimentos vendidos na ACEMPRE, com a finalidade de confeccionar pequenos cartazes (rótulos) para doar, tendo em vista que, no dia da visita, eles haviam notado que não havia placas iguais às placas dos mercados. Nos cartazes (rótulos), foram destacados a imagem do alimento, o benefício para a saúde, os nutrientes, o selo orgânico, o espaço para o preço e a assinatura dos pesquisadores (alunos).

Com inspiração nas ideias do “Pense Nisso”, do nosso livro didático, que traz como proposta o desenvolvimento da atividade “Quem Planta Colhe”, passamos a colocar em prática todo o conhecimento adquirido durante nossas visitas técnicas, ou seja, criamos um berçário de alface para distribuir as mudas como forma de incentivo ao cultivo.

Após germinadas as sementes da alface, elas foram armazenadas numa pequena embalagem feita de rolinho de papel higiênico, que é biodegradável e poderia ser enterrado com a alface, tornando-se adubo.

Preparamos mais de 200 mudinhas, que foram entregues para os participantes da "Feira de Exposição Agropecuária" do nosso município e também como decoração nas mesas de um restaurante que serve pratos típicos da região.

O objetivo era estar num espaço de alimentação conscientizando as pessoas sobre a importância da alimentação saudável. A ornamentação das mesas podia ser levada para casa para o plantio.

Para finalizar nossos estudos, realizamos a confecção e a exposição de maquetes para apresentação na "1ª Mostra de Trabalhos Do Campo à Cidade: o caminho dos alimentos", que representaram o trajeto dos alimentos do campo até a cidade. Após a apresentação em nossa escola, os trabalhos foram expostos no saguão da "Biblioteca Pública Municipal Martinho Lutero" e no Paço Municipal.

Outras idéias

Na escola:

Concomitante aos estudos em sala, passamos a avaliar como poderíamos levar nosso conhecimento para além da sala de aula. Acordamos que, de início, seria importante darmos uma "cara" ao nosso projeto.

Surgiu, então, a ideia de criação de um concurso na escola: a escolha de um símbolo que identificasse os multiplicadores da alimentação saudável.

Lancei aos alunos um desafio: que pesquisassem histórias sobre alimentação para que trabalhássemos com as demais turmas. Das histórias trazidas, selecionamos: A Cesta de Dona Maricota.

Assim, trabalhamos com todas as turmas dos períodos matutino e vespertino, as quais, após o trabalho pedagógico, foram convidadas a criar e a desenhar algo que representasse a importância da alimentação saudável, sabendo que o desenho seria estampado numa camiseta com a mensagem proposta.

Finalizado o trabalho com as turmas, podemos dizer que teve início a etapa mais difícil da proposta: escolher o desenho que ilustraria a camiseta. Com mais de 120 desenhos, criamos na escola uma comissão formada pelas coordenadoras e por alguns professores, que tiveram a árdua tarefa de selecionar o vencedor, conforme a proposta do trabalho.

Dos vários trabalhos produzidos, escolhemos o desenho do "Supervitamina", feito por uma aluna do 5º ano B. Ela havia criado um super-herói rodeado de alimentos saudáveis (frutas, verduras e legumes).

Aproveitando que em 31 de março se comemoraria o Dia da Nutrição e Saúde, fizemos a entrega da premiação do "Concurso Ilustrador Mirim" e a apresentação da camiseta e do mascote do projeto.

Focando num dos principais objetivos do projeto, que consistia em multiplicar as atitudes e os exemplos bons voltados à alimentação saudável, criamos como sugestão das crianças uma página no Facebook exclusiva para o “Supervitamina”.

Falar da importância da alimentação saudável se torna muito mais significativo quando a escola proporciona às crianças a experiência de conhecer as etapas pelas quais uma plantinha passa até chegar ao prato.

Fazia alguns anos que a nossa escola não tinha a sua própria horta. Pensando na importância de uma horta não só para o projeto, mas também para as próprias crianças, passamos a idealizar e resgatar o espaço onde era nossa horta antiga.

Para tanto, com a ajuda de voluntários, passamos a arrumar nossa horta, que também serviu como laboratório experimental para as crianças.

Durante uma semana, o 4º ano realizou um trabalho individualizado (manhã e tarde). O cronograma incluiu todas as turmas. O objetivo foi oferecer orientação específica sobre a importância da alimentação saudável.

Para tanto, utilizamos a "Caixa da Alimentação Saudável", que contava com diversos jogos e atividades lúdicas. As atividades visavam trabalhar de forma prazerosa todos os aspectos relevantes da alimentação, de acordo com a faixa etária das crianças.

De início, os alunos assistiram a um pequeno desenho de Sid o cientista: alimentação saudável e, na sequência, organizaram-se em pequenos grupos para as atividades sob a supervisão e a orientação dos alunos multiplicadores da alimentação saudável do 4º ano.

Dentre as atividades desenvolvidas, podemos citar: "Painel", "Dominó", "Alinhavos", "Fantoches", "Jogo de Frações", "Jogo de Memória", "Pirâmide Alimentar", "Reloginho da Saúde" e "Carimbos Pedagógicos".

