"A dinâmica social contemporânea nacional e internacional, marcada especialmente pelas rápidas transformações decorrentes do desenvolvimento tecnológico, impõe desafios ao Ensino Médio. Para atender às necessidades de formação geral, indispensáveis ao exercício da cidadania e à inserção no mundo do trabalho, e responder à diversidade de expectativas dos jovens quanto à sua formação, a escola que acolhe as juventudes tem de estar comprometida com a educação integral dos estudantes e com a construção de seu projeto de vida." (BNCC, 2018, p. 464)

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Painel: uma viagem no tempo, preservando a memória e os saberes históricos

Competência 1 | Competência 5
Área(s): Ciências Humanas e Sociais.

Esta prática teve como objetivo contribuir para que os alunos percebessem a História nos diferentes espaços sociais e culturais e não apenas dentro das escolas, estimular a pesquisa e o diálogo com as fontes históricas, ampliar o repertório de fontes históricas e favorecer a percepção como construtores da História.

Quando: Em qualquer momento do ano escolar.

Materiais:
  • imagens dos espaços visitados;
  • projetor de slides.
  • recursos financeiros para viagem ao Rio de Janeiro.
Competências específicas: CHS – Competência 1; Competência 5
Habilidades trabalhadas: EM13CHS101; EM13CHS103; EM13CHS104; EM13CHS502
Professor(a) responsável: Lucimar Fonseca Silva.
Escola: Escola Estadual Dom Bosco, Lucas do Rio Verde (MT).

O que é:

O "Painel" nasceu do meu desejo de mostrar aos alunos da 2ª e da 3ª série do Ensino Médio que a disciplina de História vai muito além dos livros didáticos e dos muros da escola.

Desejava despertar neles a paixão que eu tenho pela disciplina, por meio de visitas a museus, fazendas, monumentos e documentos históricos, além de estimular a pesquisa e o diálogo com as fontes.

Então, dividi as turmas em grupos de trabalho, para que discutíssemos os eixos político, social, cultural e econômico, o mundo do trabalho e o imaginário feminino nos séculos XIX e XX. Para tal, utilizei documentos, livros, vestimentas e obras de arte. Instiguei cada aluno com a seguinte afirmação: "Você é o historiador. Investigue, levante suas próprias hipóteses ou defenda as que já existem sobre os documentos em questão".

O resultado foi incrível! Os alunos passaram a se interessar mais pela disciplina e a ser mais questionadores, melhoraram a leitura e a oralidade. Encerrei o projeto com a viagem ao Rio de Janeiro. Lá, visitamos os locais trabalhados na sala de aula, como Forte de Copacabana, Palácio do Catete, Museu Imperial de Petrópolis, Museu Histórico Nacional, Museu do Amanhã, Confeitaria Colombo e fazendas de café do século XIX (no Vale do Café, em Rio das Flores), além dos pontos turísticos da cidade, como o AquaRio, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.


Como fazer:

Em exposições, fizemos associações de obras de arte originais com as que aparecem nos livros didáticos. Discutimos ainda sobre informações contidas em documentos dos séculos XIX e XX.

Quando da realização do projeto, os alunos tinham entre 16 anos e 18 anos e estavam cursando a 2ª e a 3ª séries do Ensino Médio. Todos conheciam os conteúdos ligados às visitas, já trabalhados em sala de aula.

No entanto, nenhum deles havia entrado, por exemplo, num arquivo público. Muitos não tinham nem mesmo saído da cidade, tampouco para visitarem um museu, uma exposição de arte ou um monumento.

Suas informações vinham dos livros didáticos, do professor e dos materiais disponibilizados durante as aulas.

A instituição onde o projeto foi desenvolvido é uma escola estadual e atende exclusivamente ao Ensino Médio. Naquela comunidade escolar, a disciplina de História era vista como de fácil compreensão, a partir da simples leitura do livro didático. Ou seja, os alunos não viam a necessidade de levantar questionamentos sobre as fontes, não demostravam interesse na pesquisa e também não se viam como sujeitos históricos.

Por meio do Painel, a nossa escola vem quebrando essa visão e fazendo com que os alunos se interessem pelo aprendizado de História, sejam questionadores, levantem hipóteses e dialoguem com os documentos trabalhados em sala de aula.

As visitas a locais do Rio de Janeiro foram guiadas por mim e, às vezes, acompanhadas de um profissional da instituição. Com os alunos, recordei o período histórico estudado previamente na classe.

Em exposições, fizemos ainda associações de obras de arte originais com as que aparecem nos livros didáticos. Discutimos ainda sobre informações contidas em documentos dos séculos XIX e XX.

Ao longo do processo, enfrentei alguns comentários maldosos de colegas e pais, que não viam a História e as Ciências Humanas como objetos de pesquisa e investigação.

Nesse campo, valorizavam as disciplinas de Matemática, Química, Física ou Biologia. Tentei desmitificar essa visão em algumas reuniões com pais. O objetivo era demonstrar a riqueza política, cultural, econômica e social que a disciplina oferece aos alunos.

Apresentei o projeto às minhas turmas da 2ª e da 3ª série logo nos primeiros dias de aula. Mostrei aos alunos o quão interessante seria, por exemplo, visitarmos uma fazenda do século XIX, termos contato com o mobiliário da casa, conhecermos uma tulha de café e uma senzala e termos acesso a documentos do local e a recibos de compra e venda de café.

Seria também uma oportunidade valiosa para conhecermos a realidade social do século XIX e entendermos como o trabalho escravo havia sido essencial para a construção daquela estrutura.

Fiz o roteiro, solicitei os orçamentos a empresas de viagens e pedi gratuidades às instituições que seriam visitadas. Como se tratava de uma viagem pedagógica para alunos de uma escola pública, todas elas aprovaram a demanda.

Plantada na cabeça dos alunos a semente do desejo de conhecer as localidades, convidei os pais para uma reunião de apresentação do projeto.

Nos dias seguintes, comecei a trabalhar os conteúdos em sala de aula. Levei para a classe, por exemplo, reproduções de documentos dos séculos XIX e XX sobre o cotidiano das famílias no Brasil, recibos de compra e venda de escravos, textos sobre o imaginário feminino no país e sobre os movimentos do Partido Republicano no Brasil. Procurei ainda trabalhar com fontes de informação, na tentativa de estimular a busca pelo conhecimento, pela pesquisa, pelas indagações.

Levei para a classe, por exemplo, reproduções de documentos dos séculos XIX e XX sobre o cotidiano das famílias no Brasil, recibos de compra e venda de escravos, textos sobre o imaginário feminino no país e sobre os movimentos do Partido Republicano no Brasil.

No decorrer do processo, à medida que as discussões aconteciam, esbarrei em questões de ideologia de gênero, homofobia e racismo. Por ser a escola um terreno tão múltiplo e tão diversificado, contava com essa possibilidade.

Percebi que, dentro do projeto, ainda deveria trabalhar temas como promoção da igualdade, respeito e valorização racial, identidade de gênero e orientação sexual. Comecei a procurar textos que discutissem essas noções.

Trabalhei com grupos de discussões de março a outubro de 2017. Os alunos eram responsáveis por apresentarem, quinzenalmente, textos, documentos ou imagens que retratassem o conteúdo que estávamos trabalhando.

A partir das explanações, as discussões cresceram e os alunos ficaram cada vez mais interessados nos conteúdos. Aos poucos, a visão preconceituosa de que História era chata e cansativa foi dando lugar a discussões e opiniões sobre o saber histórico.

Dicas

Esse tipo de projeto pode ser atrelado a atividades de arrecadação de fundos para a viagem, dando maior protagonismo aos alunos.

Como, em nosso trabalho, muitos estudantes nunca haviam saído nem mesmo da cidade, é possível que os familiares também não conheçam o município a ser visitado pelos alunos. Por isso, pode-se pensar no envio às famílias de cartões postais dos lugares, favorecendo a escrita deste gênero epistolar e a explicação sobre cada local estabelecendo, assim, uma relação entre História e Língua Portuguesa.


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