"Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação. Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das famílias e da comunidade." (BNCC, 2018, p. 36)

Podcast

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Paranauê: em roda de capoeira tem bebê!

Esta prática teve como objetivos desenvolver aspectos corporais, lúdicos, artísticos, estéticos e musicais, bem como aqueles ligados à oralidade, à história da população negra e à história local por meio do jogo e da roda de capoeira. Além disso, contextualizar a capoeira para as crianças bem pequenas, explorando sua potente linguagem como recurso.

Quando:

De junho a agosto de 2017.

Materiais:
  • fotografias;
  • músicas de capoeira;
  • cordão com berimbau;
  • instrumentos como pandeiro ou caxixi.
Habilidades trabalhadas:

EI02CG01; EI02CG03; EI02TS01; EI02EO06; EI02CG02; EI02CG03; EI02TS03; EI02EF05;

Professor(a) responsável:

Mighian Danae Ferreira Nunes.

Escola:

Creche Casulo Zaide Daltro Dias, São Francisco do Conde (BA).

O que é:

O projeto buscou aproximar bebês e crianças das produções culturais da população negra, tornando-as parte da prática educativa.

Nesse sentido, nossas ações estiveram sintonizadas com iniciativas de vários setores do "Movimento Negro", que priorizam a educação como importante ferramenta para a inserção da população negra em variados espaços da sociedade brasileira (Rodrigues, 2004).

Como fazer:

A aprendizagem dos bebês no trabalho com a capoeira abrangeu aspectos corporais, lúdicos, artísticos, estéticos e musicais. Além disso, envolveu a oralidade, a história da população negra e a história local.

Percebemos na capoeira uma linguagem potente para propiciar aos bebês conhecimento de si mesmos e sobre o mundo.

Os bebês sentem o mundo a partir do corpo e, por isso, devem ser estimulados a viver essa experiência de modo pleno e prazeroso (Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – DCNEI, 2009).

De acordo com a legislação brasileira, as metas de aprendizagem da Educação Infantil não devem ter caráter avaliativo (DCNEI, 2009).

Assim, buscamos apresentar a capoeira em um contexto de experiência pedagógica, reconhecendo sua importância para a história da população negra.

O trabalho foi realizado em quatro etapas, para que conseguíssemos abordar todos os conhecimentos associados à capoeira.

  • Roda de conversa sobre a capoeira.
  • Apresentação do pandeiro, instrumento utilizado na capoeira e de grande importância na marcação das cantigas e do jogo.
  • Exibição de vídeos com movimentos básicos e crianças jogando capoeira.
  • Produção de desenhos sobre a capoeira.
  • Realização do jogo de capoeira livre. Essa atividade não havia sido prevista no planejamento, mas, ao verem os vídeos, as crianças começaram a jogar capoeira entre elas, recriando os movimentos a partir de sua própria consciência corporal. Estes momentos passaram a acontecer diariamente na hora destinada à música e ao movimento.
  • Escuta de cantigas de capoeira na roda de conversa.
  • Visitas de um professor de capoeira acompanhado de crianças mais velhas.
  • Apresentação do berimbau.
  • Confecção de pandeiro e de berimbau com materiais reciclados.
  • Realização de atividades pedagógicas que estimulassem a observação do tempo rítmico das músicas da capoeira.
  • Contação da história "O Herói de Damião em A Descoberta da Capoeira", de Iza Lotito.
  • Exposição de instrumentos e roupas de capoeira para as crianças.
  • Confecção de caxixi.
  • Ensaios abertos para a apresentação das crianças na "Mostra Cultural" da Secretaria de Educação, com a participação de familiares.
  • Confecção de moldes das crianças jogando capoeira para a produção de um painel.
  • Audição da música “Oh, Berimbau”, do grupo Olodum.
  • Apresentação da roda de capoeira para a creche.
  • Apresentação das crianças na mostra cultural do span data-toggle="tooltip" data-placement="top" title="Conheça mais sobre o Projeto VoArte: nas asas da Arte Educação, da Secretaria da Educação de São Francisco do Conde (BA), clicando em Projeto VoArte">Projeto Voarte, organizado pela Secretaria da Educação.
  • Apresentação de relato de experiência na 1ª Semana de Pedagogia dos Malês, em abril de 2018.
Outras ideias para colocar em prática

O trabalho com as diferentes linguagens pode ser bastante ampliado nesse contexto no qual as crianças são convidadas a explorar objetos musicais, vídeos, instrumentos etc.

É fundamental garantir a elas tempo para explorarem mais autonomamente todos os materiais e descobrirem, por conta própria, recursos e possibilidades, antes de sua apresentação pelo professor, por um capoeirista ou por outro parceiro mais experiente.

O mesmo se pode dizer sobre a exploração das imagens e dos elementos estéticos sobre a cultura negra e a prática da capoeira. É importante ampliar as referências visuais, evitando desenhos prontos ou estereotipados, que tendem a valorizar o lado folclórico mais do que a presença cultural do negro e do capoeirista em nossa cultura.

Deve-se assegurar ainda que as apresentações sejam espontâneas, valorizando as interpretações das crianças sobre os gestos da cultura da capoeira.

Dado que o contato das crianças com as questões étnico-raciais será permanente nessa proposição pedagógica, é importante que o professor esteja atento, que tenha escuta para as percepções e para as respostas das crianças sobre a diversidade racial. Assim, por suas atitudes, por seu próprio exemplo, terá condições de mostrar às crianças atitudes de respeito e valorização das diferentes culturas.

Também é possível desenvolver um projeto com brincadeiras e brinquedos indígenas.


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