Importante ressaltar que todas as atividades propostas foram pensadas para permitir a participação e a interação de nossos alunos especiais (cego, com síndrome de Asperger e de Down).

Realizamos o "Concurso de Receita Culinária Saudável", que teve como objetivo estimular e despertar na comunidade escolar e rondonense a criatividade para o reaproveitamento de cascas, talos e folhas e, assim, dizer não ao desperdício de alimentos.

Na comunidade:

Cientes de que as dificuldades quanto à formação de hábitos alimentares saudáveis não se restringiam apenas à nossa escola, criamos uma companhia de teatro itinerante com a peça "Chapeuzinho Vermelho e o incrível Lobo Bom".

Seu principal objetivo foi apresentar, de forma lúdica e divertida, a mensagem sobre a importância da alimentação correta, destacando os malefícios do excesso de doces e a relevância do consumo de frutas diariamente.

Foram criados dois grupos de teatro para os alunos do 4º ano. Esses grupos se apresentaram em 12 escolas municipais, três Centros Municipais de Educação Infantil, num colégio da rede privada, numa escola de educação infantil da rede privada, no Centro de Apoio à Família, na APAE "Pequeno Líder" e na "Feira Agropecuária".

Cerca de 4 mil crianças assistiram à peça de teatro e conheceram o mascote do projeto. Para a realização de todas as apresentações, foi estabelecida parceria com as nutricionistas da Prefeitura.

Após cada apresentação teatral, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, cada criança recebia um fôlder com atividades pedagógicas voltadas à alimentação saudável criado pelos alunos do 4º ano.

Saiba mais

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) foram aliados importantes no desenvolvimento do projeto, contribuindo para a inovação educacional.

Um exemplo foi o Concurso de Receita Culinária Saudável, que premiou dez receitas e deu origem a um livro digital (e-book). A edição foi repassada à Secretaria de Educação para que fosse entregue às cozinheiras das escolas e dos Centros Municipais de Educação Infantil e divulgado nas redes sociais.

Para ampliar a disseminação de conhecimentos, foi criado um canal no YouTube. No canal, está disponível, por exemplo, o programa culinário Comer Bem, que Mal Tem?, que teve a participação ativa dos alunos.


Minha escola faz a diferença no trânsito: eu faço a minha escolha

Esta prática teve como objetivo conscientizar os alunos para que se tornassem agentes multiplicadores de ações educativas e escolhas positivas no trânsito em seu convívio social.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Língua Portuguesa.

Quando:

O projeto não tem data específica para ser realizado.

Habilidades trabalhadas:

EF35LP01; EF35LP03; EF05LP09; EF03LP13; EF04LP14; EF35LP15; EF35LP17; EF03LP24; EF35LP21.

Escola:

Escola Estadual Professor Leon Renault, Belo Horizonte (MG).

Professor(a) responsável:

Eliane Silvestre Oliveira.

O que é:

A proposta foi realizada com 64 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais numa escola pública de Belo Horizonte localizada em área de tráfego intenso. A proposta surgiu devido ao grande desrespeito às regras de trânsito no local de embarque e desembarque dos alunos.

Apesar de haver uma via transversal para a entrada de vans e carros de passeio, tínhamos um trânsito caótico nos arredores da escola.

Dessa forma, em 2017, escolhi o trânsito como tema de estudo, por conta de sua proximidade com o dia a dia dos alunos. Como proposta do projeto, planejei ações voltadas à construção do conhecimento de forma interdisciplinar e transversal.

Num primeiro momento, pensei em ações envolvendo os conteúdos da disciplina Ensino Religioso, partindo do pressuposto de que trânsito se relaciona com a cidadania, a responsabilidade social e a inclusão, temas importantes na formação de valores de cada indivíduo.

No que diz respeito à disciplina de Língua Portuguesa, optei por trabalhar os gêneros textuais "Relato de experiência", "Ficção Cientifica", "Carta", "Notícia" e, por último, "Jornal".

Nas discussões, nas produções de texto e nos trabalhos, houve engajamento, interesse e dedicação dos alunos.

O objetivo geral do projeto foi alcançado, já que muitos alunos comentaram que os conhecimentos sobre trânsito haviam chegado até suas famílias. Nas discussões, nas produções de texto e nos trabalhos, houve engajamento, interesse e dedicação dos alunos.

Isso representou um ganho de autonomia para os alunos, que aprenderam a argumentar e a tomar decisões amparados num conhecimento construído a partir do desenvolvimento do projeto.

A partir do estudo do tema, muitos alunos se tornaram multiplicadores de informação em suas famílias e perante outros colegas da escola.

Acredito que esses jovens serão protagonistas e participativos no decorrer dos próximos anos letivos, bem como sujeitos ativos na resolução de problemas na escola, na família no trabalho e até no trânsito.

Além disso, a partir do projeto, os alunos adquiriram o gosto pela leitura e pela escrita.

Como fazer:

Durante a minha trajetória profissional, atuei como educadora de trânsito. No trabalho, ficava incomodada quando ouvia de um candidato à obtenção da carteira de habilitação a afirmação de que não estava ali para aprender sobre educação no trânsito, mas, sim, para conseguir o tão sonhado documento.

