Educação Física Adaptada: análise, reflexão e ação
Esta prática buscou o aprofundamento teórico e a vivência nos esportes adaptados aos deficientes, realizando intervenção em situações-problemas diagnosticadas inicialmente. Além disso, teve como objetivos refletir sobre a condição de opressão histórica percebida por pessoas com deficiência, vivenciar os esportes adaptados para pessoas com deficiência e avaliar o nível de acessibilidade no centro comercial de Corrente intervindo na realidade social local.
Durante o ano letivo.
Materiais:- DataShow;
- televisão;
- filmes;
- livros;
- pincéis;
- quadro acrílico;
- bolas com guizo;
- cadeiras de rodas;
- muletas;
- vendas.
LGG – Competência 3 | Competência 5
Habilidades trabalhadas:EM13LP25; EM13LGG305; EM13LGG501; EM13LGG502; EM13LGG503; EM13LP25.
Professor(a) responsável: Leonardo Coelho de Deus Lima.
O que é:
Motivado por leituras de textos do educador Paulo Freire, comecei a me questionar sobre como poderia, na condição de professor de Educação Física, ajustar minha prática pedagógica para torná-la politicamente comprometida com a realidade social dos meus alunos.
Após um diálogo com eles, percebi a importância de intervir numa situação-problema vivenciada pela população local: o desrespeito aos direitos das pessoas com deficiência.
Surgiu, assim, a ideia desenvolver o projeto “Educação Física Adaptada: análise, reflexão e ação”.
Como fazer:
O projeto foi organizado em cinco etapas, elencadas a seguir.
Fizemos uma pesquisa de campo para avaliar a acessibilidade no centro comercial de Corrente. Organizei os alunos em grupos de sete ou oito integrantes.
Cada grupo experimentou uma determinada deficiência física. Enquanto uns utilizaram vendas para simular a deficiência visual, outros usaram cadeiras de rodas ou muletas para simular a deficiência motora.
Todos os alunos envolvidos trocaram de grupo para diversificar as experiências. A ideia foi fazê-los perceber/sentir as dificuldades vivenciadas cotidianamente pelas pessoas com deficiência.
Avaliamos a existência e a funcionalidade das rampas para cadeirantes, a presença de corrimãos para pessoas com baixa mobilidade, a existência de sinais sonoros e pisos táteis para cegos e a conservação das sinalizações horizontais e verticais nas vagas de estacionamento para pessoas com deficiência.
Após a pesquisa de campo, voltamos à sala de aula para aprofundamento teórico e para discutirmos a experiência realizada.
Constatamos que a maior parte dos estabelecimentos existentes no centro comercial de Corrente não atendia às exigências da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) e, por consequência, não respeitava a Constituição Nacional, uma vez que impedia o direito de ir e vir do cidadão.
Encontramos calçadas esburacadas, estreitas, com poucas rampas de acesso e com acúmulo de lixo. Percebemos também a inexistência de sinais sonoros e de piso tátil.
Após o debate sobre as experiências vivenciadas na pesquisa de campo, assistimos ao documentário "Homo Sapiens: 1900". O objetivo foi entender como o discurso de eugenia, iniciado na Inglaterra, influenciou negativamente o trato à pessoa com deficiência.
Nessa fase, contamos com a colaboração do professor de Sociologia, que falou sobre ética e respeito à diversidade.
Conhecemos e praticamos alguns esportes adaptados para pessoas com deficiência. Foram eles: futebol de cinco (para deficientes visuais), atletismo em dupla (para deficientes visuais), goalball (para deficientes visuais), voleibol sentado (para deficientes motores) e basquetebol para cadeirantes (para deficientes motores).
Na prática de esportes adaptados para pessoas com deficiência, os alunos perceberam a importância de saber explorar todos os sentidos possíveis numa situação de limitação. Ao término das práticas esportivas, conversamos sobre as sensações e as dificuldades percebidas.
Essa fase foi marcada pela realização de uma audiência pública, na qual os alunos reivindicaram de autoridades – vereadores, assessor do prefeito, promotora de Justiça e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Associação Comercial – soluções para os problemas de mobilidade urbana e acessibilidade identificados.
Ao término da audiência, algumas deliberações foram acordadas, como a construção e/ou adequação de rampas de acesso em estabelecimentos comerciais e a revitalização de algumas calçadas e sinalizações horizontais e verticais para vagas de estacionamento a deficientes.
A última etapa do projeto foi marcada por uma passeata na cidade, em parceria com o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
A atividade buscou chamar a atenção da população para os problemas vivenciados por pessoas com deficiência.
Saímos pelas ruas distribuindo panfletos, e também usamos cartazes, faixas e carro de som para mobilizar a população.
Saiba mais
As etapas de realização do projeto não foram organizadas por grau de dificuldade, mas foram encadeadas para estimular o interesse dos alunos, intercalando momentos de vivência com atividades de leitura e debate.
De acordo com o método de Paulo Freire, adotamos a estratégia de partir do concreto ao abstrato, para concluir com o concreto pensado.
Além do documentário já citado anteriormente, discutimos em sala de aula textos do livro: "A Epopeia Ignorada: a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje".