Pitch: avaliação para a promoção da aprendizagem
Esta prática teve como objetivo estimular o protagonismo dos alunos, tornando-os mais ativos no processo pedagógico, desenvolver habilidades para sua autonomia e criar uma estratégia de avaliação envolvendo-os de forma ativa.
Durante o ano letivo.
Materiais:- materiais usuais de sala de aula para anotações;
- filmadora (pode ser a câmera do smartphone);
- conexão com a internet.
LGG- Competência 1; Competência 3; Competência 7
Habilidades trabalhadas:EM13LGG101; EM13LGG104; EM13LGG301; EM13LGG701; EM13LGG702; EM13LGG703; EM13LGG704; EM13LP16;
Nilton Nelio Cometti.
Escola:Instituto Federal de Brasília, Planaltina (DF).
O que é:
Na educação profissional e tecnológica, é cada vez mais evidente a necessidade de criar um ambiente de aprendizagem que favoreça a interação dos alunos com o objeto de estudo.
Ações como perguntar, elaborar, demonstrar, ilustrar, argumentar, fazer e discutir são indispensáveis para promover a aprendizagem.
O pitch (breve apresentação) foi uma das atividades de avaliação realizadas no segundo semestre de 2017 nos cursos técnicos em Agropecuária (Integrado e Subsequente) e no Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia.
Em grupos de cinco a seis componentes, os alunos deveriam abordar um tema prático, como condução do trator agrícola, manutenção do trator agrícola, calibração de pulverizador, regulagem da semeadora/adubadora, aração e regulagem do arado.
Cada grupo elaborou seu pitch em forma de vídeo. O objetivo foi despertar o interesse e compartilhar, com os demais alunos, o conhecimento sobre o tema escolhido. Para tanto, cada apresentação seguiu um roteiro pré-elaborado, observando os critérios de avaliação (criatividade, elaboração, postura, vestimenta e linguagem).
Após a apresentação, os alunos foram provocados a refletir sobre o impacto do pitch nas suas vidas, considerando os desafios que enfrentarão no mundo do trabalho. Os vídeos foram carregados para o YouTube e os links foram disponibilizados para todos os grupos.
Como fazer:
A idade dos alunos do Curso Técnico em Agroecologia varia entre 15 e 65 anos. Em geral, eles vêm das cidades do entorno do Distrito Federal, às vezes de escolas com pouca base científica e tecnológica.
Várias unidades estão na zona rural, com dificuldades de infraestrutura e acesso. Há, entre os alunos, dificuldade no manejo da língua portuguesa, especialmente na interpretação e produção de textos. Muitos não conseguem elaborar uma frase bem estruturada e conexa. Na área da disciplina de Matemática, as dificuldades também são enormes, desde a realização das operações mais simples, passando pela regra de três e até o cálculo de área.
Dentre os alunos do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio, alguns se sobressaem pela velocidade de raciocínio e aprendizagem. No Técnico Subsequente, por outro lado, a maioria é formada por trabalhadores e arrimos de família, que fazem um esforço enorme para compatibilizar a rotina acadêmica com a vida cotidiana de trabalho e familiar. Já no Curso de Tecnologia em Agroecologia, os alunos são mais críticos em relação aos métodos pedagógicos utilizados.
Diante desse cenário, com um público tão diverso e tantas dificuldades cognitivas, o desafio do projeto foi abarcar as oportunidades e cumprir os objetivos do planejamento.
Esse desafio me fez buscar ajuda. Dentre as várias possibilidades, a proposta de algo mais dinâmico me levou a utilizar o pitch como instrumento de avaliação para o aprendizado. Optei por esse processo em todas as minhas turmas.
O primeiro passo do trabalho foi abandonar a prática antiga de exigir que os alunos fizessem relatórios escritos sobre as aulas práticas.
Na sequência, elenquei as possíveis aulas práticas para as nossas atividades:
- "Condução do Trator Agrícola";
- "Manutenção do Trator Agrícola";
- Calibração de Pulverizador";
- "Regulagem do Arado";
- "Calibração da Semeadora-Adubadora";
- "Aração".
Diante dos temas, o próximo passo foi conscientizar os alunos sobre a mudança de paradigma e a importância de atualização da forma de avaliação.