Ao cursar Pedagogia, direcionei minha pesquisa para as formas de aplicação da educação para o trânsito em sala de aula, uma vez que o Código de Trânsito Brasileiro prevê que este conteúdo seja trabalhado da Educação Infantil até o Ensino Médio.

Isso aparece referendado, por exemplo, nas Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito no Ensino Fundamental e nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Além disso, diante de estatísticas dando conta de que os acidentes de trânsito são a maior causa de morte de jovens de 10 a 19 anos, tornava-se urgente a abordagem na escola do tema "Trânsito", visando conscientizar crianças e adolescentes.

Logo que assumi como professora duas turmas do 5º ano, em 2017, comecei a elaborar um projeto-piloto sobre educação para o trânsito. Ele incluía as seguintes ações:

  • Apresentação do projeto em aula expositiva e realização de um trabalho individual escrito.
  • Realização da campanha “Maio Amarelo na Escola”.
  • Leitura e interpretação do livro "As três Cidades", de Ronaldo Simões Coelho, culminando com a produção de cartaz e exposição em mural.
  • Visita à Instituição Educativa Transitolândia, para uma vivência lúdica sobre o tema.
  • Leitura e interpretação dos livros da coleção "Viva o Trânsito", e elaboração de trabalho em grupo e de um livro.
  • Criação de uma hashtag sobre o trânsito, além de aula expositiva e trabalho individual escrito.
  • Criação de um jornal mural, com aula expositiva, trabalho individual e trabalho em grupo.
  • Apresentação de Flash Mob na "Semana Nacional do Trânsito".

Como base da metodologia de trabalho, apoiei-me na teoria sociointeracionista de Lev Vygotsky, que diz que o desenvolvimento do indivíduo acontece a partir do processo sociohistórico e cultural. Esse desenvolvimento está intimamente relacionado com o contexto no qual a pessoa está inserida.

Dessa forma, busquei favorecer a interação entre os alunos, adotando práticas de trabalho colaborativo. Por fim, pensei numa didática que abrangesse a interdisciplinaridade.

Para a definição das estratégias, levei em consideração que os alunos têm inteligências múltiplas, com habilidades diferenciadas para atividades distintas.

Dessa forma, alguns alunos podem apresentar mais de um tipo de inteligência e, consequentemente, uma ou várias habilidades, que devem ser despertadas pelo educador por meio de estratégias diferenciadas de ensino.

Ao definir as estratégias, optei por contemplar também a utilização de atividades que atendessem aos diferentes estilos de aprendizagem e às inteligências múltiplas.

Comecei pela apresentação do projeto. Iniciei a abordagem do tema, a partir da disciplina de Ensino Religioso, com uma roda de conversa sobre conceitos de trânsito, meios de locomoção, comunicação e convívio social, entre outros assuntos.

Sugeri que os alunos fizessem o primeiro trabalho escrito, seguindo um roteiro de conteúdos que incluía, por exemplo, a história do trânsito no Brasil, dos meios de transportes, a origem das profissões ligadas ao trânsito.

Os alunos foram incentivados também a buscar uma música que falasse sobre o trânsito e a assistir no Youtube ao vídeo "Pateta no Trânsito". Um resumo deveria ser escrito sobre a animação da Disney, com uma nova versão, criada pelos alunos.

A grande maioria fez o trabalho e o entregou dentro do prazo estipulado. Na sequência, os alunos apresentaram suas pesquisas para os colegas, atraindo interesse, inclusive, daqueles que não haviam feito a pesquisa.

A falta de capricho apareceu em alguns casos, com alunos entregando trabalhos sem nenhuma estruturação de capa, margem etc.

Para alunos do 5º ano, isso é um fator preocupante, pelo fato de estarem próximos do encerramento do nível de Ensino Fundamental – Anos Iniciais.

A apresentação das letras das músicas foi bem divertida. Surgiram várias letras diferentes e inesperadas abordando o tema "Trânsito".

A história "Pateta no Trânsito" foi vista em casa, em vários casos com a participação dos pais.

Para a ação seguinte, aproveitei a ocorrência do "Maio Amarelo", movimento internacional que busca chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortos e feridos no trânsito. Sob essa inspiração, criei a campanha "Maio Amarelo na Escola", com o objetivo de fomentar o protagonismo dos alunos em ações educativas no trânsito, enriquecendo suas vivências, a convivência e a cidadania.

A campanha foi apresentada numa roda de conversa, em classe, e, depois, para toda a comunidade escolar. Aproveitamos para destacar o tema de 2017: "Minha Escolha faz a Diferença".

Produzimos um informativo sobre o movimento, os alunos fizeram lacinhos de cetim na cor amarela e criamos um porta-documentos, a partir da doação de um parceiro.

Formamos grupos de três alunos cada que visitassem as demais salas de aula para entregarem o kit de brindes, explicarem o informativo e convidarem os professores para participarem do "Movimento Amarelo". Os alunos visitaram também as salas da Secretaria, da Supervisão e da Direção da escola.

Os demais alunos da turma ficaram na sala de aula, realizando tarefas da cartilha "Trânsito Legal", que reúne jogos, dicas e passatempos educativos.

