Educação Física Inclusiva: a informação é a chave para a inclusão
O objetivo desta prática foi promover a inclusão e respeito ao próximo por meio de práticas esportivas.
Conscientizar os alunos e a comunidade local sobre a necessidade da inclusão e, ao mesmo tempo, combater o preconceito, a discriminação e a exclusão de pessoas com deficiência.
Quando: No decorrer do ano letivo.
Materiais:
- os usados em práticas esportivas convencionais;
- adaptados.
Habilidades trabalhadas: EF67EF03; EF67EF04; EF67EF05; F67EF06; EF67EF07; EF67EF08; EF67EF09; EF67EF17; EF89EF01; EF89EF03; EF89EF06.
Professor(a) responsável: Tiago Magalhães Pontes.
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Como fazer:
O projeto foi elaborado em três etapas, elencadas a seguir.
Essa fase foi a de apresentação do projeto para a comunidade escolar, com a presença dos professores e da coordenação pedagógica da Secretaria Municipal de Educação.
Na ocasião, foram expostos o motivo pelo qual o projeto seria desenvolvido e as expectativas dos professores e da escola sobre o resultado final.
Também foi destacada a busca de auxílio pela equipe pedagógica do município e pelos próprios alunos.
A equipe pedagógica forneceu materiais para práticas de atividades físicas paraolímpicas, como bolas com chocalhos (para o futebol de cegos e goalball), duas cadeiras de rodas para basquete em cadeira de rodas e tiro com arco e rede de vôlei e bola para o vôlei sentado.
Para a corrida para cegos, obtivemos o material na própria escola, como vendas e braçadeiras para os guias conduzirem os atletas pelo trajeto estabelecido.
À Secretaria da Educação foram solicitadas a confecção de banners e painéis e a disponibilização de um carro ou combustível para deslocamento das pessoas deficientes.
Nessa etapa, buscamos informações sobre a importância da prática dessas modalidades paraolímpicas por pessoas consideradas fisicamente perfeitas, para que tivessem os mesmos sentimentos e as mesmas emoções dos deficientes.
Repassamos as regras e dividimos os alunos em grupos, para que seis modalidades fossem vivenciadas em cada um deles. Houve ainda a exibição de vídeos sobre as provas e vídeos motivacionais com histórias de vida de pessoas que tiveram de superar os problemas da deficiência.
Após a parte teórica, coloquei em prática o desenvolvimento das modalidades. Os alunos, já divididos em grupos, receberam informações, regras e vídeos para os treinamentos durante uma semana.
Essa etapa foi a mais longa do projeto. Os alunos fizeram um revezamento em todos os grupos para que tivessem experiências nas variadas deficiências.
Tentei reproduzir a execução da modalidade em sua forma oficial. Os alunos considerados aptos foram colocados em situação igualitária em relação aos demais.
Desenvolvimento das modalidades:
Corrida para Cegos:
Os alunos ficavam em dupla, um deles com os olhos vendados e o outro como condutor (guia). Pelo relato dos participantes, a maior dificuldade foi confiar no condutor pelas provas de 50 metros e 100 metros, pois tinham a sensação de que cairiam num abismo, chegando a perder a noção de direção.
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Os alunos foram divididos em dois times, com quatro jogadores cada. Apesar dos olhos vendados, tiveram o auxílio de um aluno, que atuou como orientador atrás de balizas. Eles se guiavam pelo som produzido pela bola com chocalho para que conseguissem acertar o chute.
Goalball:É uma modalidade que necessita muito da audição dos jogadores. Formei duas equipes de três alunos (goleiros) para a defesa de suas metas.
No jogo, um dos times arremessava uma bola com chocalho na direção do gol adversário. Os defensores deveriam evitar que ela entrasse na meta.
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As regras são as mesmas de uma partida normal de vôlei. A diferença está na altura da rede, que fica próxima ao chão, e também no fato de que os jogadores ficam sentados. Para os alunos, a dificuldade maior dessa modalidade é a necessidade de uso das mãos para se locomover.
Basquete em Cadeira de Rodas:Não executamos o jogo em si, devido à insuficiência de cadeiras de rodas. Mas adotamos um determinado percurso para que a bola pudesse ser arremessada na cesta. Com isso, os alunos compreenderam que, para haver o arremesso, é necessária certa impulsão nas pernas, recurso que os cadeirantes, logicamente, não têm.
Tiro com Arco:Nesta modalidade, os atletas, sentados em cadeiras de rodas, transportavam o arco com uma flecha. Após cumprirem o percurso, deveriam atirar e acertar o alvo, fixado a 30 metros.
Esta etapa foi desenvolvida nos dias finais do projeto. Na penúltima semana, tivemos uma minicompetição com os alunos que haviam se destacado durante os treinamentos.
Como última etapa, essa foi, é claro, a mais aguardada por todos. Nesse período, diversos eventos foram realizados diariamente no pátio da escola, assim distribuídos:
- primeiro dia: exposição de fotos e vídeos feitos durante o projeto;
- segundo dia: palestras sobre preconceito, racismo, bullying, discriminação, Libras, deficit de aprendizagem e evasão escolar, com profissionais da educação e da saúde e assistentes sociais;
- terceiro dia: atividades lúdicas e de socialização, como corrida com cadeiras, dança da cadeira de olhos vendados, passar por baixo de alguns obstáculos também com olhos vendados etc.;
- último dia: presença de deficientes, para que relatassem suas histórias de vida.
Saiba mais
A participação dos alunos no projeto foi muito importante. Esse envolvimento possibilitou aos jovens conheceram suas limitações.
Os meios utilizados para a avaliação foram diversos. Além do acompanhamento diário nas aulas práticas de Educação Física, os jovens demonstraram grande interesse na realização das atividades paraolímpicas propostas.
O cumprimento de metas, os depoimentos e os registros das dificuldades e dos benefícios adquiridos foram fundamentais para a consolidação do projeto.
Também foi importante a participação dos demais professores, que ofereceram suas observações e colaboração no dia a dia em sala de aula, fortalecendo o sentido interdisciplinar da iniciativa.
Outras idéias
É possível elaborar um pacto de conduta, a partir de um estatuto com os direitos e deveres relativos à inclusão, para que seja praticado na escola cotidianamente.