"Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes se deparam com desafios de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa maior especialização, é importante, nos vários componentes curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do Ensino Fundamental – Anos Iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação de repertórios dos estudantes. Nesse sentido, também é importante fortalecer a autonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e ferramentas para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação." (BNCC, 2018, p. 60)

Podcast

Ouça o podcast sobre os Anos Finais do Ensino Fundamental.


Letramento literário na escola: o texto poético no processo de ensino-aprendizagem

Área(s): Linguagens.

Esta prática tem como objetivo promover uma intervenção na leitura de poemas na escola, proporcionar autonomia na elaboração de sentidos das leituras na perspectiva do letramento literário significativo e iniciar a formação de uma comunidade de leitores pela socialização de experiências.

Componente(s): Língua Portuguesa.
Quando:

Não há uma data específica para o desenvolvimento do projeto.

Habilidades trabalhadas: EF67LP20; EF67LP23; EF67LP27; EF67LP28; EF67LP31; EF89LP32; EF69LP48; EF69LP51; EF69LP46; EF69LP49; EF89LP32.
Escola: EM Padre Eddie Bernardes, Uberaba (MG).
Professor(a) responsável: Iris Procopio Dias Santana.

O que é:

A iniciativa não teve como objetivo a decodificação do código linguístico ou a simples memorização de conceitos e/ou regras descontextualizadas. A intenção foi dar especial atenção à experimentação da obra poética, por meio do diálogo entre os leitores e deles com as produções.

Centradas na concepção do “professor-mediador”, as propostas desenvolvidas nas atividades pretenderam ser uma ferramenta pedagógica para a prática docente no processo de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa.

A exploração de poemas foi realizada para que o contato com as obras ocorresse, inicialmente, de maneira pessoal, incentivando a construção de sentidos pelos alunos, encorajando-os a atribuir novos significados à multiplicidade interpretativa que a poesia possibilita no projeto de letramento literário proposto.

A sequência didática foi o instrumento utilizado para promover a leitura de poemas no ambiente escolar e em casa, além da posterior socialização das vivências com toda a comunidade leitora.

Como fazer:

Introdução

A turma selecionada para desenvolver o projeto foi a do 7º ano. Era uma turma heterogênea, com perfis leitores distintos. A maioria, de acordo com os dados coletados num questionário, não gostava de ler.

O processo de ensino-aprendizagem esbarra também em questões disciplinares, comportamentais, sociais e econômicas. Existem alunos que sofrem violências domésticas, vivem em condições econômicas precárias ou apresentam desestrutura familiar e emocional.

Foi necessário direcionar o trabalho para os interesses dos alunos e elaborar uma proposta que ampliasse seus conhecimentos.

Os conhecimentos dos alunos foram diagnosticados num questionário, o que possibilitou avaliar os conhecimentos e o perfil de leitor dos participantes das aulas de leitura de poemas.

Após a coleta de dados, foi possível detectar os conhecimentos prévios dos alunos para a elaboração das propostas das atividades. O diagnóstico foi fundamental para ajustar o planejamento inicial.

Foi necessário direcionar o trabalho para os interesses dos alunos e elaborar uma proposta que ampliasse seus conhecimentos.

O diagnóstico foi realizado no segundo bimestre de 2017, com a coleta e a interpretação de dados. No final do período e nas férias de julho, elaboramos as propostas de atividades que seriam aplicadas no segundo semestre.

As dificuldades para desenvolver as habilidades de leitura, a ortografia, a interpretação e a produção de textos escritos são comuns nas aulas de Língua Portuguesa.

A constatação dessas dificuldades despertou a seguinte reflexão: como o letramento literário, pela mediação do professor, pode favorecer o desenvolvimento da leitura significativa, contextualizada e colaborativa a partir de poemas nas aulas de Língua Portuguesa?

A preparação de uma proposta de intervenção na leitura de poemas exigiu muita pesquisa, planejamento e estabelecimento de objetivos. O reconhecimento e a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos foi o ponto de partida.

Para a elaboração desta proposta de trabalho, consideramos as relações possíveis entre a linguagem dos poemas e outras linguagens poéticas, como a música e as artes plásticas, de modo a favorecer a aproximação dos estudantes com as obras de uma antologia que reúne textos literários dos últimos 100 anos.

Propusemos a leitura de poemas em voz alta e apreciação de textos musicados, pinturas, vídeos e teatro, entre outras manifestações artísticas. O objetivo foi o de levar a poesia para a vida escolar.

