"A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo." (BNCC, 2018, p. 58)

Podcast

Ouça o podcast sobre os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.


Cidadania no Trânsito: formando valores para o futuro

Área(s): Linguagens.

O objetivo desta prática foi trabalhar o tema “Trânsito” de forma contextualizada para a compreensão dos alunos sobre a necessidade de organização e ética dos motoristas na frente da escola nos horários de entrada e saída das turmas.

Componente(s):

Educação Física


Quando:

Durante o ano letivo.


Materiais:

Livros e materiais de pesquisa em geral.

Habilidades trabalhadas:

EF35EF04; EF35EF08.

Escola:

Escola Municipal Martinha Thury Vieira, Boa Vista (RR).

Professor(a) responsável:

Daniele Maquine Rodrigues.

O que é:

Trabalhei com a realidade dos alunos para conscientizar a comunidade escolar sobre a necessidade de um trânsito seguro e baseado no respeito a partir de uma eficiente educação sobre o assunto.

Como fazer:

As ações executadas seguiram os objetivos das Diretrizes Nacionais no Ensino Fundamental, sendo trabalhadas em etapas, conforme especificadas a seguir:

Realizada em março de 2017, a apresentação para os alunos foi feita em visita às salas de aula e em conversas na disciplina de Educação Física. Os familiares conheceram os objetivos e aprovaram a proposta em reunião de pais e mestres.

Nesta etapa, os alunos do 5o ano realizaram pesquisas sobre o trânsito em Roraima (índices de acidentes, quantitativo de veículos, motoristas, multas etc.).

Por se tratar de atividade complexa, dividimos os assuntos por grupos, num sorteio. A divisão da turma, por sua vez, foi realizada numa brincadeira. Ao som de música agitada, os alunos se movimentaram pela sala à vontade, mexendo os braços rapidamente. Quando a música parava, os alunos tinham de fazer pares, depois trios e, por fim, quartetos. No entanto, não poderia haver grupos só de meninos ou só de meninas. Usei essa divisão como metodologia alternativa para possibilitar a participação de todos os estudantes.

Tomei cuidado para que os grupos ficassem equilibrados quanto à diversidade de conhecimentos. No decorrer das atividades, fiz algumas alterações nos grupos iniciais.

Essa fase de pesquisa foi gratificante, pois os alunos se empenharam bastante, trazendo de casa informações pesquisadas com as famílias. Revistas em quadrinhos e manuais de trânsito serviram de suporte para a execução dessa etapa.

As pesquisas foram transmitidas às demais turmas em palestras realizadas pelos próprios alunos, que apresentaram também curiosidades sobre o trânsito e deveres dos motoristas e passageiros, entre outros assuntos.

No início notei timidez nos alunos, pois nunca haviam participado antes daquele tipo de apresentação. Mesmo trabalhando juntos, continuavam nervosos com a tarefa. Então, para incentivar a independência, disponibilizei uma caixa de som e microfones para os pequenos palestrantes.

Todos ficaram contentes e mais confiantes. O interessante foi que aqueles que estavam tímidos, a partir daquele momento quiseram usar o microfone e falar. Oralmente, os alunos foram se apropriando de novas aprendizagens. A atividade diferenciada possibilitou aos maiores (5o ano) mostrar aos menores (4º ano) o que haviam aprendido.

Após as apresentações, foi a vez dos alunos das turmas do 4o ano mostrarem seus talentos na produção de placas de sinalização. Como base, produzi uma placa de sinalização mostrando o passo a passo do trabalho.

Os alunos utilizaram materiais alternativos, como papelão, cabos de vassoura, latas de leite, emborrachados e papel contact. Assim como nas turmas de 5o anos, houve formação de grupos. Fiquei contente, pois percebi que eles conversaram e compartilharam materiais, demonstrando envolvimento com a atividade.

As maquetes foram produzidas pelos alunos do 4o ano com o auxilio da professora de Arte. Com isso, puderam expressar criatividade e capacidade.

