Paranauê: em roda de capoeira tem bebê!
Esta prática teve como objetivos desenvolver aspectos corporais, lúdicos, artísticos, estéticos e musicais, bem como aqueles ligados à oralidade, à história da população negra e à história local por meio do jogo e da roda de capoeira. Além disso, contextualizar a capoeira para as crianças bem pequenas, explorando sua potente linguagem como recurso.
De junho a agosto de 2017.
Materiais:- fotografias;
- músicas de capoeira;
- cordão com berimbau;
- instrumentos como pandeiro ou caxixi.
EI02CG01; EI02CG03; EI02TS01; EI02EO06; EI02CG02; EI02CG03; EI02TS03; EI02EF05;
Mighian Danae Ferreira Nunes.
Escola:Creche Casulo Zaide Daltro Dias, São Francisco do Conde (BA).
O que é:
O projeto buscou aproximar bebês e crianças das produções culturais da população negra, tornando-as parte da prática educativa.
Nesse sentido, nossas ações estiveram sintonizadas com iniciativas de vários setores do "Movimento Negro", que priorizam a educação como importante ferramenta para a inserção da população negra em variados espaços da sociedade brasileira (Rodrigues, 2004).
Como fazer:
A aprendizagem dos bebês no trabalho com a capoeira abrangeu aspectos corporais, lúdicos, artísticos, estéticos e musicais. Além disso, envolveu a oralidade, a história da população negra e a história local.
Percebemos na capoeira uma linguagem potente para propiciar aos bebês conhecimento de si mesmos e sobre o mundo.
Os bebês sentem o mundo a partir do corpo e, por isso, devem ser estimulados a viver essa experiência de modo pleno e prazeroso (Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – DCNEI, 2009).
De acordo com a legislação brasileira, as metas de aprendizagem da Educação Infantil não devem ter caráter avaliativo (DCNEI, 2009).
Assim, buscamos apresentar a capoeira em um contexto de experiência pedagógica, reconhecendo sua importância para a história da população negra.
O trabalho foi realizado em quatro etapas, para que conseguíssemos abordar todos os conhecimentos associados à capoeira.
- Roda de conversa sobre a capoeira.
- Apresentação do pandeiro, instrumento utilizado na capoeira e de grande importância na marcação das cantigas e do jogo.
- Exibição de vídeos com movimentos básicos e crianças jogando capoeira.
- Produção de desenhos sobre a capoeira.
- Realização do jogo de capoeira livre. Essa atividade não havia sido prevista no planejamento, mas, ao verem os vídeos, as crianças começaram a jogar capoeira entre elas, recriando os movimentos a partir de sua própria consciência corporal. Estes momentos passaram a acontecer diariamente na hora destinada à música e ao movimento.
- Escuta de cantigas de capoeira na roda de conversa.
- Visitas de um professor de capoeira acompanhado de crianças mais velhas.
- Apresentação do berimbau.
- Confecção de pandeiro e de berimbau com materiais reciclados.
- Realização de atividades pedagógicas que estimulassem a observação do tempo rítmico das músicas da capoeira.
- Contação da história "O Herói de Damião em A Descoberta da Capoeira", de Iza Lotito.
- Exposição de instrumentos e roupas de capoeira para as crianças.
- Confecção de caxixi.
- Ensaios abertos para a apresentação das crianças na "Mostra Cultural" da Secretaria de Educação, com a participação de familiares.
- Confecção de moldes das crianças jogando capoeira para a produção de um painel.
- Audição da música “Oh, Berimbau”, do grupo Olodum.
- Apresentação da roda de capoeira para a creche.
- Apresentação das crianças na mostra cultural do span data-toggle="tooltip" data-placement="top" title="Conheça mais sobre o Projeto VoArte: nas asas da Arte Educação, da Secretaria da Educação de São Francisco do Conde (BA), clicando em Projeto VoArte">Projeto Voarte, organizado pela Secretaria da Educação.
- Apresentação de relato de experiência na 1ª Semana de Pedagogia dos Malês, em abril de 2018.
Outras ideias para colocar em prática
O trabalho com as diferentes linguagens pode ser bastante ampliado nesse contexto no qual as crianças são convidadas a explorar objetos musicais, vídeos, instrumentos etc.
É fundamental garantir a elas tempo para explorarem mais autonomamente todos os materiais e descobrirem, por conta própria, recursos e possibilidades, antes de sua apresentação pelo professor, por um capoeirista ou por outro parceiro mais experiente.
O mesmo se pode dizer sobre a exploração das imagens e dos elementos estéticos sobre a cultura negra e a prática da capoeira. É importante ampliar as referências visuais, evitando desenhos prontos ou estereotipados, que tendem a valorizar o lado folclórico mais do que a presença cultural do negro e do capoeirista em nossa cultura.
Deve-se assegurar ainda que as apresentações sejam espontâneas, valorizando as interpretações das crianças sobre os gestos da cultura da capoeira.
Dado que o contato das crianças com as questões étnico-raciais será permanente nessa proposição pedagógica, é importante que o professor esteja atento, que tenha escuta para as percepções e para as respostas das crianças sobre a diversidade racial. Assim, por suas atitudes, por seu próprio exemplo, terá condições de mostrar às crianças atitudes de respeito e valorização das diferentes culturas.
Também é possível desenvolver um projeto com brincadeiras e brinquedos indígenas.