"Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes se deparam com desafios de maior complexidade, sobretudo devido à necessidade de se apropriarem das diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa maior especialização, é importante, nos vários componentes curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do Ensino Fundamental – Anos Iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação de repertórios dos estudantes. Nesse sentido, também é importante fortalecer a autonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e ferramentas para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação." (BNCC, 2018, p. 60)

Podcast

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Histo/geopolítica e ocupação do espaço acreano: poder, representações, lutas sociais e meio ambiente

Área(s): Ciências Humanas.

Esta prática tem como objetivo estudar a história regional (Acre) e as relações de poder por intermédio de práticas e dinâmicas e o uso de tecnologias e metodologias para diversificar as aulas.

Componente(s):
Geografia

Quando:
Ao longo do ano letivo, durante três meses.

Materiais:
  • computadores e acesso à internet (desejável);
  • biblioteca com materiais para pesquisa sobre os temas estudados;
  • monitores ou especialistas para ministrarem aulas ou palestras.
Habilidades trabalhadas:
EF09GE03; EF09GE11; EF09GE14.
Escola:
Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre (UFAC), Rio Branco (AC).
Professor(a) responsável:
Regineison Bonifacio de Lima.

O que é:

Projeto de ensino e pesquisa com aulas ministradas de forma dinâmica e tecnológica, principalmente em sala de aula. A iniciativa teve a colaboração de integrantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), que assumiram a responsabilidade de esclarecer dúvidas dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental – Anos Finais e, com eles, construir saberes e trocar informações, conhecendo suas vivências e as de suas famílias.

Os alunos foram os protagonistas do processo de aprendizagem e ensino, participando de rodas de conversas na escola e dialogando com o professor e os bolsistas.

A Biblioteca da Floresta foi o ápice do desenvolvimento da aula dinâmica, com a apresentação dos conhecimentos em práticas pedagógicas. Relatórios foram aplicados aos alunos, que descreveram seus aprendizados. Os conteúdos foram corrigidos, verificando-se, também, a qualidade dos textos.

Como fazer:

O projeto foi desenvolvido por etapas.

Estudo do livro “Diálogo do Poder”, de Michel Foucault, para que, com os alunos, fossem trabalhadas as formas de discurso; e, com os bolsistas, as metodologias de desenvolvimento da temática.

Estudo das quatro linhas de pesquisas do PIBID de História da Universidade Federal do Acre (UFAC). São elas:

  • História da África e cultura africana e afro-brasileira;
  • Culturas/identidades na fronteira trinacional (Amazônia Sul-Ocidental): Acre, Pando (Bolívia) e Madre de Dios (Peru);
  • Populações amazônicas/acreanas “tradicionais”: índios, seringueiros e ribeirinhos;
  • Histo/geopolítica e ocupação do espaço acreano: poder, representações, lutas sociais e meio ambiente.

Esta última linha de pesquisa foi a escolhida para ser trabalhada com os alunos do 9º ano.

Esta foi a fase de planejamento das aulas. Nela, os bolsistas estudaram os conteúdos, discutiram a linha de pesquisa, tendo como referência os conteúdos do currículo de História, e escolheram os recursos didáticos e materiais.

Para subsidiar as aulas, houve um levantamento prévio sobre o nível de conhecimento dos alunos a respeito dos seringais.

Fizemos uma ampla exposição sobre o barracão como instrumento de exploração. Para tanto, apresentamos imagens do barracão, abordamos a chegada dos “brabos” no seringal, mostramos a moradia dos seringueiros e o lugar de defumação, conversamos sobre o horário de saída para o início das atividades de extração do látex e sobre a forma de trabalho.

Também dialogamos a respeito dos diversos personagens e de suas atividades, entre eles o guarda-livros, o mateiro, comboieiro e o regatão. Expliquei ainda aos alunos como agiam os patrões, as suas ordens, as punições e os contratos.

Numa aula inovadora, apresentei aos alunos o projeto de pesquisa.

Realização das aulas, com os bolsistas atuando a partir das temáticas definidas. As aulas foram as seguintes:

  • Aula 1, diferenciada com uso de tecnologia, com a bolsista Abigail, sobre – “O Primeiro Ciclo da Borracha”.
  • Aula 2, diferenciada com uso de tecnologia, com o bolsista Rayanderson, que ministrou aula sobre – “O Papel da Mulher no Segundo Ciclo da Borracha”.
  • Aula 3, com a bolsista Alexandra sobre – “As forças Contrárias à Reforma Agrária no Acre: os ‘paulistas’ e a UDR, a ofensiva da direita no estado”, atividade que incluiu análise de jornais dos anos 1980.

Estudo das três temáticas desenvolvidas em sala de aula, com os bolsistas se ocupando também do esclarecimento das dúvidas dos alunos.

Também foi o espaço para a elaboração, em grupo, dos relatórios e da correção dos conteúdos. Como ação final, houve a preparação de uma atividade para execução na Biblioteca da Floresta.

Utilizamos o método de ensino construtivista/interacionista, que coloca o aluno no centro do processo de aprendizado, com papel ativo na busca do conhecimento, a partir de sua imersão em situações próximas da realidade.

O objetivo foi estimular nos estudantes o questionamento, a argumentação e a capacidade de chegar a conclusões e resolver problemas por conta própria.

Exibição do documentário “História do Acre”, da professora doutora Maria José Bezerra, seguida de discussão com os alunos sobre o conteúdo e verificação dos relatórios e dos preparativos para a aula na Biblioteca da Floresta.

Discussão entre os bolsistas sobre as formas de trabalho e realização da visita à Biblioteca da Floresta: com a apresentação do referencial teórico e a sua distribuição à turma, foi realizada a visita a Biblioteca da Floresta, como forma de pesquisa.

Nessa etapa, foram analisadas as informações coletadas pelos alunos na pesquisa de campo e produzidos relatórios em grupo.

Na Biblioteca da Floresta, tivemos aula prática, dinâmicas, ensino com pesquisas, uso de tecnologias, realização de painéis, exibição de fotos, mapas, cartas, exposições e documentários, consulta a livros, visitas dirigidas e explicações qualificadas.

De volta ao colégio, discutimos a atividade realizada na Biblioteca da Floresta. Os bolsistas prepararam questionários de verificação dos conhecimentos obtidos. Com base no processo de aprendizagem, os alunos produziram textos sobre a experiência. Os conteúdos foram avaliados pela equipe e geraram notas (de até 3 pontos). Como resultado, muitos alunos obtiveram nota máxima, feito que reforçou a autoestima deles.

Houve ainda uma conquista adicional com o projeto. Nas aulas, diversos alunos reconheceram também as histórias de vida de seus avós e pais e de suas próprias vidas.

Outras ideias:

Ao adotar esta prática, é possível fazer um levantamento preliminar da história, da economia e de questões regionais primordiais de sua região.

Os alunos aprofundarão a pesquisa de temas específicos e se organizarão em grupos temáticos. Com base no estudo, podem ser formuladas questões, que deverão ser respondidas por meio de pesquisas.

Como produto final, serão produzidos trabalhos escritos, acompanhados de exposição oral dos principais aspectos pesquisados, de forma que o conjunto dos trabalhos seja capaz de caracterizar a identidade geopolítica do espaço pesquisado.