A ação foi um sucesso, os profissionais da escola ficaram encantados com a desenvoltura dos alunos, que, por sua vez, viram na iniciativa uma oportunidade para o exercício do protagonismo. Segundo um participante, aquele foi seu melhor dia na escola. Outro contou que convidou a diretora para participar do Movimento, e ela aceitou.

Propus, então, que todos produzissem um relato escrito sobre o tema e sobre as experiências vividas. A adesão foi enorme, com textos fantásticos. Nada mau para uma turma que sempre reclamavam das atividades textuais. Tudo ficou mais fácil porque eles já haviam estudado a produção de relatos na disciplina de Língua Portuguesa

Como atividade de encerramento, fiz uma fotografia panorâmica com os alunos usando camisetas brancas e o lacinho amarelo e com letras formando as palavras "Maio" e "Amarelo".

A ação foi um grande sucesso, com a participação efetiva de 100% dos alunos das duas turmas. Todos se sentiram importantes e capazes de promover mudanças e exercer a cidadania.

A terceira ação teve dois momentos importantes. Um deles foi a exibição do curta-metragem de animação "A Ilha", que retrata a realidade e as dificuldades vividas por um pedestre diante do crescimento da frota de veículos em sua cidade. Outra iniciativa foi a leitura do livro "As Três Cidades", de Ronaldo Simões Coelho.

A obra aborda, de forma criativa e bem ilustrada, três cidades imaginárias que vivenciam situações diferentes na comparação rotina real do trânsito. Por meio das histórias, o autor buscou criar uma harmonia entre os usuários do trânsito.

Cada aluno levou para casa um exemplar do livro, graças à doação de um parceiro. A iniciativa visou também estimular o interesse dos jovens pelo mundo da leitura.

Com base nas histórias, os estudantes foram convidados a produzir um texto sobre como seriam suas cidades ideais.

A proposta foi recebida com muita alegria e grandes ideias, atraindo a totalidade dos alunos.

Ainda com base no livro sobre as três cidades, os estudantes tiveram de criar desenhos em cartolina para suas cidades imaginárias. Novamente, o trabalho teve 100% de adesão. O encerramento dessa atividade se daria no mês seguinte, em julho, com uma exposição, na forma de mural, e aberta às outras turmas. Os alunos ficaram encantados e curiosos para ler cada história e conhecer as várias cidades que foram criadas.

Ainda no mês de junho, visitamos o espaço educativo "Transitolândia". Trata-se de uma minicidade com espaços delimitados para a circulação de veículos e pedestres, como avenidas com faixas pintadas, semáforos, posto de gasolina, ônibus e cruzamentos de vias.

A visita propiciou aos alunos uma vivência lúdica em relação às regras de trânsito. Todos foram muito participativos no momento das perguntas e das dinâmicas. Durante o passeio de bicicletas, procuraram cumprir as regras aprendidas.

Após a visita, propus a escrita do gênero carta que havíamos estudado no decorrer da semana. A proposta foi utilizada como forma de enriquecimento da cidadania e da convivência. Todos os alunos participantes escreveram as cartas em agradecimento, ressaltando a forma como foram recebidos e o que mais gostaram na visita.

Os alunos que não conseguiram cumprir as regras de circulação foram "multados", ficando sem circular por algum tempo, conforme havia sido combinado previamente.

Nos dias posteriores à visita, ouvi de muitos alunos que, quando chegaram em casa, passaram os principais ensinamentos às famílias.

Representantes da Instituição foram convidados a realizarem uma palestra na escola destinada aos demais estudantes. O evento atraiu 360 alunos, a totalidade das turmas do Ensino Fundamental – Anos Iniciais.

Para os alunos que conheceram a "Transitolândia", pedi que escrevessem uma carta de agradecimento aos monitores.

Tais cartas seriam colocadas numa caixa chamada "Maleta do Agradecimento". Depois da correção dos textos, as cartas foram lacradas e colocadas na maleta.

Dois alunos foram sorteados para entregar a maleta à instituição.

Na sequência do projeto, fizemos a leitura e a interpretação dos livros da coleção Viva o Trânsito, editados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).

As obras abordavam temas como trabalho infantil, a história dos meios de transporte, sinalização viária, modelo de cidade ideal, a rotina de um entregador no trânsito, engarrafamentos e o trabalho de vendedores ambulantes.

Cada aluno recebeu aleatoriamente um livro da coleção. Após as leituras, dividi a turma em grupos para que realizassem, de forma coletiva, as atividades dos livros. Dessa forma, cada aluno do grupo ficou incumbido da realização e discussão de uma atividade.

Mais à frente, tendo como referência os personagens principais dos livros lidos, os alunos foram estimulados a produzirem uma obra de ficção (livro ou história em quadrinhos). Cada um deveria criar um final diferente daquele dado ao livro original.

Desta vez, a adesão foi menor, por conta da dificuldade do trabalho. Dos 64 alunos participantes, 54 conseguiram realizar o trabalho. Após a entrega, fizemos uma manhã de leitura e troca de livros.

A proposta seguinte de trabalho foi a criação de hashtags sobre trânsito, inspiração vinda da campanha "Maio Amarelo" que, em 2017, teve a ela associada a hashtag "#MinhaEscolhaFazADiferença".