Cada peça do circuito foi produzida separadamente. Para essa etapa, houve a colaboração dos alunos do 5o ano. Enquanto uma turma produzia a faixa de pedestres, o semáforo e a lombada, a outra confeccionava os carrinhos, a faixa de ciclistas e a rua de passeio.

Ao final, todos perceberam que poderiam cooperar e vivenciar a uma prática cidadã para a melhoria do trânsito, enfatizando o direito de ir e vir dos indivíduos.

Busquei o desenvolvimento da turma por meio da expressão, da coordenação motora e da representação de ideias. Fiz isso estimulando a criatividade, o compartilhamento de materiais e a troca de informações na produção de desenhos e pinturas relacionadas ao trânsito. A turma também criou desenhos com frases.

Aos alunos do 5º ano, foi proposta a criação de esquetes teatrais sobre o trânsito para apresentação na frente da escola nos horários de saída e entrada de alunos. O objetivo era o de contribuir para uma reflexão e uma possível melhoria do trânsito local, principalmente nos horários de pico. Procuramos também enfatizar o direito de ir e vir das pessoas.

Ao final solicitei aos alunos que pensassem numa forma de compartilhamento da produção. Surgiu ali a ideia de apresentação dos esquetes também à comunidade escolar, valorizando a independência dos movimentos e a utilização da linguagem expressiva. Ficaram evidentes o empenho, o companheirismo, a dedicação, a reponsabilidade e a habilidade corporal da turma.

Nas aulas de Educação Física, os alunos foram incentivados a trabalhar o corpo e a mente. Inicialmente, houve certa resistência dos alunos para a execução das atividades propostas. Apresentei vídeos com paródias para facilitar a compreensão e incentivar a produção da turma. Os familiares dos alunos também deram sua contribuição, já que os alunos precisaram concluir a tarefa em casa.

Para trabalhar a interação em casa e a expressão corporal da turma, os alunos realizaram entrevistas com os pais e familiares. Esse trabalho foi executado em três etapas. Foram elas:

Etapa 1:

As turmas do 4o ano elaboraram, em sala de aula, as perguntas para a entrevista com a família. Foram selecionadas sete questões (objetivas e subjetivas).

O objetivo principal da entrevista foi alertar os pais e/ou responsáveis sobre a importância de seus atos na frente da escola na chegada e na saída das crianças. Buscou-se também obter deles sugestões para minimizar e/ou solucionar o problema encontrado, fortalecendo a reflexão familiar sobre mudança de atitudes

Etapa 2:

Os alunos registraram as entrevistas como fotos e relataram suas experiências durante o diálogo em casa. Os resultados foram apresentados pelos próprios alunos durante a reunião de pais e mestres.

Etapa 3:

As entrevistas foram realizadas com 65 pessoas. Dos entrevistados 58% tinham Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os demais não tinham habilitação ou eram ciclistas e pedestres.

As entrevistas mostraram também que 66% tinham algum tipo de transporte e o utilizavam para deixar e/ou buscar alunos na escola. Dos participantes da pesquisa, 15% admitiram que já haviam recebido multas de trânsito e 37% já havia participado de algum acidente. Nenhum entrevistado, porém, admitiu ter causado qualquer acidente de trânsito. 

Os entrevistados também avaliaram as condições de trânsito em frente à escola: "ruim" para 35%, "péssimo" 28%, "bom" para 29% e "ótimo" para apenas 8%. Entre as justificativas para a insatisfação, destacaram-se a falta de sinalização e de bom senso dos motoristas.

Para evitar contratempos, a maioria informou, por exemplo, que procurava chegar à escola bem antes dos horários de entrada e saída de alunos.  Apenas um dos entrevistados confessou que ficava estressado nessas ocasiões, chegando a buzinar algumas vezes por causa do desrespeito dos demais condutores, que paravam seus carros em lugares inadequados.

