"A dinâmica social contemporânea nacional e internacional, marcada especialmente pelas rápidas transformações decorrentes do desenvolvimento tecnológico, impõe desafios ao Ensino Médio. Para atender às necessidades de formação geral, indispensáveis ao exercício da cidadania e à inserção no mundo do trabalho, e responder à diversidade de expectativas dos jovens quanto à sua formação, a escola que acolhe as juventudes tem de estar comprometida com a educação integral dos estudantes e com a construção de seu projeto de vida." (BNCC, 2018, p. 464)

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Auschwitz: 70 anos depois e o discurso do silêncio

Competência 1 | Competência 3 | Competência 5
Área(s):Linguagens; Ciências Humanas e Sociais.

Esta prática teve como objetivo constituir um método de pesquisa que possibilitasse aos alunos compreenderem as condições do discurso em cartas escritas em campos de concentração e considerar os condicionantes sociais, históricos e ideológicos da produção dos enunciados, utilizando conceitos da análise do discurso de linha francesa.

Quando:
No decorrer do ano letivo.
Materiais:
  • livros;
  • filmes;
  • documentos epistolares.
Competências específicas:
LGG – Competência 1; Competência 3
CHS – Competência 1; Competência 5
Habilidades trabalhadas:

EM13LGG101; EM13LGG102; EM13LGG103; EM13LGG302; EM13CHS101; EM13CHS102; EM13CHS103; EM13CHS502; EM13CHS503; EM13LGG101; EM13LGG102; EM13LGG103; EM13LGG302; EM13CHS101; EM13CHS102; EM13CHS103; EM13CHS502; EM13CHS503; EM13LP03; EM13LP05; EM13LP07;

Professor(a) responsável: Plinio Pereira Filho.
Escola: EEEFM Professor Getulio Cesar Rodrigues Guedes, Pedras de fogo (PB).

O que é:

Este projeto surgiu associado à passagem dos 70 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, evento histórico marcado pela ocorrência de um dos maiores genocídios na história da humanidade.

Como fazer:

Após aplicação de sondagem avaliativa, percebi uma grande deficiência dos alunos na produção escrita. Observei neles, ainda, timidez e falta de vocabulário.

Durante uma semana, vimos fotos e vídeos sobre a Polônia, fato que despertou interesse pelo conteúdo.

Propus, então, uma rodada de leitura, escrita e debates sobre a 2ª Guerra Mundial.

As obras escolhidas para leitura foram "Holocausto", de Ben Abrahan; "Os Nazistas e a Solução Final", de Mark Roseman; "A Assustadora História do Holocausto", de Michael R. Marrus; "O Holocausto: uma história dos judeus da Europa durante a Segunda Guerra Mundial", de Martin Gilbert; "História da Gestapo: tráfico e crimes", de Jacques Delarue; e "Auschwitz – o Testemunho de um Médico", do Dr. Miklos Nyiszli.

As leituras foram distribuídas por grupos de quatro alunos. Cada aluno seria responsável pela leitura e pelo fichamento de seu respectivo capítulo.

Semanalmente, eu sanava dúvidas sobre o andamento da leitura e da produção escrita.

Adicionalmente, reservamos momentos para vermos e discutirmos filmes. Essas atividades foram completadas com a realização de seminários.

A segunda etapa do projeto consistiu na leitura de alguns teóricos para que os alunos compreendessem a formação discursiva em documentos epistolares.

Para tanto, utilizamos, por exemplo, os estudos teóricos do sujeito, com base em textos de Bauman; e as formas de interdição e controle do discurso, a partir dos postulados de Michel Foucault em "A Ordem do Discurso". Também consultamos a obra "As Formas do Silêncio", de Eni Orlando.

Esses livros foram fundamentais para começarmos a entender a constituição do "sujeito judeu" a partir de seus registros escritos em campos de concentração.

Na sequência, organizei e apresentei um seminário em que discutimos os mecanismos de controle do discurso nos campos de concentração.

O seminário ministrado usou como uma referência o artigo “A Palavra Interditada nas Cartas de Campos de Concentração Nazista”, apresentado durante o 3º Colóquio Nacional de Linguagem e Discurso, realizado em 2013 na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).

A terceira etapa do projeto teve como prioridade a análise de alguns documentos epistolares do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. A atividade foi importante para que os alunos produzissem seus textos de opinião.

Na quarta etapa, buscamos compreender mais o "sujeito prisioneiro" e sua historicidade, utilizando, para tal, os registros feitos no campo.

Com base nos documentos traduzidos, percebemos os mecanismos de interdição do "dizer" e os meios que geraram essa situação. Assim, notamos "mais dizeres" em seu silenciamento.

Após uma longa discussão sobre as formas de silêncio nos documentos epistolares, os alunos notaram que havia uma mesma materialidade discursiva na produção epistolar dos campos.

Observamos essa prática nas cartas escritas nos campos de Sachenhausen (Alemanha), Gusen (Áustria), Dachau (Alemanha) e Auschwitz (Polônia). A etapa foi finalizada quando os alunos produziram textos de opinião, entrevistas e memórias.

Na quinta e última etapa já havia uma mudança de atitude dos alunos em relação à leitura e ao interesse pelo gênero "carta".

Para o fechamento do projeto, reproduzimos um campo de concentração no corredor de acesso à biblioteca, usando madeira e arame farpado.

Montamos dois ambientes de visitação. A biblioteca serviu para exibirmos todo o material trabalhado no projeto, como documentos epistolares, livros, filmes e cartas. Já o laboratório foi o ambiente de apresentação dos resultados das leituras e de fala sobre a ideologia nazista, personagens e experiências feitas em humanos dentro dos campos de concentração.

Saiba mais

No desenvolvimento do projeto, utilizamos a seguinte filmografia:

"A lista de Schindler";

"O Pianista";

"O Diário de Anne Frank";

"O Menino do Pijama Listrado";

"Bastardos Inglórios";

"Operação Valquíria";

"A Queda: as últimas horas de Hitler";

"A Resistência";

"Auschiwitz: a fábrica da morte do império nazista";

"The Nazis: um alerta da história";

"Auschwitz: the nazis & the final solution";

"Hitler at War: 1939-1945 (a newsreel history);

"Memory of the Camps".