Os alunos ficaram empolgados com a ideia, que tinha também como atributo estimular o raciocínio, a linguagem escrita e a atenção, promovendo a interpretação de situações cotidianas e a criação de novas situações. A adesão foi de 100% dos alunos.

Os jovens partiram em agosto para a criação de um jornal mural com o tema "Chega de Acidentes". Ação visou estimular o raciocínio, a linguagem escrita e a atenção, além de incentivar a crítica e a solução de problemas.

Após discussão sobre as áreas que compõem um jornal, pesquisamos informações sobre trânsito em veículos impressos e eletrônicos.

Fizemos uma leitura coletiva de manchetes, para que cada aluno apresentasse sua compreensão sobre as notícias. Chamou a atenção o número de notícias sobre acidentes graves, com muitas vítimas. Os alunos demonstraram indignação com tanta violência no trânsito.

Após discussões sobre o alto índice de acidentes no Brasil e em nosso Estado, foi proposto um exercício para amenizar o que as manchetes traziam.

Cada aluno deveria criar a sua própria manchete ou notícia do dia e fazer com que ela relatasse um fato, ação ou situação positiva no trânsito. Todos os alunos se dedicaram à proposta, apontando situações bem positivas envolvendo pedestres, motoristas, veículos, agentes de trânsito, vias e inclusão de pessoas com deficiência.

O jornal mural foi exposto com as manchetes positivas dos alunos no lado externo da sala. As notícias sobre acidentes de trânsito também foram expostas, mas com uma tarja vermelha onda estava escrita a frase "Chega de Acidentes!".

Os estudantes receberam colegas de outras turmas e explicaram o objetivo do trabalho.

Percebi naquele momento que alunos, inicialmente, sem interesse pela leitura e pela escrita, haviam se tornado jovens críticos e capazes de apontar soluções para problemas do dia a dia.

A última ação do projeto aconteceu em setembro, por ocasião da Semana Nacional do Trânsito. Foi um flash mob, uma aglomeração instantânea de pessoas num determinado lugar para execução de uma encenação inusitada e previamente combinada.

Escolhemos dança. Os alunos foram divididos em cinco grupos, com cinco coreografias diferentes. Os grupos foram dispersos no meio do público na escola. A cada mudança de música, em intervalos curtos, iniciava-se uma nova coreografia.

Como alguns alunos não queriam dançar, sugeri que criassem um cartaz com folhas de ofício. Ao final da apresentação de dança, esses alunos se voltaram para o público formando a seguinte frase: "18 a 25 de Setembro – Semana Nacional do Trânsito – Minha Escolha Faz Diferença".

Foi um dos momentos mais gratificantes do projeto, pois a apresentação trouxe uma proposta de encerramento inovadora e informativa para toda a comunidade escolar. O resultado foi tão positivo que os alunos receberam convites para a repetir a apresentação na abertura das Olimpíadas da escola e no evento "Virada da Educação", com a presença de pais e do público em geral.

Entendo que os objetivos específicos traçados para o projeto foram alcançados quase que em sua totalidade – no desenvolvimento do tema, na vinculação da proposta com a realidade dos alunos, na diversidade de atividades desenvolvidas.

Aqueles alunos que apresentavam maior dificuldade na leitura e na escrita venceram grande parte de suas dificuldades e ganharam autonomia. Foram, em linhas gerais, os que mais se dedicaram.

Quanto ao objetivo geral do projeto – conscientizar os estudantes para que se tornassem agentes multiplicadores de escolhas positivas no trânsito – entendo que este ele foi igualmente alcançado.

Muitos alunos comentaram que repassaram para as famílias muitos conhecimentos adquiridos.

A partir do estudo do tema, os jovens se tornaram, de fato, multiplicadores. Acredito que eles serão protagonistas e participativos no decorrer dos próximos anos letivos.

E outro grande resultado obtido foi que os alunos tomaram gosto pela leitura e pela escrita.

O maior resultado do projeto, acredito, foi ver a educação com outros olhos. Foi ver que um trabalho organizado, orientado e articulado pode fazer com que alunos da escola pública tenham prazer no estudo.

Ficou evidente também que articular um projeto não demanda mais trabalho, como ouvimos relatos de muitos professores, mas sim novas possibilidades.

Acredito que, com esse projeto, venci o maior desafio de todos, o de despertar o interesse dos alunos, conduzindo o ano letivo sempre com desafios e a presença do novo.

Saiba mais

Conheça algumas referências bibliográficas usadas nesse trabalho:

Bom mesmo é Coxim

Área(s): Linguagens; Matemática; Ciências Humanas.

Esta prática teve com objetivo possibilitar aos estudantes, por meio da pesquisa e da investigação, conhecimento sobre a região do município de Coxim – seus aspectos ambientais e a influência do homem no meio ambiente.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Língua Portuguesa, Geografia, História e Matemática.

Quando:

Durante o ano letivo.

Materiais:
  • filmes;
  • livros;
  • fôlderes e materiais de pesquisa em geral.
Habilidades trabalhadas:

EF04MA03; EF04MA04; EF05MA24; EF15LP01; EF15LP05; EF15LP10; EF04GE01; EF04GE03; EF04GE05; EF04HI01; EF04HI05; EF05HI02

Escola: Escola Estadual Padre Nunes, Coxim (MS).
Professor(a) responsável:

Neuly Ferreira da Silva.

