"A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo." (BNCC, 2018, p. 58)

Podcast

Ouça o podcast sobre os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.


Nós somos o Brasil!

Área(s): Linguagens.

Esta prática se propôs a incentivar o diálogo acerca da formação de mediadores de leitura com o objetivo de conhecer os alunos e seus interesses, a partir da apresentação dos livros, em toda sua magia e criação. Além disso, tornar possível a produção textual, para que os alunos pudessem dar asas à imaginação, tornando-se não só leitores, mas também escritores.

Componente(s) curricular(es) envolvido(s):
Língua Portuguesa.

Quando:
Durante o ano letivo.

Materiais:

Livros e filmes diversos.

Habilidades trabalhadas:
EF15LP01; EF15LP02; EF15LP05; EF15LP09; EF15LP10; EF15LP15
Professor(a) responsável:
Bianca de Lima Maia.

Escola:
Escola Municipal Oswaldo Cruz – Municipalizada, Duque de Caxias (RJ).

O que é:

Foi proposta uma nova perspectiva de estudo de linguagem, por meio do projeto "Ateliê dos Jovens Escritores", com os alunos das turmas de 4º e 5º ano da Escola Municipal Oswaldo Cruz – Municipalizada no início do ano letivo de 2017.

Como fazer:

Nos primeiros contatos, após as leituras compartilhadas, os alunos foram incentivados a listar os lugares para onde já tinham ido e os locais que sabiam existir em seu município.

Em seguida, conversaram sobre esses lugares, citando o nome e a história deles. Perceberam, então, que conheciam muito pouco da cidade, e que seria necessária uma pesquisa mais profunda.

A biblioteca da escola tem um acervo muito escasso. Por isso, os alunos foram ao Centro Histórico de Duque de Caxias e à Biblioteca Leonel de Moura Brizola para pesquisarem sobre o município e a região em que ele se insere. Foram apresentados a filmes e a documentários sobre Duque de Caxias, o Rio de Janeiro e o Brasil.

Pesquisamos livros da literatura que falavam sobre o desenvolvimento social do Brasil. Nessas leituras, os alunos se identificaram muito com os poemas de Elisa Lucinda.

Vislumbrando o interesse nascente, apresentei o gênero textual "Poema" e propus a produção de pequenos versos sobre o tema trabalhado. O resultado foi surpreendente. Os primeiros poemas foram coletivos, com um aluno servindo de escriba para a turma.

Isso propiciou o compartilhamento de ideias e revisão da forma textual e da escrita. Com a consolidação da aprendizagem, começamos a elaborar atividades individuais e em pequenos grupos.

A partir das leituras, os alunos produziram ilustrações ou textos relacionados às temáticas abordadas, atribuindo prática aos valores sociais identificados.

Com isso, a escolha dos livros se transformou na ação de mais importância, pois, além do trabalho pedagógico, os aspectos sociais e históricos fizeram uma diferença muito grande na aprendizagem dos alunos.

A turma fez um resgate de suas raízes e conheceu outros alicerces culturais, juntando as informações numa construção de respeito e tolerância.

Foi proposta a utilização de um caderno de leitura e escrita como prática habitual. Nele, os alunos poderiam escrever sobre si mesmos, a comunidade e a família.

Depois de escreverem seus textos, os alunos faziam a revisão, sempre com auxílio de colegas e da professora, mas sem perspectiva de atribuição de notas ou minha correção direta. Cada aluno escolheu um gênero textual para compor a escrita.

No segundo momento, observei as diferentes "bagagens" sociais, emocionais e psicológicas dos alunos, atuando para que as suas ideias fossem debatidas e escutadas, na busca pela construção de um senso comum.

Por isso, é importante selecionar materiais contextualizados com as vivências dos alunos.

Diante da diversidade em nossa comunidade, surgiu a ideia de trabalharmos a pluralidade cultural do Brasil e de Duque de Caxias.

