"A dinâmica social contemporânea nacional e internacional, marcada especialmente pelas rápidas transformações decorrentes do desenvolvimento tecnológico, impõe desafios ao Ensino Médio. Para atender às necessidades de formação geral, indispensáveis ao exercício da cidadania e à inserção no mundo do trabalho, e responder à diversidade de expectativas dos jovens quanto à sua formação, a escola que acolhe as juventudes tem de estar comprometida com a educação integral dos estudantes e com a construção de seu projeto de vida." (BNCC, 2018, p. 464)

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Vivendo a cultura corporal de movimento no Ensino Médio

Competência 2 | Competência 3 | Competência 5
Área(s): Linguagens.

Apresentar a cultura corporal de movimento como uma possibilidade concreta para qualquer pessoa, a fim de que ela conheça e reconheça cada conteúdo de forma não instrumental e para além dos mitos e preconceitos.

Quando:

Durante o ano letivo.

Materiais:

Materiais relacionados às práticas esportivas descritas.

Competências específicas:

LGG – Competência 2; Competência 3; Competência 5

Habilidades trabalhadas: EM13LGG201; EM13LGG202; EM13LGG203; EM13LGG204; EM13LGG301; EM13LGG303; EM13LGG501; EM13LGG503
Professor(a) responsável:

André Luiz Cyrino Oliveira.

Escola:

EEEM Mariano Martins, Fortaleza (CE).

O que é:

O relato aqui proposto trata da efetivação da cultura corporal de movimento no currículo de Educação Física nas três séries do Ensino Médio. Os diversos conteúdos foram distribuídos com base em algumas premissas, dentre elas, a diversidade, a criatividade, a complexidade e a ludicidade.

Como fazer:

O trabalho relatado aqui se desenvolveu na EEM Mariano Martins, com as 20 turmas da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. O projeto foi desenvolvido durante as aulas semanais da disciplina de Educação Física. Uma condição atuante no trabalho foi o tempo reduzido (apenas uma hora por semana).

Na execução do projeto, dividi os conteúdos da cultura corporal de movimento por bimestres, para que o desenvolvimento do trabalho se desse da forma mais completa possível.

Na 2ª série, tivemos os jogos, os esportes, as danças e as ginásticas. Na 3ª série, foram as lutas e as práticas corporais de aventura e alternativas. Nesse modelo, a distribuição de atividades foi a seguinte:

  • dois bimestres para os jogos e os esportes (populares e de massa; coletivos e individuais; de oposição, de marca, de rede divisória) e diálogos relacionados (diferenças, semelhanças, importância na vida social e afetiva, técnicas individuais, tática e a equipe, esportivização, opressões no jogo e no esporte etc.);
  • um bimestre para as ginásticas (olímpica, rítmica, acrobática etc.) e diálogos relacionados (preconceito de gênero, saúde e exigências do cotidiano, esportivização, trabalho em equipe, valores humanos etc.);
  • um bimestre para as danças (coletivas, individuais, em pares; populares, de salão, de massa etc.) e diálogos relacionados (preconceito de gênero, corpo mecânico, expressividade e afetividade, sociedade, julgamentos etc.). A aula de danças populares (que iniciou o conteúdo dança) buscou proporcionar uma experiência brincante de dança, por meio da qual a técnica e a noção rítmica fossem relativizadas, para que os estudantes se sentissem confortáveis com a vivência;
  • um bimestre para as lutas, para a capoeira (patrimônio histórico nacional [...] para a capoeira (patrimônio histórico nacional, discussões de raça, movimentação gingante e musicalidade etc.) e diálogos relacionados (valores éticos, preconceito de gênero, violência e agressividade, história do ser humano como sobrevivente e lutador etc.);
  • um bimestre para as práticas corporais de aventura (slackline, corrida de orientação, parkour, escalada etc.), para as práticas alternativas (ioga, meditação, tai chi chuan, pilates etc.) e diálogos relacionados (preservação ambiental, exclusão econômica nas práticas corporais, corporeidade, autoconhecimento etc.).

Os outros dois bimestres de trabalho na 3ª série tiveram como conteúdos específicos temas próprios ao corpo. Foram eles: a sexualidade humana (debates de gênero/orientação sexual, de respeito à diferença, sobre anatomia sexual e o prazer, fertilidade e métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis etc.) e diálogos sobre saúde (nutrição humana, dietas, indústria de alimentos, exercício e saúde física, beleza, saúde mental etc.).

Os dois conteúdos também foram trabalhados com metodologias corporais e dinâmicas em grupo. As aulas buscaram ampliar o nível de complexidade, mas sempre valorizando o processo, e não o resultado final. A minha observação constante do cotidiano escolar apontou para a necessidade de metodologias de ensino que se afastassem da tradicional educação bancária citada pelo educador Paulo Freire.

Todavia, essa não é uma discussão apenas do campo teórico educacional, mas, acima de tudo, uma visão de mundo.

O planejamento inicial é apenas um norte do trabalho, que vai se efetivando com o caminhar natural dos conteúdos nas aulas. De outra forma, ele também sofre influências de imprevistos do calendário (feriados, eventos escolares etc.).

Todavia, um ponto central trata de garantir a todas as turmas similares direitos de aprendizagem. É inviável pensar que serão iguais, mas o trabalho desenvolvido tenta transitar por experiências próximas, garantindo, assim, que todos tenham acesso à diversidade dos conteúdos.

As aulas não buscam tão somente trabalhar a técnica exata dos movimentos. Procuram também descobrir/criar novas formas de jogar, de se movimentar e, assim, de conhecer as potencialidades do próprio corpo.

Em todos os conteúdos, as atividades visam estimular o contato com outros colegas, em duplas, trios e em grupos.

Os alunos desenvolvem o cuidado com os colegas (cuidar da segurança do outro), a humildade (aprender com o outro e dividir materiais), o protagonismo (ensinar ao outro), o respeito (valorizar o conhecimento do outro) e a amizade (conhecer o outro).

O contato inicial com as atividades é facilitado por serem aulas mais simples e que buscam avançar na complexidade das exigências.

A manutenção de um ambiente de aula atrativo também passa pelo respeito às diferenças (e possibilidades individuais) e por atitudes positivas em relação aos colegas. Isso faz, por exemplo, que alunos com mais facilidade auxiliem e incentivem os outros.

Alguns elementos significativos me fizeram perceber que estou num caminho positivo na Educação Física escolar. Foi comum, por exemplo, escutar dos alunos que só haviam ido à escola naquele dia "por causa da aula” ou que a consideravam "a melhor aula da semana”.

Houve aqueles que, ao ouvirem o professor anunciar o fim da aula, afirmaram não ter sentido o tempo passar, que gostariam de mais tempo e que a disciplina deveria ter carga horária dobrada.


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