Jovens escritores da revista geográfica GL (Graciliano Lordão)
Esta prática teve como objetivo desenvolver com os alunos, a partir das discussões sobre ciência geográfica, a produção de uma revista temática de conteúdos interdisciplinares, a partir do diagnóstico de que os jovens são desmotivados para ler e interpretar textos, inserir, de forma dinâmica e prática, leituras para o desenvolvimento do senso crítico, da reflexão e da caligrafia. Para isso, incentivar e elaborar a produção de uma revista com os principais conteúdos dos parâmetros curriculares do 6º ano, relacionando fatos e acontecimentos da vivência dos alunos e da comunidade escolar aos conteúdos abordados ou daqueles que tenham dado suporte às investigações, como saídas culturais e trabalhos de campo.
Quando: Durante o ano letivo inteiro, com o projeto dividido em diferentes etapas de trabalho.
Habilidades trabalhadas: EF06GE05; EF06GE10; EF06GE03; EF06GE07; EF06GE11; EF07GE09; EF09CI14; EF08CI13; EF69LP29; EF67LP21; EF69AR05.
Professor(a) responsável: Ana Beatriz Camara Maciel.
O que é:
Durante o projeto pedagógico da revista geográfica GL,, necessitamos de muitas estratégias metodológicas para o trabalho em sala de aula, pois sabíamos que os estudantes gostam de atividades novas.
Entendemos que não é muito atrativa uma explanação de conteúdo num contexto educacional apenas com giz, quadro e explicação. Para tornar a sala de aula mais dinâmica, criativa e favorável à interação, utilizamos muitas atividades.
Trabalhar com a implementação de projetos é um desafio, é sair do tradicional, de aulas desarticuladas. Esse processo mobilizou alunos, professores, coordenadores e gestores em atividades mais dinâmicas. O objetivo foi estabelecer um processo educacional mais participativo e articulado, com um núcleo de interesses mais significativos para o grupo.
Percebemos também que, para trabalhar com projetos, não precisamos de muitos recursos materiais, mas de boa vontade e ânimo para sair da rotina.
Segundo Freire (1996), o desenvolvimento de projetos possibilita aos alunos aprenderem conceitos específicos e interagirem com sua realidade social, percebendo os problemas de seu entorno.
Dessa maneira, a escola trabalha o exercício da cidadania crítica do aluno desde os anos iniciais. Com o projeto didático, o docente se aproxima de vários saberes e desafios das diferentes disciplinas, partindo de um tema social, transversal.
O mesmo projeto pode, e deve, ser adotado por diferentes professores, como foi o caso da nossa revista.
O trabalho com essa perspectiva de projeto e transversalidade foi também um processo de desenvolvimento de habilidades, pois abordamos vários temas de modo contextualizado, para ver concretizada uma série de ações e produtos.
Diversos gêneros textuais foram abordados: histórias em quadrinhos, livro ilustrado, cartazes, mapas, gibis, trabalho com materiais recicláveis e pesquisas de conteúdo.
Procuramos ainda aproximar os alunos dos temas por intermédio de filmes, músicas, paródias e, mesmo, receitas e comidas que explorassem temas como regionalização e identidade.
Dentro de nossas metas específicas, o trabalho procurou:
- produzir, para a revista, materiais didáticos que ajudassem a melhorar a habilidade de ler e interpretar textos informativos e a divulgação científica – tudo adaptado à linguagem do 6º e 7º anos do Ensino Fundamental;
- explanar temáticas escolhidas para os discentes de forma dinâmica;
- contribuir para a socialização entre os alunos;
- propor a interação escola-casa-comunidade;
- contribuir para o desenvolvimento das habilidades e das competências dos alunos;
- construir, a partir das produções dos alunos dos 6º ano, uma revista com temáticas ligadas à Ciência da Geografia.
Como fazer:
Toda a produção da revista geográfica GL, e o desenvolvimento do projeto tiveram três grandes momentos, que organizaram o trabalho e exploraram habilidades e competências distintas.
Inicialmente, fizemos um levantamento bibliográfico para explorar os conceitos-chaves da ciência geográfica (espaço, paisagem, território e lugar). Também foram estudados os conteúdos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, bem como os temas transversais propostos para o 6º ano.