O que é:

Abordagem de maior amplitude sobre a diversidade ambiental existente na região, de forma que as reflexões garantissem a aprendizagem, levando em conta a preservação dos recursos naturais, vistos como patrimônio a ser legado às gerações futuras.

Como fazer:

Coxim é uma cidade turística que faz parte da "Rota das Monções". É também conhecida como "Portal do Pantanal" e "Terra do Pé de Cedro", rica em cultura e belezas naturais.

Mesmo com tantas riquezas, como o Rio Taquari, a cidade tem vivido muitos problemas ambientais desde a década de 1970.

A partir dessa informação, tive a certeza de que poderíamos deixar um legado de consciência da responsabilidade ambiental às pessoas. A temática de nosso projeto seria, portanto, o meio ambiente. As pesquisas e demais atividades possibilitariam conhecermos a cultura ribeirinha da cidade.

No início, numa roda de ideias, surgiram assuntos como meio ambiente, Coxim, Rio Taquari...

Deixei-os livres para que falassem à vontade. Chamou a atenção um dos relatos. Fiquei perplexa em saber que ainda existia como "diversão de família" caçar passarinho. Percebi também que os estudantes não tinham a noção de que Coxim é uma cidade turística e que o turismo aumenta a renda das famílias.

Começamos a realizar as ações pedagógicas em torno do projeto, com leitura e interpretação de textos, pesquisas e observação em laboratório, roda de ideias, seminário, pesquisa em links na sala de tecnologia, conversas com a população ribeirinha e pesquisa em livros, fôlderes, revistas, mapas, músicas, vídeos etc.

As atividades foram realizadas em acordo com os conteúdos e seguiram uma sequência lógica para facilitar a compreensão do conteúdo e formação da consciência de preservação ambiental.

A utilização do aquário no laboratório de pesquisa foi determinante para assegurar o interesse dos estudantes do início ao fim.

Outro ponto importante para manter o interesse foi a pesquisa. Apresentei fôlderes e revistas de turismo sobre Coxim, a "Rota das Monções" e o Pantanal, cuja paisagem deslumbrante encheu de brilho muitos olhinhos.

Um momento único na vida de cada estudante foi a culminância do projeto. Após vários dias de estudo e pesquisa, os estudantes realizaram produções de textos na forma de convite aos colegas do 3º ano, do turno vespertino, e produziram um fôlder sobre a importância do meio ambiente. Tanto o convite quando o fôlder foram ilustrados com as paisagens de Coxim.

Fizemos um evento no anfiteatro da escola, marcado pela palestra “Os peixes da bacia do Alto Taquari”, apresentada por uma bióloga.

O projeto foi delineado para que, por meio da pesquisa, os estudantes tivessem conhecimento da importância do Rio Taquari para a população de Coxim e, em especial, para a população ribeirinha.

As ações foram realizadas realizadas em acordo com os conteúdos, muitos dos quais foram aplicados em ações pedagógicas interdisciplinares. Isso se deu da seguinte forma:

Os conteúdos abordados foram os seguintes: textos narrativos e ficcionais (contos, lenda), textos publicitários (propaganda, folhetos, avisos), relato de experiências pessoais e/ou coletivas, provérbios/ditos populares e concordância verbal e nominal.

As atividades desenvolvidas incluíram as práticas de leitura e interpretação de texto, produção de textos para o livro "Cultura Ribeirinha” (receitas, lendas/ditos populares, modo de vida), produção de fôlderes e convites para seminário, pesquisas em sites na sala de tecnologia, visita ao laboratório de pesquisa e pesquisa nas salas de tecnologia e música para relatar as observações.

Abordou como conteúdos principais a importância dos rios e de sua preservação. As atividades desenvolvidas foram leitura e interpretação de textos diversos sobre hidrografia do estado e de Coxim, pesquisa na sala de tecnologia em vários sites, pesquisa em fôlderes, revistas, livros e mapas, visita ao laboratório de pesquisa e uma palestra informativa para o relato das observações.

Abordou como conteúdos a estrutura de poderes no Mato Grosso do Sul (Executivo, Legislativo e Judiciário) e o desenvolvimento econômico, social e político no estado.

As atividades desenvolvidas foram: leitura e interpretação de textos, pesquisa na sala de tecnologia em vários sites, pesquisa em fôlderes, revistas, livros, letras de hinos, mapas, visita ao laboratório de pesquisa para relatar as observações, entrevistas e produção de textos para o livro “Cultura Ribeirinha” (receitas, lendas/ditos populares, modo de vida da cultura ribeirinha), para fôlderes e para um convite.

Abordou os conteúdos:medidas de comprimento, direção e sentido, ângulos, adição, subtração, multiplicação e divisão, gráficos e tabelas. As atividades desenvolvidas foram cálculos com multiplicação e divisão, problemas com multiplicação e divisão, expressões numéricas com as quatro operações, desenho, pintura.