Deu certo, pois eles ficaram empolgados com a possibilidade e optaram pela nova experiência.
Assim, os alunos se reuniram em grupos. Os temas foram sorteados e ficou estabelecida a data para a entrega do pitch (final do semestre letivo de 2017).
Disponibilizei um roteiro para a elaboração do pitch, com as seguintes orientações:
- o trabalho deveria ser feito em vídeo de três a cinco minutos;
- os grupos deveriam ser formados com cinco ou seis alunos;
- o vídeo poderia conter de três a cinco slides explicativos;
- para a edição, deveria ser usado o aplicativo Movie Maker;
- cada grupo teria de trabalhar um tema.
Durante o curso, os alunos participaram de aulas práticas, às vezes com o mesmo tema do seu pitch. E também ganharam o direito de gravar partes das aulas.
Após as gravações, os alunos trabalharam em parceria na edição dos vídeos, já que muitos não conheciam os programas escolhidos para esse fim.
Depois da elaboração, publicaram os vídeos no YouTube e enviaram o link para o grupo de WhatsApp da turma. Assim, todos tiveram acesso aos conteúdos.
Preparei um formulário do Google Formulários para a avaliação dos vídeos, no qual cada aluno pôde avaliar os pitches dos colegas.
O formulário apresentou os seguintes critérios de avaliação, numa escala de 0 a 10: criatividade, qualidade da elaboração, conteúdo, postura, vestimenta e linguagem.
Os alunos também tiveram de responder à seguinte pergunta:
"Qual o impacto do pitch para a sua vida profissional?"
Depois de tabulada, a nota foi somada àquela que eu havia dado, para que se chegasse à média final. Em geral, as notas dadas pelos alunos ficaram muito próximas das minhas. Em muitos casos, os alunos deram aos colegas notas menores do que as que eu havia dado, mostrando que não houve corporativismo.
Em nenhum caso houve notas muito baixas ou "zeradas". Isso mostrou que a avaliação não foi usada para “acertar diferenças”.
Após a conclusão da avaliação, os alunos preencheram um formulário on-line, analisando o processo.
Obteve-se um resultado que expressa a pertinência e a relevância da atividade como estratégia de avaliação:
- 100% dos alunos indicaram preferência pelo pitch em relação ao tradicional relatório de aulas práticas;
- 100% ressaltaram a validade da atividade para os cursos seguintes;
- 93% disseram que o processo tinha estimulado a participação de todos os integrantes do grupo;
- 87% informaram que o processo havia gerado maior participação nas aulas;
- 100% afirmaram que o processo fez com que aprendessem mais e estudassem mais para elaborar o pitch.
Portanto, o pitch tem potencial como estratégia de avaliação para promover aprendizagem, e pode ser replicado em outros componentes curriculares, inclusive em outros âmbitos educativos.
Além disso, constatou-se que o exercício da autoavaliação é uma estratégia adequada para engajar o aluno no processo pedagógico, contribuindo com o desenvolvimento da autonomia, pois prepara os alunos para refletirem e analisarem suas próprias ações, identificando necessidades de aprendizagem e lidando com as dificuldades.
A prática de avaliação por meio do pitch é aplicável sempre que seja possível avaliar uma atividade por meio de uma apresentação do aluno. Além disso, a linguagem do vídeo é muito próxima da realidade dos alunos atuais, que estão adaptados a essa cultura.
Além de ser utilizado para potencializar a avaliação em qualquer disciplina, o pitch também possibilita a interdisciplinaridade com a área de Linguagens, pois requer roteirização, produção de textos, oralidade e uma série de competências linguísticas.
Saiba mais
Vídeos produzidos nesta prática:
Trabalhos dos alunos de Mecanização
https://www.youtube.com/playlist?list=PLaouiZQI1J4pDTG_ovJejvfRDBX3TWT9z
Pitch Mecanização Alunos IFB Campus Planaltina 2018-1
https://www.youtube.com/playlist?list=PLaouiZQI1J4q2zmOTf3eC3q6H95la0cG5
Formulário para avaliação
https://docs.google.com/forms/d/1EesJvnOUtdKS743KXosdP6Anr_SZ5OSrtH MwdAYC88c/edit
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