Toda a comunidade escolar foi convidada a conhecer e a participar ativamente do evento de socialização das atividades. Professores e alunos se sentiram parte do projeto e viram as atividades serem valorizadas. Desenhos, produções de texto, musicalizações, dramatizações, grafite e outras expressões artísticas apoiaram a leitura dos poemas.

Desenvolvimento

As atividades foram elaboradas ao longo de 13 aulas, com um evento final voltado à socialização das produções.

Por se tratar de um projeto didático, os produtos construídos foram os portfólios dos alunos, o caderno de planejamento do professor, o CD de declamações da antologia e o evento de socialização. Para iniciar a aplicação das atividades, providenciamos os exemplares da antologia para todos os alunos.

Na primeira aula, após uma conversa, foi apresentada a justificativa para a realização do projeto na escola. Refletimos sobre a ausência de eventos literários e a importância da leitura de poemas.

Foi um momento também de reflexão sobre o título do poema 1 e sobre o que ele sugeria: O que é um convite? Para que serve um convite?

Na segunda aula, tivemos informações sobre os poetas, bem como contextos de produção, características e dados biográficos consideradas relevantes para socialização.

Os alunos foram convidados a ler a pesquisa por meio dos seguintes questionamentos: “Quem gostaria de ler ou comentar sobre o(a) poeta que pesquisou?” “O que descobriu sobre ele(a), o que gostou ou não e gostaria de comentar?”

Após a socialização das pesquisas, a professora recolheu as anotações dos alunos para verificar o registro escrito e intervir na ortografia, para que elas fossem reescritas e expostas no mural da sala.

Na terceira aula, assistimos, em vídeo, à entrevista de Fátima Miguez. A interação 2 requisitou a montagem no mural das biografias dos autores pesquisados em casa. No final da aula, os alunos receberam um exemplar da antologia, para realizar as leituras e explorar livremente.

BRASÍLIA Rádio Justiça de. Programa Entretexto: Entrevista com Fátima Miguez . 11’21’’. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=cJtXIxMnQgM. Acesso em 10 de agosto de 2017.

A quarta aula foi muito dinâmica. Levamos os alunos para a biblioteca. O desenvolvimento das atividades foi bastante produtivo. Os alunos participaram comentando e respondendo a questionamentos como: “O que é uma paisagem?”, “Alguém já ouviu falar em Brodósqui?”, “E Cândido Portinari, você conhece?”.

Ao final das interações, lemos o texto em grupo.

Pedi que, em casa, os alunos lessem os poemas 3, 4, 5 e 6 para a socialização na aula seguinte. Sugerimos a leitura em voz alta, que o aluno lesse para alguém e que fizesse o registro pessoal escrito no portfólio. A leitura e o registro poderiam ser por meio de palavras, frases, desenhos ou o que desejassem explorar no texto.

A quinta aula foi reveladora. Os estudantes foram questionados sobre a leitura de casa. Um aluno disse:”podemos escrever, desenhar e dizer o que sentimos, foi como ir no psicólogo”.

Essa resposta corrobora o objetivo dessa pesquisa e revela como é importante o professor não dar respostas/interpretações prontas para os alunos, mas possibilitar que eles elaborem suas próprias hipóteses e ativem seus conhecimentos durante a leitura.

Os questionamentos usados na leitura compartilhada em sala de aula foram: “Qual o assunto deste texto?” “O que percebe ao ler/ouvir este poema?” “O que o texto desperta em você?” “Fechando os olhos, consegue imaginar o que o texto sugere?” “Foi preciso reler o texto para compreendê-lo melhor?” “Você compreende o assunto do poema da mesma maneira que o poeta?” “Já aconteceu algo parecido com você ou com alguém que conheça?” “Você se lembra de algum lugar/pessoa/fato/situação/ sonho/acontecimento/problema parecido?”.

Para o contato com o poema 5, os alunos viram o stop motion do texto, disponível no material complementar.

O poema 6 possibilitou a interpretação e a produção de textos intertextuais, principalmente com o poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade.

Um dos alunos trouxe para a aula um recorte de livro com o poema dizendo: “olha o que encontrei professora!não parece com o poema 6?”.Essa foi a oportunidade de socializarmos o poema e discutirmos sobre a intertextualidade.

Houve tempo para assistir ao vídeo do programa de TV “Quintal da Cultura”, sobre o poema 6, disponível no material complementar.

Como a escola não tem internet, o material de áudio e vídeo foi montado previamente para a realização plena da aula, em pendrive e CD.

Ao final da aula, fizemos a gravação do CD de declamações. Os poemas escolhidos foram 3 4, 5 e 6.

Como leitura de casa, foi solicitada a interação com os poemas 7, 8, 9 e 10 para socialização na aula seguinte.

CULTURA Quintal da. Quintal de Versos: Quadrilha da Sujeira. Ricardo Azevedo. 18/02/14. 3’24’’. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=j3FLV_0feT0 . Acesso em 10 de agosto de 2017.

A sexta aula foi iniciada com os questionamentos detalhados na aula anterior e também com a sequência didática.

Inicialmente, os alunos puderam socializar suas impressões pessoais de leitura. Em seguida, empolgados, mostraram para a professora seus registros escritos no portfólio.

Depois da discussão e da apresentação de leituras, a professora deixou tempo suficiente para que os alunos dissessem o que haviam entendido dos textos, abordagem empregada em todas as aulas.

Para que pudessem tirar dúvidas, leram os textos em voz alta, e, quando a compreensão de algum vocábulo ou frase pareceu difícil, partilharam suas conjecturas. Os estudantes fizeram várias perguntas, e a interpretação pessoal pôde ser ampliada e socializada com o grupo.

Para a leitura do poema 8, ouvimos o áudio da música em MP3, disponível no material complementar, e assistimos ao vídeo.

Muitos alunos identificaram a intertextualidade do poema 9 com a canção “A Dança Das Caveiras”, interpretada por Roberto de Freitas.

Para finalizar a aula, foi realizada a gravação do CD de declamações. Os alunos ritmaram o poema 7. A sala toda participou da gravação dos poemas 8 e 9, com a música ao fundo.

O poema 10 foi ritmado em rap.

Com a mediação desta aula ficou claro que é possível compartilhar experiências e conhecimentos entre os alunos e deles com o professor. Na aula, os alunos tiveram acesso à linguagem plástica do pintor Salvador Dalí.

A professora levou livros de arte com obras do pintor para que os alunos pudessem manuseá-los, explorá-los e manifestar suas impressões. Na biblioteca, houve uma discussão sobre sonhos e sobre as percepções da obra de Dalí. Finalmente, fizemos a leitura em voz alta de um poema e a gravamos em áudio. Para a aula seguinte, foi solicitada a leitura dos poemas 12, 13, 14, 15 e 16.

Os alunos foram colocados em círculo e puderam socializar seus registros de leitura com os colegas e com a professora. A aula foi interessante porque os jovens declamaram o poema em voz alta e trabalharam a sonoridade, a combinação das palavras, a musicalidade e os jogos de palavras, algo que despertou a atenção e o interesse de todos.

Ao final, houve tempo para assistirem ao vídeo do poema 12, disponível no material complementar. Os alunos puderam brincar com as palavras, ritmaram e encenaram a partir da leitura.

O momento mais emocionante da aula ocorreu durante a socialização dos poemas 13 e 14, que falam de medo e obediência. Os alunos expressaram seus medos e descreveram as relações de obediência que mantêm com seus responsáveis.

O poema 15 possibilitou aos alunos explorarem as imagens, o preenchimento da folha e os conhecimentos prévios. No final da aula, gravamos o áudio das declamações. Os alunos escolheram declamar os poemas 12, 13, 14. O poema 16 foi cantado por toda a turma.

Para a aula seguinte, foi orientada a leitura dos últimos poemas da antologia (17, 18, 19 e 20).

As socializações ocorreram de modo livre e espontâneo. Os mais envolvidos pediram insistentemente para mostrar e compartilhar as anotações de seus portfólios.

Sempre no início das aulas, a professora pedia os registros para verificar o envolvimento e atendimento do pedido diante de leitura.

Para finalizar, foi possível assistir aos vídeos de exploração dos poemas, disponíveis no material complementar.

A gravação dos últimos áudios foi assim definida: os poemas 17 e 18 seriam declamados por toda a turma; os poemas 19 e 20, por um único aluno.

Foi apresentada a estrutura de uma notícia de jornal para fazer a comparação com os textos presentes na antologia. Foram discutidas as diferenças estruturais e de linguagem.

Outros questionamentos aconteceram, e os alunos registraram os conhecimentos ampliados em seu portfólio: Como se chama este tipo de texto? Como ele se organiza no papel? Ele preenche todo o espaço da linha da esquerda para a direita? Como se chama cada linha do texto? E como se chama o conjunto de versos? Há linhas em branco entre os versos? Há quantos versos e quantas estrofes? Existem sons (palavras/construções sintáticas/expressões) que se repetem?