As entrevistas com os pais serviram também para a coleta de sugestões para melhorias no trânsito nas imediações da escola e na comunidade. Ficou clara, por exemplo, a necessidade de haver a devida sinalização de trânsito na frente do prédio. A sugestão foi encaminhada à Superintendência Municipal de Trânsito.

Aquecimento dos Ciclistas:

Para essa atividade, formei duplas com alunos do mesmo biotipo. Forneci colchonetes para que os alunos deitassem de barriga pra cima unindo os pés. Ao meu sinal, os executavam movimentos (pedaladas) como se estivessem em bicicletas. Ao som do apito, os alunos paravam e, então, reiniciavam os movimentos.

Sinaleiro:

Organizados em fileiras, os alunos atuaram como se fossem veículos. Com o auxílio de cartões nas cores amarelo, verde e vermelho, eles deveriam seguir os comandos de andar, correr e parar. O objetivo foi trabalhar o respeito aos sinais de trânsito.

Álcool e Direção não Combinam:

Desenhei uma linha reta no chão da quadra, e os alunos formaram três filas. Para cada uma delas, foi fornecido um cabo de vassoura. Ao sinal de um apito, os jovens deveriam girar, rapidamente, o cabo de vassoura que estava fixo no chão. Num segundo apito tinham de caminhar sobre a linha até chegar, pegar uma bola e voltar à posição original.

O objetivo dessa brincadeira foi trabalhar os reflexos e explicar as consequências do uso de bebidas alcoólicas no trânsito. Alguns alunos não conseguiram finalizar a atividade por causa do desequilíbrio do corpo. Ao final, conversamos sobre as sensações de cada um.

Faixa de pedestre:

Nesta atividade, aproveitamos a faixa de pedestres e os carrinhos produzidos anteriormente. Três alunos representaram os carros e os demais, os pedestres. Ao meu sinal os alunos pedestres deveriam atravessar a rua. Os que não atravessassem a rua corretamente seriam "atropelados" e iriam para o hospital, ou seja, sairiam da atividade.

Reboque de Carros:

Após a formação de duplas, forneci aos alunos sacos de fibra. Um de cada dupla deveria sentar no saco, para que o colega o puxasse pela ponta do saco até uma distância determinada. Na volta, deveriam trocar de lugar.

Respeito às Placas:

Com a ajuda dos alunos, montei um percurso com placas de sinalização. Ao meu sinal, cada aluno poderia entrar num dos carrinhos produzidos anteriormente e passar pelo percurso, obedecendo às sinalizações.

Respeito ao Trânsito:

Um aluno foi escolhido para representar a figura do guarda de trânsito, dois alunos usaram os carros de caixa de papelão já produzidos e os demais formaram filas paralelas. O guarda de trânsito dava os comandos (direita ou esquerda) e os alunos, nas filas, atendiam às orientações. Os carros só poderiam transitar pelas vias livres.

Essa fase do projeto teve por objetivo sensibilizar os pais e os responsáveis a pensarem sobre suas ações no trânsito, compreenderem a importância dos resultados dos questionários e observarem o que os filhos haviam aprendido.

Nessa etapa, voltada à comunidade escolar, os alunos apresentaram suas pesquisas, utilizando, para tal, slides e um circuito com carros e bicicletas. As paródias e a minipeça teatral foram apresentadas durante a culminância do projeto. Todos os alunos puderam passear no circuito com os carrinhos e as bicicletas, respeitando as placas de sinalização, o semáforo e os guardas de trânsito, representados por dois alunos.

Saiba mais

Na disciplina Educação Física, a avaliação é a oportunidade para constatar a aprendizagem e o conhecimento dos alunos em relação ao próprio corpo. É também um espaço para a valorização do movimento corporal como fator de qualidade de vida. Na Educação Física não há uma fórmula pronta de avaliação. Mas é essencial detectar as dificuldades e os progressos dos alunos.

Compreendo que a avaliação serve para melhorar, apoiar, auxiliar e conhecer as particularidades, os limites e as dificuldades dos alunos e não para medir e classificar seu desempenho.