Auschwitz: 70 anos depois e o discurso do silêncio
Esta prática teve como objetivo constituir um método de pesquisa que possibilitasse aos alunos compreenderem as condições do discurso em cartas escritas em campos de concentração e considerar os condicionantes sociais, históricos e ideológicos da produção dos enunciados, utilizando conceitos da análise do discurso de linha francesa.
No decorrer do ano letivo.
Materiais:
- livros;
- filmes;
- documentos epistolares.
LGG – Competência 1; Competência 3
CHS – Competência 1; Competência 5
Habilidades trabalhadas:
EM13LGG101; EM13LGG102; EM13LGG103; EM13LGG302; EM13CHS101; EM13CHS102; EM13CHS103; EM13CHS502; EM13CHS503; EM13LGG101; EM13LGG102; EM13LGG103; EM13LGG302; EM13CHS101; EM13CHS102; EM13CHS103; EM13CHS502; EM13CHS503; EM13LP03; EM13LP05; EM13LP07;
Escola: EEEFM Professor Getulio Cesar Rodrigues Guedes, Pedras de fogo (PB).
O que é:
Este projeto surgiu associado à passagem dos 70 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, evento histórico marcado pela ocorrência de um dos maiores genocídios na história da humanidade.
Como fazer:
Após aplicação de sondagem avaliativa, percebi uma grande deficiência dos alunos na produção escrita. Observei neles, ainda, timidez e falta de vocabulário.
Durante uma semana, vimos fotos e vídeos sobre a Polônia, fato que despertou interesse pelo conteúdo.
Propus, então, uma rodada de leitura, escrita e debates sobre a 2ª Guerra Mundial.
As obras escolhidas para leitura foram "Holocausto", de Ben Abrahan; "Os Nazistas e a Solução Final", de Mark Roseman; "A Assustadora História do Holocausto", de Michael R. Marrus; "O Holocausto: uma história dos judeus da Europa durante a Segunda Guerra Mundial", de Martin Gilbert; "História da Gestapo: tráfico e crimes", de Jacques Delarue; e "Auschwitz – o Testemunho de um Médico", do Dr. Miklos Nyiszli.
As leituras foram distribuídas por grupos de quatro alunos. Cada aluno seria responsável pela leitura e pelo fichamento de seu respectivo capítulo.
Semanalmente, eu sanava dúvidas sobre o andamento da leitura e da produção escrita.
Adicionalmente, reservamos momentos para vermos e discutirmos filmes. Essas atividades foram completadas com a realização de seminários.
A segunda etapa do projeto consistiu na leitura de alguns teóricos para que os alunos compreendessem a formação discursiva em documentos epistolares.
Para tanto, utilizamos, por exemplo, os estudos teóricos do sujeito, com base em textos de Bauman; e as formas de interdição e controle do discurso, a partir dos postulados de Michel Foucault em "A Ordem do Discurso". Também consultamos a obra "As Formas do Silêncio", de Eni Orlando.
Esses livros foram fundamentais para começarmos a entender a constituição do "sujeito judeu" a partir de seus registros escritos em campos de concentração.
Na sequência, organizei e apresentei um seminário em que discutimos os mecanismos de controle do discurso nos campos de concentração.
O seminário ministrado usou como uma referência o artigo “A Palavra Interditada nas Cartas de Campos de Concentração Nazista”, apresentado durante o 3º Colóquio Nacional de Linguagem e Discurso, realizado em 2013 na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).
A terceira etapa do projeto teve como prioridade a análise de alguns documentos epistolares do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. A atividade foi importante para que os alunos produzissem seus textos de opinião.
Na quarta etapa, buscamos compreender mais o "sujeito prisioneiro" e sua historicidade, utilizando, para tal, os registros feitos no campo.
Com base nos documentos traduzidos, percebemos os mecanismos de interdição do "dizer" e os meios que geraram essa situação. Assim, notamos "mais dizeres" em seu silenciamento.
Observamos essa prática nas cartas escritas nos campos de Sachenhausen (Alemanha), Gusen (Áustria), Dachau (Alemanha) e Auschwitz (Polônia). A etapa foi finalizada quando os alunos produziram textos de opinião, entrevistas e memórias.
Na quinta e última etapa já havia uma mudança de atitude dos alunos em relação à leitura e ao interesse pelo gênero "carta".
Para o fechamento do projeto, reproduzimos um campo de concentração no corredor de acesso à biblioteca, usando madeira e arame farpado.
Montamos dois ambientes de visitação. A biblioteca serviu para exibirmos todo o material trabalhado no projeto, como documentos epistolares, livros, filmes e cartas. Já o laboratório foi o ambiente de apresentação dos resultados das leituras e de fala sobre a ideologia nazista, personagens e experiências feitas em humanos dentro dos campos de concentração.
Saiba mais
No desenvolvimento do projeto, utilizamos a seguinte filmografia:
"A lista de Schindler";
"O Pianista";
"O Diário de Anne Frank";
"O Menino do Pijama Listrado";
"Bastardos Inglórios";
"Operação Valquíria";
"A Queda: as últimas horas de Hitler";
"A Resistência";
"Auschiwitz: a fábrica da morte do império nazista";
"The Nazis: um alerta da história";
"Auschwitz: the nazis & the final solution";
"Hitler at War: 1939-1945 (a newsreel history);
"Memory of the Camps".