Para casa, foi solicitado aos alunos que selecionassem um poema do qual tivessem gostado para relacioná-lo a peças como vídeos, músicas, jogos, paródias passatempos.

Os alunos gostaram da ideia da intertextualidade estudada na aula 5. Decidiram compor o seu próprio texto inspirado no poema 6 e no texto de Drummond colocados pela professora no quadro.

Para casa, escolheram um poema para realizar um registro para a exposição no evento de socialização. A maioria, no momento da discussão, solicitou realizar uma abordagem do poema 17.

Esta etapa proporcionou aos alunos a oportunidade de avaliar individualmente o livro lido e as atividades desenvolvidas. Foi um momento de refletir sobre as leituras e todos os registros do portfólio.

Tivemos a oportunidade de compartilhar experiências e a visão de cada leitor sobre a obra.

Para esta aula, realizamos um jogo intitulado “Pescaria da Criatividade”. Os alunos sentaram no chão, num círculo ao redor dos “peixinhos da sensibilidade”. Individualmente, foram convidados a pescar um e criar um verso com a palavra presente atrás de cada peixe.

Também propusemos o “Jogo das Caixas Poéticas” em grupo. Os representantes das equipes retiraram um item de cada uma das três caixas: uma palavra, um objeto e uma imagem (todos inspirados na antologia).

Em grupo, foi discutido o evento de socialização para a comunidade escolar e familiar: quais seriam as atividades desenvolvidas e o nome que receberia.

Ficou definido que seria uma mostra literária, para que toda a comunidade escolar conhecesse um pouco do que a pesquisa havia produzido. Discutimos a existência da poesia em nossas vidas.

A sugestão de título para nossa antologia foi “Há Poesia em Minha Vida!”. Um exemplar da antologia foi disponibilizado para cada sala, e todos os alunos puderam conhecer e ler os textos do projeto e produzir atividades para a mostra.


Avaliação:

A avaliação foi feita tanto das etapas de trabalho da atividade quanto das aprendizagens dos alunos.

Além de principiar a formação de uma comunidade de leitores na escola, constatamos que a intervenção proposta se consolidou como possibilidade de elaboração de material didático de literatura no município.

Como atividade docente, o planejamento cumpriu o papel de prever ações coletivas em situações didáticas concretas, destacando a coerência e a flexibilização das necessidades.

O direcionamento e a (re)elaboração das práticas ocorreram ao longo do processo, pois cada realidade tem particularidades que a elaboração prévia não consegue conceber.

O estudo dos referenciais teóricos, principalmente sobre o letramento literário, dialogou com nossos interesses em aprender para ensinar melhor.

Foi a partir dessas contribuições que o projeto foi elaborado, pois reconhecemos e valorizamos os conhecimentos prévios dos sujeitos leitores em seu contato com a poesia presente nas múltiplas linguagens estudadas.

Foi fundamental iniciar o projeto de leitura discutindo o que seria estudado. Dessa maneira, focalizamos a atenção dos alunos para a relevância do que seria vivenciado, deixando claro os objetivos e conquistando o interesse de todos durante a aplicação.

Embora a motivação para o aprendizado seja um constructo intrínseco de cada sujeito, as atividades desenvolvidas na perspectiva do letramento, com a mediação docente, converteram-se em instrumentos pedagógicos capazes de dinamizar as práticas de ensino-aprendizagem no contexto investigado.

Nesse sentido, a realidade que atrai a atenção dos jovens fora da escola, como as múltiplas linguagens, pôde ser vivenciada no ambiente escolar em aulas que não se valem unicamente do quadro, do giz e do livro didático.

Vivenciamos o contato com o livro, com os textos e com as múltiplas linguagens, para que os sujeitos leitores se interessem e deem significado para os conteúdos estudados.

O trabalho em duplas, trios ou grupos evidenciou que o conhecimento pode ser construído numa comunidade leitora em formação.

O saber não pode estar concentrado no professor. O docente não é a única fonte do saber. A interação entre os sujeitos leitores evidenciou que o aprendizado significativo ocorre não só no ambiente escolar, mas também no social, profissional e familiar.

Comprovamos o envolvimento dos alunos e a propensão ao trabalho colaborativo entre os participantes dos grupos. Durante as aulas, houve participação e o engajamento nas leituras e produções escritas, fato que corrobora as práticas educativas desenvolvidas na perspectiva do letramento literário.


