A Saga do Herói: das aulas de História à tela dos cinemas
O objetivo desta prática foi explorar a saga do herói presente no estudo de momentos históricos, analisando as informações neles contidas e seu reflexo na disseminação de conceitos e culturas transversais à história.
Materiais:
- Livros;
- Filmes;
- histórias em quadrinhos.
LGG – Competência 2
CHS – Competência 1
Habilidades trabalhadas: EM13CHS101; EM13CHS102; EM13CHS103; EM13CHS104; EM13CHS106; EM13LGG202
Escola: Escola Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre (UFAC), Rio Branco (AC).
O que é:
Nesse projeto, revisitamos histórias em quadrinhos e filmes sobre mitos heroicos.
Como fazer:
Nas primeiras aulas sobre as origens da vida, ficou claro que, aos alunos, não bastava saber "de onde viemos" ou "para onde vamos". Eles queriam conhecer a si mesmos, ao outro e se verem representados na história. Desejavam descobrir, desbravar e estudar história como se o cotidiano fizesse parte do passado e o passado estivesse no cotidiano.
Com a grande quantidade de filmes revisitando histórias em quadrinhos e as promoções nas salas de cinemas, alguns alunos conseguiram, constantemente, assistir aos seus filmes favoritos.
A partir dessa situação, surgiu a questão:
Partimos, então, para a exploração das sagas de heróis da história, analisando informações sobre suas épocas e o reflexo de sua atuação na disseminação de conceitos e culturas. Assim o fizemos: de Hércules a Hulk, de Dom Quixote a Sherazade, de Joana D’Arc à Mulher Maravilha.
Outra questão foi proposta:
Nessa busca, utilizamos os pressupostos teóricos de Michel Foucault, Pierre Bourdieu e Emilia Ferreiro, para os quais o sujeito é derivado de saberes, práticas sociais, redes de poderes e ética.
Nesse sentido, nosso projeto buscou fugir dos paradigmas vinculados a sujeitos universais e dos que focalizam o psicológico em processos privados e íntimos.
Além da literatura, foram utilizados multiversos DC Comics e Marvel Comics, bem como as relações de ideologia, poder e alteridade que contribuíram para a transformação e a evolução das HQs.
Para oferecer um maior conhecimento sobre a trajetória das histórias em quadrinhos, realizamos uma pesquisa a respeito do tema "Heróis", abordando características, história, contextualização e evolução.
O método de pesquisa utilizado consistiu na seleção de passagens e momentos da história antiga e de HQs para que fizéssemos a leitura crítica dos seus significados, sempre comparando com o momento político-social do período de edição.
Analisamos as ideologias (de poder e alteridade) presentes nos compromissos político-ideológicos dos personagens e de suas histórias, bem como a abordagem dada a temas sociais.
Logo de início, realizamos reuniões com a equipe executora para alinhamento dos objetivos às necessidades da clientela e à metodologia das aulas.
Com base nos anseios dos alunos, propusemos a estratégia de verificar a saga do herói. Fizemos isso também amparados nos estudos de obras históricas ilustradas como "Eneida", de Virgílio; "Odisseia", de Homero; e das obras "Aladin e o Gênio da Lâmpada" além de histórias em quadrinhos da Marvel Comics e da DC Comics.
Começamos lendo os livros e fazendo debates sobre o assunto, procurando destacar os heróis e suas ações. Em seguida, conversamos sobre as ideias dos autores em relação às obras objetos de leitura.
Fizemos rodas de leitura e debatemos assuntos como a relação do fantástico com o cotidiano e a memória de Sherazade, com sua perspicácia para se manter viva.
Solicitamos ainda o auxílio dos professores de Geografia, Português e Inglês para que, em nome da vertente transdisciplinar do projeto, ajudassem-nos a alcançar diversos objetivos, entre eles:
- fazer os alunos lerem melhor;
- desenvolver neles habilidades com a escrita em língua estrangeira;
- fomentar argumentações, discurso e escrita em língua vernácula;
- promover a discussão sobre o espaço geográfico;
- fomentar a descoberta, no globo, das localidades das sagas históricas e ficcionais.
Tendo o livro "O Herói de Mil Faces", de Joseph Campbell, como base para a busca do "monomito", pensamos em descrever a saga do herói e como ela se relaciona com a construção dos heróis relatados pela história.
A estrutura descoberta por Campbell parte de questões sutis, como a imaginação e os auxiliares sobrenaturais internos e externos para relatar a evolução do herói na direção de patamares mais elevados de consciência.
Saiba mais
A obra "O Herói de Mil Faces", do mitólogo norte-americano Joseph Campbell, não é um livro de aventura nem de ficção; é um livro acadêmico, com foco em estudos comparativos das mitologias de todas as partes do mundo.
Para Campbell, todas as histórias e os heróis e as heroínas que protagonizam os mitos são variações de uma única história, de um único herói. Esse seu conceito revolucionário, chamado de “monomito”, expõe a ideia de que, por trás de todas as mitologias, existe a mesma sequência de etapas que acontecem e/ou são realizadas por todos os heróis.
A fim de entender o que essas histórias revelavam sobre culturas e seres humanos, Campbell criou uma sequência sobre escrita e roteiros que ficou conhecida como "A Jornada do Herói".
Esse esquema deu origem a várias histórias da literatura e do cinema, como "Star Wars", "Alice no País das Maravilhas", "Harry Potter", "Senhor dos Anéis" e "Jogos Vorazes".
Campbell propôs um círculo em que a jornada começa e termina no mundo normal do herói, embora a missão passe por um mundo especial, desconhecido.
Ao longo do caminho há alguns eventos e desafios decisivos para o herói até que ele volte a uma situação de normalidade num patamar superior, com sua vida tendo sido mudada pela missão pela qual passou. Com todas as tramas do enredo resolvidas, ele retorna à vida normal; desta vez, elevada a outro nível.