Todas as atividades foram desenvolvidas dentro do ambiente da escola – no pátio, na sala de aula, na sala de tecnologia, na biblioteca, no anfiteatro, na sala multiuso (laboratório) e na sala de vídeo.

Elas foram executadas de acordo com os conteúdos ministrados, proporcionando e estimulando a pesquisa para a aquisição do conhecimento e a construção da consciência ambiental.

Os estudantes medianos necessitaram de maior encorajamento para o estudo. Tinham boa frequência, apresentavam a leitura e a interpretação de texto em níveis razoáveis e se mostravam autônomos em atividades contextualizadas que envolviam cálculo. Com o projeto, avançaram um pouco mais na interpretação de texto e se tornaram mais concentrados, com maior possibilidade de êxito no desenvolvimento do raciocínio lógico. Tornaram-se também mais conscientes de suas responsabilidades perante o meio ambiente.

Apesar de não apresentarem um avanço significativo nas notas, os estudantes cujo desafio maior era a conclusão da alfabetização tiveram ganhos expressivos na escrita e na leitura.

Para que um projeto dessa natureza seja replicado, é necessário que o professor se disponha a trabalhar com metodologias diferenciadas, tenha a pesquisa como foco, leve em conta a necessidade dos estudantes por metodologias dinâmicas, aplicando-as no dia a dia da sala de aula e, especialmente, respeite a individualidade em todos os momentos, tanto no ensino-aprendizagem quanto na hora da avaliação.

Dica!

Uma proposta pode ser a produção de um vídeo a partir de depoimentos de moradores da região, preferencialmente idosos, no qual narrem as mudanças ocorridas em Coxim desde a infância, constituindo uma narrativa sobre o processo de mudança da região.

Essa abordagem, além de documentar e valorizar a memória de idosos, também promove a interação das crianças com moradores.


Filme na sala de aula: aprendizado para a vida

Área(s): Linguagens, Matemática e Ciências da Natureza.

O objetivo desta prática foi promover a reflexão e a leitura crítica da mensagem de um filme, apontando as características expostas e envolvendo todos os eixos pertencentes ao tema abordado. Além disso, estimular nos alunos, por meio da apresentação de filmes, a observação, a capacidade de julgamento, a sensibilidade e a experiência estética.

Componente(s):

Língua Portuguesa, Matemática e Ciências.

Quando:

O projeto teve duração de dois meses, com a exibição semanal de cinco filmes em sala de aula.

Materiais:
  • DataShow;
  • caixa de som;
  • notebook.

  • Habilidades trabalhadas: EF15LP18; EF35LP24; EF05CI04; EF05CI05; EF01MA06; EF01MA08; EF01MA16; EF02MA05; EF02MA06; EF02MA20.
    Escola: EEEF Conego Manoel Otaviano, Olho D’água (PB).
    Professor(a) responsável: Maria Lucia Oliveira.

    O que é:

    Os alunos hoje procuram formas mais interessantes de aprendizado. Pensando num jeito de apresentar os temas transversais necessários ao aprendizado e à convivência dos alunos do 4° ano do Ensino Fundamental, tive a ideia de trabalhar com recursos audiovisuais.

    Conversar sobre temas como meio ambiente e bullying já era uma constante nas aulas, mas percebi a necessidade de introduzir uma ferramenta que trabalhasse esses ensinamentos de forma lúdica, para que os alunos refletissem a partir de mensagens transmitidas de outras maneiras.

    Procurando uma atividade ao mesmo tempo prazerosa e que servisse como uma lição de vida, escolhi o trabalho com filmes.

    Uma das características do cinema como linguagem é expressar ideias, opiniões e sensações, trazendo possibilidades de reflexão e aprendizado.

    Diante dessa riqueza de oferta, torna-se necessário inserir, desde cedo, os alunos nesse meio, para que possam conhecer novas histórias, identificar-se com personagens e absorver a visão dos filmes – uma oportunidade para que trabalhasse também os conceitos básicos de uma relação de comunicação.

    Assim, o projeto “Filme na sala de aula: aprendizado para a vida” utilizou o cinema como recurso didático para a inserção dos temas transversais na sala de aula. Além disso, buscou ampliar o espaço de lazer e de enriquecimento cultural dos alunos na escola, incentivando a formação crítica e apreciativa.

    Após a exibição, foram realizadas atividades sobre os temas presentes nos filmes – meio ambiente, sustentabilidade, bullying, emoções, ética e cidadania, entre outros.

    Desse processo, participaram também as disciplinas de Matemática e Português. A Matemática esteve presente na análise de alguns filmes; e Português, na produção textual das reflexões feitas pelos grupos.

    Durante o planejamento e o desenvolvimento do projeto, tracei como metas proporcionar aos alunos acesso aos recursos audiovisuais, de maneira a possibilitar o desenvolvimento de um cidadão crítico e consciente.

    Os filmes foram a fonte de cultura e aprendizado, despertando na turma o gosto pela “sétima arte”.

    Desenvolvi ainda outros meios de interação, socialização e construção do conhecimento. Também trabalhei com fatores sociais que interferem na dinâmica das relações pessoais, inserindo o aprendizado de Matemática e de Português no cotidiano das crianças, a fim de prepará-las paras as avaliações escolares.