Os alunos registraram os conhecimentos construídos durante as aulas em seus portfólios. A professora também fez registros de observação no caderno de planejamento, O maior desafio foi proporcionar o diálogo dos sujeitos leitores com as obras, sem que fossem apresentadas respostas e interpretações pessoais para os alunos.

Outro desafio foi a transposição das dificuldades para a realização de um projeto de leitura na perspectiva do letramento, pois é necessário superar a falta de tempo.

A realização das atividades influenciou diretamente minha prática docente, já que conheci as recentes pesquisas sobre letramento literário, leitura, literatura, além dos referenciais estudados em todas as disciplinas e suas implicações em sala de aula. A partir de agora, esses saberes direcionarão minhas ações, meu planejamento e os planos de aula.

Antes do projeto, minhas aulas eram elaboradas sem referenciais teóricos. Não havia reflexão que conduzisse a uma ação e que considerasse o contexto e a readequação necessária para o atendimento das necessidades de minhas salas.

A falta de embasamento teórico fez que meus planejamentos fossem elaborados apenas por intuições pessoais, reproduções de exemplos vivenciados como aluna e também pela influência de outros colegas com mais anos de prática docente.

O projeto promoveu muita pesquisa, e a aproximação com teóricos que desenvolvem trabalhos semelhantes se tornaram aliados para minha atualização às novas perspectivas do trabalho docente.

Os desafios enfrentados no processo de ensino-aprendizagem requerem constante formação e atualização profissional.

A leitura mediada do texto poético na perspectiva do letramento literário foi bem-sucedida e atendeu aos objetivos previamente propostos. Ela foi adaptada às necessidades e aos desafios da comunidade leitora em formação.

A proposta de letramento literário com o texto poético teve como objetivo não se pautar nas questões estritamente linguísticas, mas sim discursivas, literárias, interativas e dialógicas.

Os desafios enfrentados no processo de ensino-aprendizagem requerem constante formação e atualização profissional.

Não pretendíamos resolver todos os desafios do processo de leitura e escrita nas escolas do Ensino Fundamental, mas conhecer novos embasamentos teóricos que favorecessem a elaboração de propostas pedagógicas mais significativas na perspectiva do letramento literário.

O trabalho terá continuidade, não só com o texto poético, mas também com as adaptações necessárias para os diferentes tipos de texto. Os demais professores poderão conhecer as experiências aqui relatadas e adaptá-las às suas realidades.


O perfil dos alunos participantes da pesquisa foi feito com base em questionários semiestruturados, aplicados antes da intervenção. Havia perguntas sobre o gosto pela leitura, a quantidade de livros lidos recentemente e a relação do aluno com a poesia. Outro questionário foi aplicado ao final da sequência didática, depois da Mostra Literária.

Ao avaliarmos a aplicação da intervenção na leitura de poemas em sala de aula, constatamos o crescente interesse dos alunos pelas propostas de leitura e participação nas aulas.

Por meio dos mecanismos qualitativos de coletas de dados, observação, registros da professora e dos alunos, associados às informações quantitativas coletadas nos questionários, foi possível verificar a viabilidade do trabalho com poemas na perspectiva do letramento literário.

A aproximação dos leitores com a poesia englobou 100% dos alunos. A ampliação de experiências e o início de uma comunidade leitora na escola foram os objetivos alcançados.

Essa constatação tem correspondência nos resultados da pesquisa. Segundo o levantamento, num primeiro momento, 82,4% dos alunos revelaram não ter identificação com os poemas lidos.

Porém, após a realização das atividades, ficou demonstrada a identificação de todos com a maioria dos textos da antologia.

Outra contribuição foi o incentivo à leitura em casa. Antes da intervenção, 70,6% dos alunos relataram não ler no ambiente doméstico. Após a aplicação, 94,1% dos estudantes registraram terem lido em casa durante o projeto de letramento literário.

O projeto de letramento aproximou os alunos do texto poético, instrumentalizou teoricamente o trabalho da professora, contribuindo para uma melhor prática pedagógica e, principalmente, potencializou a aprendizagem.

Com abordagens significativas de leitura, foi possível iniciar a formação de uma comunidade de leitores.

Os objetivos propostos foram alcançados de modo satisfatório, conforme os dados coletados e registrados.

Finalmente, a prática pedagógica gerou aprendizagens a todos os alunos, de acordo com suas características individuais, incluindo os que apresentavam dificuldades específicas.

Saiba mais

Leituras em voz alta foram estimuladas e desenvolvidas. Ampliaram-se a fluência, a interpretação do código, a imaginação e a interpretação.