Exploramos especificamente temas como “Estrutura e Movimento da Terra“, “Coordenadas Geográficas“, “Agentes Internos e Externos“, “Placas Tectônicas“, “Sistema Solar“, “Questões Ambientais Mundiais, Nacionais e Locais” e “Reciclagem”.
Realizamos com a turma várias atividades lúdicas e práticas:
- leitura de textos complementares e dos livros paradidáticos “Passeio por Dentro da Terra” (de Samuel Murgel Branco), “O Menino que Vendia Palavras” (Ignácio de Loyola Brandão), “Para Gostar de Ler”, volume 10 – Contos, e “O Mistério da Fábrica de Livros”de Pedro Bandeira);
- exibição dos filmes “Extraordinário“, “Ataque solar”, “Volcano”, “O Impossível” e “A Era do Gelo 5: o Big Bang”;
- escuta das músicas “Estrela da Natureza” (de Sá e Guarabira), “Passaredo”(de Chico Buarque), “Planeta Água” (de Guilherme Arantes), “Planeta Azul” (de Chitãozinho e Xororó), “Xote Ecológico” (de Chico Mendes), e “Terra” (de Caetano Veloso);
- leitura e recitação de cordéis diversos sobre temáticas ambientais e socioeconômicas e festividades brasileiras;
- consulta a sites de conteúdo escolar (jogos, cruzadas, organogramas, desenhos) alinhados com as temáticas propostas;
- produção de pequenos textos, histórias em quadrinhos, paródias e cordéis para compor a revista ao final do ano.
Dividimos o trabalho em duas etapas: a reunião do material produzido pelos alunos e a organização dos registros fotográficos feitos pelas professoras de Geografia, Arte e Ciências durante as diferentes atividades.
Dentre as produções, destacamos a criação de uma maquete sobre o sistema solar e a elaboração de paródias sobre problemas ambientais da cidade de Natal e, em especial, do bairro das Quintas, onde se localiza a escola.
Também houve a apresentação de seminários sobre os movimentos e a estrutura da terra, agentes internos e externos e a formação do relevo terrestre.
Paralelamente a essas atividades, foram realizadas atividades de campo com os alunos e a participação de alguns pais. Visitamos o planetário de Parnamirim, onde pudemos estudar o sistema solar de forma mais palpável, e não apenas por meio de imagens e vídeos.
Conhecemos também o Barco Escola Chama Maré, projeto realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA), órgão do governo do Rio Grande do Norte.
Foi uma rica oportunidade para discutirmos problemas ambientais que afetam a nossa cidade e a nossa região. Na atividade a bordo do Barco Escola, também exploramos um pouco da história de Natal e de sua relação com a geografia e o meio ambiente locais.
Além disso, estudamos o episódio da construção, em Natal, da base aérea de cooperação entre Estados Unidos e o Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.
Neste segundo momento do trabalho, visitamos ainda o Museu de Minérios do Rio Grande do Norte, vinculado ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). O objetivo foi explorar as questões teóricas a partir da nossa realidade.
Finalmente, chegamos à elaboração da revista geográfica GL. Nosso primeiro passo foi reconhecer os diversos gêneros textuais produzidos ao longo do ano, e como essa diversidade poderia compor uma revista.
Durante o processo de produção dos textos, trabalhamos os recursos discursivos, textuais e linguísticos de cada gênero.
A revista começou a tomar forma no 4º bimestre, quando os alunos foram divididos em grupos e passaram a trabalhar no laboratório de informática da escola.
Juntos, os grupos decidiram as funções de cada processo (digitar, selecionar textos, escolher fotos etc.) e qual seria a temática-chave da revista.
Decidiram também formatos, cores e diagramação. A elaboração dos textos e o uso dos computadores foram etapas intensas e com muitas dúvidas.
Para a realização do projeto, foram necessários oito meses. O lançamento da revista aconteceu durante a Mostra da Cultura da escola.
Outras idéias
Além da versão impressa da revista, sugere-se também que sejam exploradas outras formas de publicação, como blogs e revistas on-line, e mesmo ferramentas digitais de editoração, aproximando alunos e professores dos novos formatos com que o jornalismo tem se apresentado ao público geral.