Recitando e Encantando: poesias infantis
Esta prática pretendeu estimular a oralidade, a criatividade e a reflexão por diferentes aspectos da linguagem, ampliando sensivelmente as possibilidades de comunicação, criando apreço pela leitura e despertando o interesse pela escrita, por meio de situações em que a criança possa expressar suas emoções, brincando e criando com as palavras, permitindo fluir sua imaginação.
De agosto a dezembro de 2017.
Materiais:
Títulos de algumas obras selecionadas para que as crianças lessem e escolhessem um poeta ou uma poetisa para o trabalho do projeto:
- “Isto ou Aquilo”, de Cecília Meirelles (Editora Nova Fronteira).
- “Quem Lê com Pressa Tropeça”, de Elias José (Editora Lê).
- “Caixa Mágica de Surpresa”, de Elias José (Editora Paulus).
- “Uma Cor, Duas Cores, Todas Elas”, de Lalau e Laurabeatriz (Companhia das Letrinhas).
- “Bem-ti-vi e Outras Poesias”, de Lalau e Laurabeatriz (Companhia das Letrinhas).
- “Poemas para Brincar”, de José Paulo Paes (Editora Ática).
- “Lé com Cre´”, de José Paulo Paes (Editora Ática).
- “Olha o Bicho”, de José Paulo Paes (Editora Ática).
- “Um Passarinho me Contou”, de José Paulo Paes (Editora Ática).
- “Fardo de Carinho”, de Roseana Murray (Editora Lê).
EI03EF03; EI03EF08; EI03EO02; EI03EO03;
Carlene Alves Cardoso.
Escola:
EMEI Monteiro Lobato, Parauapebas (PA).
O que é:
Sarau literário, com recitação de poesias, organizado pelas crianças.
Como fazer:
Levei as crianças para a sala de leitura e mostrei a elas alguns livros de grandes nomes da poesia. Os alunos folhearam o material e, com ele, puderam imaginar as mais diversas situações de leitura.
De forma lúdica, com uma pitada de brincadeira, recitei algumas poesias. Os olhinhos das crianças brilharam de encantamento, confirmando que eu estava no caminho certo.
Elas elegeram a poesia de que mais haviam gostado para ouvir a leitura mais uma vez. Decidiram por um texto do poeta José Paulo Paes.
Selecionada a poesia, dei início ao projeto. Tudo foi feito com muita dedicação e muito carinho, pensando, principalmente, em estimular aquelas crianças e toda a turma para que participassem de situações reais de leitura, oralidade e escrita, que são linguagens fundamentais para a inserção do indivíduo na sociedade.
O passo seguinte foi uma roda de conversa para que compartilhássemos a apresentação e a justificativa do trabalho, bem como as etapas, a duração e o produto final.
Deixei claro que a participação de todos seria de grande importância para cada etapa. Expliquei também as oportunidades de aprendizagens e qual seria o produto final, que teria a participação da comunidade.
O projeto foi desenvolvido em 15 etapas, com duas rodas de leitura de poesias por semana, conforme a rotina escolar. Essa divisão teve como objetivo a construção progressiva dos saberes das crianças em relação às práticas de leitura e à função social da leitura, incluindo também outras áreas do conhecimento.
De início, fiz um breve levamento das hipóteses de aprendizagem na leitura e na escrita. A continuidade do trabalho teve como princípio o respeito ao jeito, ao tempo e à necessidade de cada criança.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas foi o número reduzido de livros no acervo da escola. Busquei, então, soluções para a sequência do trabalho.
Fiz empréstimos de livros para que as crianças tomassem contato com eles no sistema de rodízio. Estabelecemos um modelo de controle, anotando os nomes das crianças e solicitando que trouxessem os livros de volta no dia combinado para que outros coleguinhas fossem contemplados.
Assim seguiu ate´ que todos tivessem acesso aos livros do projeto. Enviei um bilhete às famílias para que colaborassem na leitura e na preservação dos volumes. Organizei ainda o "Cantinho da Leitura", disponibilizando livros e cópias em xerox de poemas de outros autores.
Ao longo das semanas, garanti a leitura de poesias de forma dinâmica, lúdica e divertida. Cada texto era apresentado da maneira mais encantadora possível, para que as crianças tivessem vontade de ouvir, ler e aprender.
Com a regularidade na leitura das poesias, as crianças já conseguiam memorizar algumas. Com isso, podiam declamar os textos para os colegas da sala ou até mesmo de outra classe.
Na sequência, organizei rodas de leitura e rodas de conversas que funcionavam como ensaios e como meio de encorajar as crianças para a apresentação no Sarau Literário. Elas declamavam umas para as outras, na sala de leitura ou em outras salas, e até mesmo nas "Sextas Culturais" da escola, como convidadas. Também recebíamos outras crianças.
A turma pôde escolher duas poesias para o sarau. Ajudei fazendo a leitura de alguns textos e abordando pontos importantes que deveriam ser levados em consideração na escolha das poesias.
Duas vezes por semana, os alunos participaram de leituras de poesias, declamações, escrita, atividades artísticas para ilustrações de poesias e para o "Cantinho da Leitura". Com isso, criou-se um ambiente propício aos leitores de poesias.
Tivemos ainda o momento da preparação para o sarau. Mostrei vídeos de crianças declamando poesias, para que as nossas observassem a relevância daquela situação comunicativa e também percebessem alguns elementos da apresentação, como a postura, a vestimenta, a entonação, o entrosamento e a forma de apresentação.
A turma também foi filmada para que observássemos o que já estava bom e o que precisava ser melhorado. As próprias crianças decidiram quais ajustes seriam necessários para fazer uma boa exibição.
Foi incrível ver como o sarau mobilizou a turma. As crianças mais desinibidas formaram pares com as mais introvertidas e, com isso, construíram um ambiente de segurança e confiança, evitando, por exemplo, que aquelas com alguma dificuldade tivessem de enfrentar maiores riscos.
Outras ideias para colocar em prática
As poesias, assim com as parlendas, as brincadeiras cantadas e as adivinhas, compõem um repertório de textos que podem ser memorizados pelas crianças para brincarem com as palavras.
Esse é um recurso muito interessante para que elas iniciem sua jornada de investigação sobre o sistema de escrita alfabético e as práticas sociais de leitura e de escrita.
Instigadas a aprender mais sobre como se lê e como se escreve, as crianças observam atentamente a ocorrência da escrita em seu entorno.
Uma iniciativa interessante para alimentar a curiosidade é a organização de coletâneas individuais de poesias, para que as crianças possam, pouco a pouco, ao longo das semanas, construir seus próprios livros. Elas podem, inclusive, ilustrar as páginas, utilizando diferentes materiais para desenhar e pintar.
A coletânea traz como benefício o fato de estar disponível às crianças sempre que elas quiserem, de forma autônoma, investigar as escritas.
Como elas, nesse momento, já saberão os textos de cor, poderão se arriscar na busca pelo ajuste fino entre o falado e o escrito, observando as características e regularidades do sistema de representação da escrita.
Dessa forma, poderão observar o funcionamento da escrita num contexto especial, como o sarau, no qual a declamação de poesias se torna algo de grande sentido para elas.