    Como fazer:

    O primeiro momento envolveu a definição do tema e dos métodos de execução do projeto, a escolha dos filmes e das atividades que seriam trabalhados, levando sempre em conta a necessidade de desenvolvimento em Português e Matemática. O trabalho foi feito de forma minuciosa pelos professores dessas disciplinas, que procuraram encontrar filmes que tivessem mensagens importantes para a vida escolar e pessoal dos alunos.

    Depois de tudo definido, a ação seguinte foi apresentar aos alunos a forma de execução do projeto. Em sala de aula, falei sobre a importância do tema. Logo em seguida, contei à turma sobre o surgimento do cinema, seu funcionamento e como os filmes chegam até nós.

    Depois, abri espaço para que os alunos falassem sobre sua convivência com filmes: com qual frequência os assistiam e se já tinham algum gênero preferido. Após essa conversa, expus os cinco filmes que seriam trabalhados no projeto, explicando que assistiríamos a um por semana.

    O primeiro foi A Fantástica Fábrica de Chocolates, que trata de um concurso mundial para escolher quem visitaria uma fábrica de chocolates fechada ao mundo havia 15 anos. Cinco crianças que acharam no chocolate o bilhete dourado foram conhecer a fábrica.

    Após a exibição, na roda de conversa, os alunos disseram o que tinham achado do filme e qual era sua mensagem.

    As crianças também responderam um questionário de interpretação textual sobre o filme. Durante a semana, nas aulas de Matemática, foram trabalhados problemas que envolviam os personagens. Houve até a simulação de uma barraca de doces, na qual os alunos trabalharam com dinheiro e troco.

    O segundo filme foi Wall-E (por ser semana do Dia da Árvore). A animação se passa no ano 2700, época em que o nosso planeta estava praticamente desabitado, por causa do excesso de lixo. O robô Wall-E trabalha para compactar e organizar o entulho.

    Os alunos se divertiram com o robozinho Wall-E e entenderam a mensagem do filme.

    Após a exibição, fizemos uma reflexão sobre a obra, seguida de uma dramatização que incluiu como temas a reciclagem e a importância da tecnologia, do desenvolvimento sustentável e da redução do consumismo. Os alunos se divertiram com o robozinho Wall-E e entenderam a mensagem do filme.

    A terceira obra foi Ponyo: uma amizade que veio do mar, que conta a história de Sosuke, um garoto de cinco anos morador de um penhasco com vista para o "Mar Interior". Um dia, ao brincar na praia, ele encontra Ponyo, um peixinho dourado cuja cabeça está presa num pote de geleia que havia sido lançado ao mar.

    As aventuras desses dois amigos despertaram a preocupação com o equilíbrio ambiental, o cuidado com os animais aquáticos, as consequências de se jogar lixo nos mares, o desastre ambiental, o convívio e a cooperação em sociedade e o respeito aos idosos.

    Fizemos a exploração do conteúdo por meio do texto "Vida Marinha e suas Características", que mostrou aos alunos as espécies que vivem no mar e os riscos que elas correm por causa do lixo jogado em suas águas.

    Em seguida, fizemos um debate sobre o filme. Criamos desenhos para fixar os valores sociais.

    O quarto filme foi Ponte para Terabítia. Ele narra a história de dois jovens vítimas de bullying na escola que encontram um esconderijo para ficarem livres das perseguições dos colegas.

    Além do debate sobre o tema do filme (o respeito pelo outro), criamos a dinâmica "Feitiço virou contra o Feiticeiro”, em que cada aluno escolhia uma ação para o colega do lado. Ao final, o aluno autor da ideia passava a executar a mesma ação. A mensagem da brincadeira: não podemos desejar ao próximo o que não queremos para nós mesmos. Como atividade final, foi respondido um questionário sobre o filme.

    A derradeira exibição foi a de Divertida Mente. A obra conta a história de Riley, uma garota de 11 anos que enfrenta mudanças importantes em sua vida quando os pais decidem mudar a família para São Francisco.

    No cérebro de Riley, convivem (na forma de personagens) várias emoções: a "Alegria", a "Tristeza", o "Medo", a "Raiva" e o "Nojinho".

    Exploramos as emoções do filme num painel trabalhado com o programa "Liga pela Paz". Fizemos também a análise oral da animação e um debate, que foram sucedidos por um questionário e por ilustrações.

    A exibição dos dois últimos filmes possibilitou trabalharmos com as emoções, e como lidarmos com elas nas divergências do dia a dia na escola.

    A turma se reuniu, então, para decidir sobre a sessão final, que teria a presença de todos os alunos da escola. Por ser outubro, "Mês das Bruxas", os alunos optaram pelo filme O Estranho Mundo de Jack, uma animação de terror. A escolha levou em conta a indicação de idade e o enredo para adequação à faixa etária das crianças.

    No dia da apresentação, a turma ajudou na organização da sala, na escolha da ornamentação e nas instruções aos colegas.

    Essa participação foi essencial para dar às crianças o protagonismo no desenvolvimento da atividade. Durante a sessão, foram servidos pipoca e picolé.

    Ao final, houve uma roda de conversa sobre os filmes e sobre o projeto.


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