"A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo." (BNCC, 2018, p. 58)

Podcast

Ouça o podcast sobre os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Escritores mirins

Área(s): Linguagens.

Estimular a linguagem oral e escrita e a produção de textos a partir da discussão de valores como ignorância, ambição e indiferença como ameaças ao meio ambiente.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):

Língua Portuguesa.

Quando:
Em qualquer momento do ano escolar.

Materiais:
  • livro "Essa tal de Natureza", de Leyla Leong;
  • materiais para construção de maquete referente ao tema do livro.
Habilidades trabalhadas:
EF35LP03; EF03LP17; EF35LP21; EF04LP24; EF04GE11; EF05GE10
Professor(a) responsável:
Mychelys de Mattos Queiroz.

Escola:
Escola Municipal Nossa Senhora do Rosário, Manaus (AM).

O que é:

O projeto "Escritores mirins" partiu de uma temática interdisciplinar com foco no desenvolvimento da leitura e da escrita pelos alunos do 4º ano C do Ensino Fundamental da Escola Municipal Nossa Senhora do Rosário.

A turma em questão tinha 25 alunos com dificuldades na produção de textos e na leitura. Chegou-se a esse número após uma avaliação diagnóstica realizada em sala no início do ano letivo.

Propondo estimular o processo de ensino, utilizamos o reconto de histórias, fazendo arte, software, criando gincanas e produzindo novas histórias.

A escola participou, juntamente com os pais dos alunos, da socialização, dos processos do projeto e dos resultados. Foram produzidos diferentes tipos de textos orais e escritos, considerando a situação de uso. Além disso, os alunos refletiram criticamente a respeito dessa prática de linguagem.

Como fazer:

Após a avaliação diagnóstica, realizamos o projeto interdisciplinar que seria imprescindível para desenvolver os escritores mirins, que, no entanto, ainda não sabiam o potencial que tinham.

O projeto "Escritores mirins" começou com um livro infantil chamado Essa tal de Natureza. A obra retrata a aventura de um pássaro muito curioso que queria saber onde a mata acabava.

Foi explorada a capa do livro sobre possíveis títulos da história. A obra é bem envolvente, fazendo com que a leitura seja prazerosa. A reação dos alunos aos acontecimentos foi automática, seguida de alegrias e surpresas. Logo, todos queriam pegar o livro para ler.

De início, pedi a eles que fizessem o reconto da história. Foram surpreendentes os detalhes na narração dos fatos. Cada um teve sua produção realizada. Na aula seguinte, estudamos sobre a paisagem natural e modificada e os impactos ambientais causados pela ação do homem. A atividade foi seguida de desenhos sobre aqueles tipos de paisagem.

Durante a semana, foram construídas maquetes em duplas. Cada aluno trouxe aquilo que mais o atraía. A cada dia, tínhamos algum novo detalhe para contribuir com o trabalho.

Na área de Geografia, os conteúdos foram sobre as paisagens e diferenças entre elas e sobre o que causa desequilíbrio ao ambiente. Trabalhamos também o tema do trânsito, por meio de discussões sobre como o homem tem se comportado e como a poluição é prejudicial ao nosso planeta.

Por meio desse tipo de trabalho, os alunos se "transportaram" para esses lugares. A cada progresso, senti a turma motivada para sempre melhorar.

A história infantil traz uma carta recebida pelo rei da Cidade de Pedras. Por isso, buscamos trabalhar o gênero textual "carta". O assunto escolhido foi o que eles gostariam de ganhar ao final do ano letivo. Para que isso acontecesse, teriam que convencer a pessoa para a qual a carta seria destinada.

Surgiram produções interessantes e criativas. Aproveitamos o momento para reconhecer a função social de uma carta, por meio de discussão oral, leitura e interpretação de diferentes modelos. Fizemos também, a partir de situações reais, a identificação das características e das partes daquele gênero textual (local e data, saudação, assunto, despedida e assinatura).

Procuramos ainda reconhecer o envelope como elemento essencial para o envio de uma carta, fazendo um link com o uso das Tecnologias da Informação, com o e-mail e com aplicativos.

Também estudamos o substantivo coletivo, pois a história fala sobre mata, e o personagem fala que mata é um conjunto de árvores – foi aí que confeccionamos um álbum seriado de coletivos.

Nas aulas de História e Ciências, falamos sobre as mudanças de paisagens e passado e presente, fazendo uma reflexão sobre o surgimento dos bairros de Manaus e observando como eles poderiam contribuir para minimizar os impactos ambientais.

Analisamos a paisagem no passado da cidade e como o homem tem interferido no ambiente. Lemos e selecionamos reportagens relacionadas às notícias sobre a cidade e o meio ambiente e confeccionamos um mural coletivo.

Em Matemática, levamos para a sala de aula situações-problema relacionadas ao meio ambiente, além de gráficos para leitura e interpretação. Na sequência, criamos uma gincana matemática.

Na aula de Arte, fizemos uma música sobre a história, orientando os alunos quanto à percepção, ao ritmo e à entonação. Os alunos escreveram suas músicas preferidas e expressaram seus gostos musicais.

O laboratório de informática foi um espaço bastante atraente para os alunos, com atividades de produção artística e os jogos matemáticos.

O projeto de leitura motivou toda a turma, mesmo aqueles alunos que estavam mais receosos para desenvolver produções escritas.

O professor teve de se mostrar aberto e afetivo, fazendo de cada aula um momento de reflexão sobre sua prontidão e espaço para que fosse colocada em prática seus conhecimentos prévios. Isso se tornou um exercício de diálogo e de troca de conhecimentos, fazendo com que os alunos se sentissem cada vez mais entusiasmados.

No decorrer da semana, pensamos sobre como socializar as atividades. Os alunos levaram bichos de pelúcia para a sala e, lá, foram preparados cartazes sobre meio ambiente e finalizadas as maquetes.

Chegou, então, o grande dia da socialização da boa prática desenvolvida em sala e da apresentação dos avanços no processo da leitura e da escrita.

Compartilhamos a história e as etapas do processo do desenvolvimento do trabalho. As crianças apresentaram a música do pássaro curioso e fizeram suas exposições de maquetes.

A palavra de incentivo é algo gratificante para o nosso crescimento profissional.


A escola deve ser palco de transformações na vida de pessoas e dentro da comunidade, tornando esses escritores mirins cidadãos conscientes dos seus direitos e deveress.

Saiba mais

O trabalho com fotografias atuais e antigas pode ser um recurso interessante para incrementar o projeto, favorecendo a diversidade de fontes de pesquisa e a leitura de paisagens, para identificação das transformações ocorridas na cidade e no meio ambiente.

Sugerimos também a leitura do livro "Correspondência", de Bartolomeu Campos Queiroz, por meio do qual os alunos podem acompanhar o fluxo de uma interação por cartas.