O contato com textos clássicos favoreceu a integração dos alunos com as ações produzidas pelo texto familiar, o que forneceu oportunidades de debates e de expressão de ideias, norteando o surgimento de novos interesses.

A história em suas diferentes formas está presente em nossa cultura há muito tempo, e o hábito de contá-la e ouvi-la tem inúmeros significados. Por isso, o gênero textual é um assunto que precisa ser inserido de forma dinâmica e fluida, embarcando o leitor nas muitas possibilidades de contar uma boa história.

A cultura regional e a nacional promoveram ações de pesquisa e produção sobre a criação do município de Duque de Caxias. Os habitantes, os índios e os negros também foram de grande importância para essa história.

Para tanto, estimular a leitura de autores brasileiros como Ruth Rocha, Daniel Munduruku, Ana Maria Machado, Machado de Assis e Patativa do Assaré torna a leitura significativa e contextualizada, pois suas obras trazem valores sociais e políticos, com personagens expressivos e realistas.

Outro ponto importante foi integrar a tecnologia como recurso pedagógico motivacional. E todos os alunos participaram ativamente das construções escritas. Quando os alunos não podiam fazer uso da coordenação motora ou verbal, suas produções verbais ou gestuais eram anotadas por um escriba (a professora ou um colega).

A importância de diversificar e ampliar o repertório de leitura nasceu da necessidade de obtermos novos significados e compreendermos as inúmeras interpretações que um mesmo texto pode invocar.

Cada turma teve sua própria manifestação expressiva em relação ao texto. Debatemos os significados e suas colocações, de acordo com o enredo exposto no texto, pois as palavras possuem variações na linguística regional e cada manifestação precisa ser respeitada na sua cultura.

Nesse contexto, o Currículo Nacional lembra que a educação não corresponde à exposição de conteúdos definidos de forma rígida. Se não observarmos os temas sociais e políticos que permeiam a sociedade, corremos o risco de levar os alunos à alienação.

Educar exige cuidado. Cuidar é educar, envolvendo acolher, ouvir, encorajar, apoiar, no sentido de desenvolver o aprendizado de pensar e agir, cuidar de si, do outro, da escola, da natureza, da água e do planeta.

As produções formaram um portfólio de ideias e opiniões de jovens brasileiros sobre a sociedade em que vivemos. Os professores que participavam do projeto ficaram emocionados com a qualidade dos escritos e com o avanço dos alunos.

Com o prosseguimento do projeto, os alunos reuniram-se e escolheram um título para a coletânea de textos que escreveram através de votação. O título ganhador foi “Nós Somos o Brasil!”, o que foi uma surpresa, pois ficou extremamente adequado ao momento cultural em que vivemos, quando precisamos vislumbrar a diversidade como matriz da sociedade brasileira.

A avaliação foi realizada de forma interativa e dinâmica, por meio da apresentação dos textos elaborados de forma individual ou coletiva. Cada turma teve seus textos anexados ao portfólio, para que, com os professores regentes, pudessem construir um conjunto de atividades para uso cotidiano em sala de aula.

As produções textuais foram revisadas individualmente e em grupo. Os alunos fizeram as revisões com auxílio de colegas e dos professores. Cada jovem foi ativamente responsável pelas edições de seu texto e pela conservação dos materiais pedagógicos utilizados no projeto.

O projeto integrou as diversas áreas de conhecimento, como produções textuais e leituras compartilhadas sobre a história do Brasil e regionalidades, exibições multimídias de músicas e filmes nacionais e internacionais, lendas folclóricas, poemas etc.

Saiba mais

O professor poderá produzir uma ação complementar baseada em leituras escolhidas espontaneamente pelos alunos. Poderá também criar uma caixa de livros e de todas as publicações que os alunos escolherem para ler no período do projeto.

O professor também poderá solicitar resenhas orais, o que levaria ao estímulo de leitura.